domingo, 2 de dezembro de 2018

Taquaril( Maria Antônia)

 Linda trilha na região do Brejal, no conjunto de montanhas conhecido como Serra do Taquaril.

O Taquaril com os seus 1.869 metros de altitude é a montanha mais alta desta serra e chama bastante atenção pelo seu formato que lembra um vulcão. Ela pode ser vista de grande parte da cidade de Petrópolis. Sua caminhada é relativamente curta e bastante íngreme. A trilha até seu cume passa por pasto, mata, subidas exigentes até chegar no ombro da montanha e em sequência, a longa crista que leva para o seu belo cume. De lá, podemos observar a cidade e as montanhas de um ângulo totalmente diferente. Especialmente para a Serra dos Órgãos e Maria Comprida. Sem falar das montanhas de Teresópolis e Friburgo- onde encontra-se muitas montanhas da região dos Três Picos de Friburgo.
       
O imponente Taquaril. Foto de Alexandre Milhorance.
    Um outro lugar...

 O Taquaril é uma linda montanha localizada ao norte a partir da cidade imperial. Faz parte da Serra do Taquaril e é o cume mais alto dessa região. Para chegar até lá, os participantes devem seguir para a Posse e depois pegar a estrada do Brejal. Estando no Brejal, siga para a rua ''Arnaldo Dyckerhoff'' até chegar no comércio do Juriti. A caminhada tem início na Fazenda Girassol da Laje. Siga atento as placas com os girassóis até chegar na fazenda. Peça permissão para fazer a trilha. Traga todo o seu lixo e retire o que encontrar lá. Respeita os animais, a natureza e a propriedade alheia!

Depois de conversar com o Anderson Medeiros, decidimos fazer uma caminhada para conhecer essa montanha. Combinamos tudo e avisei ao Anderson que levaria o Davi Moura conosco.  Combinamos o local de encontro na entrada do Carangola por volta das 07:00 horas da manhã do dia 6 de Outubro de 2017, sexta-feira . Data fácil de lembrar pois, nesse dia, era o vigésimo segundo aniversário de minha irmã Thainá. Com tudo organizado e acompanhado do Davi, seguimos a pé até a entrada do Carangola, onde combinamos de encontrar o Anderson. E as 07:00 em ponto chegamos lá. Anderson já estava a nossa espera, com o carro estacionado no canto da rua. Cumprimentei ele e apresentei o Davi. Por sua vez, Anderson nos apresentou a sua mulher,a Adriana. Entramos no carro e fomos para o banco de trás. Anderson pisou no acelerador e seguimos então para o nosso destino do dia. Conversamos muito durante o caminho. Davi e Adriana ficavam apenas ouvindo, pois Anderson e eu falávamos da travessia Petrópolis - Teresópolis e da nossa ida a Maria Comprida, no inesquecível 03 de setembro de 2017. Foi uma experiência tão fantástica que jamais esqueceremos. Anderson também compartilhava da imensa realização de fazer a travessia. Eu notei que ele falava com muito entusiasmo. Fui perceber que ele foi lá um dia depois que eu retornei. Na ocasião, fui com o casal de amigos do Rio de Janeiro: Roger Soares e Neusa Marie. O assunto estava tão bom e prazeroso que não demorou muito e começamos a falar dos Portais de Hércules. Tempos depois na pista, Anderson parou o carro e Adriana se despediu de nós. Ela ia trabalhar. E eu podia jurar que ela também iria conosco. Passei para o banco do carona, coloquei o cinto de segurança e então seguimos para o Brejal. Já a caminho do Brejal, a estradinha começou a subir um pouco. Reparei algumas placas que indicavam o '' Circuito Turístico Pedras do Taquaril ''.  Assim que trocamos o asfalto por terra, dei uma vacilada, pois estava usando o ''Guia de Trilhas de Petrópolis'' para nos guiar lá. Nenhum de nós conhecia o lugar. O carro manobrou e pegamos o caminho certo. Me esforcei um pouco mais para não dar outra bobeira e também por conta do tempo. Pouco depois, pedimos informações para alguns jardineiros, moradores e comerciantes para poder chegar a fazenda. Felizmente, a região além de ser bela,era lugar de gente simples e receptivas. Nos ajudaram bastante. Finalmente chegamos ao portão da fazenda.
   
Davi e Anderson no portão da fazenda.
 Saímos do carro e esticamos os nossos esqueletos depois de ficarmos um bom tempo sentados nos bancos. Sem tempo a perder, começamos a chamar para que alguém pudesse aparecer e nos atender. Alguns minutos se passaram e então apareceu. Caminhou em nossa direção acompanhado de dois cachorros que latiam freneticamente. Quando o homem chegou ao portão, cumprimentamos ele de forma simpática e educada. Pedi permissão para poder fazer a trilha do Taquaril e para minha surpresa, ele disse que a trilha do Taquaril era '' lá embaixo'', se referindo claramente a outras montanhas da região que o acesso não era por ali. Mas rapidamente disse a ele que estávamos no lugar certo. Reforcei que conhecíamos essa montanha por mais de um só nome. Aproveitei e falei que queríamos fazer a trilha da Maria Antônia. Foi aí que nos entendemos e o Valdir permitiu a nossa entrada.

 Hora de caminhar!

Iniciamos a nossa caminhada e o tempo estava praticamente nublado. Era bem cedo e eu sabia que era uma trilha curta. Olhei para o paredão da montanha, mas só vi a metade. Prosseguimos pela fazenda com a companhia dos dois cachorros que, apesar de parecerem bravos, queriam mesmo era dar uma voltinha. Com Davi e Anderson, passei por perto de inúmeras araucárias lindas.  Depois descemos num largo a nossa direita até passar por um riacho seco por conta da falta de chuvas. Enquanto caminhava,ficava bem atento a beleza do local. Continuamos andando e passamos por uma porteira e chegamos num lindo pasto. Sem dúvida foi o pasto mais lindo que tinha visto na vida.  Anderson e Davi também gostaram muito daquele lugar.  O lugar tinha uma vegetação rasteira bem verdinha, com os mais variados tons.  Era salpicado e haviam muitos blocos de granito espalhados por lá. Além disso, era também acompanhado de muitas araucárias, alguns pinheiros e o paredão da montanha ao fundo. Agora, com a melhora no tempo, ele se mostrava desafiador e imponente.

O lindo pasto com o paredão ao fundo.
 Bem animados iniciamos a subida do pasto indo um pouco mais para a esquerda, perto de uma cerca de arames. Depois, fomos para o meio do pasto e continuamos a subir. Os cachorros começaram a latir e então vi um grupo de bois e vacas na parte mais alta do pasto, bem perto do início da trilha na mata. Todos pareciam ser adultos, por conta da distância. Seguimos em frente e então vi que junto do grupo, haviam dois filhotes. Fiquei meio tenso depois de lembrar da agressividade dos bovinos por conta dos filhotes. Não demorou muito e os cachorros começaram a latir e enfrentar os bovinos, que por sua vez, abaixavam a cabeça e avançavam com os chifres pontiagudos contra os cães. Aproveitamos essa distração e fomos o máximo possível para a direita, para poder dar a volta e sair por trás deles. A distância era muito curta e o que eu não queria para esse dia seria correr dos bovinos estressados. 
A caminho da encrenca.
  Após sair um pouco de vista, pegamos um ar e vimos que faltava pouco pra sair do pasto. Sentei numa convidativa pedra, abaixei a cabeça e comecei a relaxar. De repente, ouvi alguns trotes  e quando me dei conta, os donos do pedaço já estavam reunidos para uma ofensiva. Levantei rapidamente e atravessei a cerca de arames correndo. Davi fez o mesmo.  Anderson foi o último a passar. Fiquei espantado com a calma dele com cinco bovinos furiosos atrás dele enquanto passa mochila, bastão e câmera para nós antes de atravessar.
Nada amigáveis...
 Passado esse momento de tensão, demos boas risadas e então seguimos em frente. Entramos na mata e logo surgiu uma trilha a esquerda. Pegamos a trilha da direita e contornamos uma pedra. Depois seguimos na linha da trilha passando por muitas trilhas insipientes que apareciam por todos os lados.  Nos mantemos na atual e lá fomos nós. Davi ia na nossa frente nesse trecho e me informou que a trilha estava fechada.  Passei por ele para verificar. Por pouco não fomos enganados por um pouco de mato alto e caminhos d'água na trilha. Por precaução, já estava com o facão em mãos.  Pegamos a trilha e começamos a subir. O trecho era íngreme e toda hora a gente pulava para passar de galhos e algumas árvores caídas pelo caminho. De tempo em tempo, a gente parava pra retomar o fôlego e aproveitava para tomar uma água. Assim que voltamos, subimos um pouco mais e avistamos o paredão da montanha um pouco mais próximo de nós.
Paredão infestado de bromélias.
 Ao voltar para a trilha, passamos por bromélias imensas e algumas flores que nunca havia visto. Também notei que o calor já estava deixando a caminhada um pouco mais exigente.
Bromélias na trilha.
Belezas da trilha.
                                                  Depois de algumas paradas para papo, lanche e fotos, saímos da mata e pegamos o ombro da montanha. Seguimos para direita mais um vez, em direção a subida que nos levaria até o cume. Iniciamos a subida mais íngreme e exigente do dia por conta da inclinação e do calor. Vencíamos tudo de pouco a pouco. Mesmo num ritmo leve e calmo, o clima nos fazia parar diversas vezes. Sem dúvida esse desnível de 290 m  a partir do ombro da montanha  foi a nossa pedra no sapato. Disse aos meus amigos que estava achando a subida dessa trilha mais puxada e exigente que a do Alcobaça. Com bastante determinação, voltamos no arranque com o límpido céu azul e o sol nos castigando.  Ficamos bem expostos nesse trecho quase sem sombra e bastante escorregadio. Em vários pontos tivemos a ajuda da própria vegetação para poder continuar subindo. A todo momento eu me preocupava em não arrancar galhos ou raízes.Avisei aos meus amigos para que tomassem o mesmo cuidado. 
Davi e Anderson na subida.
 Numa das paradas para descansar, notei que estávamos acima da altitude do Cantagalo e que faltava pouco para o cume. Andei mais um pouquinho e percebi que a inclinação começou a ceder, a visão ampliar e então chegamos ao cume. Foi aliviante e emocionante chegar ao tão desejado cume do Taquaril. Antes, eu só a via de longe. Anderson e Davi chegaram no meu encalço e então nos cumprimentamos.  Fomos lanchar e dividimos com os nossos cães de guarda. Antes mesmo de começar a tirar fotos e gravar meus vídeos, limpei o que sobrou de uma antiga fogueira e usei as pedras para fazer um totem.
Antes.
Depois.

Não façam fogueiras. Fogueiras são as maiores causas de incêndios florestais que levam a destruição da fauna, flora e também do solo.
RESPEITE O MEIO AMBIENTE!!


Visão do cume para Terê - Fri.
Vista para a cidade imperial.

  Fiquei satisfeito em fazer o totem e retirar a poluição visual da fogueira. Além de ter ficado mais bonito, não prejudicava o ambiente e era estratégico.  Montei ele  a poucos metros de onde começa a trilha que dá acesso ao cume.  Com Davi e Anderson, andei pelo cume e fizemos bastante fotos do lugar. O cume era amplo e arbustivo, com um visual bem bacana e diferente da região.

Serra do Cantagalo e Serra dos Órgãos. Foto: Anderson Medeiros.
  Mas certamente a montanha que se mostrava mais impressionante era a Maria Comprida, com os seus 1.929 m dominando a Serra das Araras.  

Maria Comprida no centro da imagem. Foto: Anderson Medeiros.

 Depois de admirar por um tempo a parede vertical da Maria Comprida fui registrar os meus amigos.
Davi e Anderson.
 Também participei das fotos para levar de recordação...
Anderson e eu.
 Mais algumas fotos...


Nosso companheiro fiel de quatro patas.

Davi e eu.

Eu com o totem.

 Linda orquídea.
Bastante satisfeitos, decidimos que era hora de voltar. Eu concordava sem pensar, pois o calorão vinha com tudo. Saímos na hora certa.
  
Descendo a trilha.
Ainda na descida.

A descida da trilha foi uma das melhores que tive na vida. Junto dos cachorros, do lindo visual e dos meus amigos, aproveitamos cada momento. E o papo ainda era muito bom e produtivo.  Fiquei super feliz de sentir que estava muito bem acompanhado e curtindo um dia incrível na
montanha.


Assim que saímos da crista, retornamos a mata e passamos pelos mesmos obstáculos da ida. Nesse trecho tinha sombra para nos aliviar do sol. Chegamos ao pasto e vimos que os bovinos estavam lá embaixo, distantes de nós. Aproveitamos para descansar e fizemos mais algumas fotos no pasto. Pelo menos deu pra fazer tudo com tranquilidade desta vez.

Anderson e eu.
Davi e eu.


 Descansados, seguimos descendo o pasto com bastante atenção. Mas tudo foi tranquilo. O grupo de bovinos apenas nos encarou de longe e continuaram a pastar.  Chegamos na rua da fazenda e não vimos o Valdir lá.
Queríamos agradecer.

Pelo menos conseguimos nos despedir dos cachorros que nos acompanharam durante quase todo o dia.  Seguimos para o carro de Anderson e colocamos as nossas mochilas lá. Não entramos de imediato, pois estava bem quente lá dentro. Enquanto isso, Anderson abria um pote com algumas bananas. Nos ofereceu e pegamos sem pensar. Caiu muito bem!
Minutos depois entramos no carro e pegamos o caminho de volta, depois de um dia belo e um pouco cansativo. Eu voltei meio que dormindo e conversando ao mesmo tempo.  Falamos sobre algumas trilhas que poderíamos fazer. Cochilei mais uma vez e quando acordei o Davi me alertou para tomar cuidado ou eu iria acabar perdendo a minha boina. Ao ouvir isso perdi até o sono. Anderson de forma gentil e generosa nos levou até em casa. Agradecemos muito a ele pela oportunidade que nos deu, assim como a sua companhia nesse dia. Apesar de cansados, todos estavam felizes e satisfeitos. Foi uma sexta-feira pra lá de especial!


                           
                                                         

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