sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Pedra do Inferno

A maior montanha da Serra da Estrela.

Uma longa caminhada que nos leva até a maior elevação da Serra da Estrela, com os seus 1.756 m de altitude. Sua trilha é pouco frequentada passando por fios d'água e uma exuberante mata nativa. O seu cume fica tão projetado para fora da linha da Serra da Estrela que de lá é possível ver o último pico escarpado da Serra dos Órgãos: o Escalavrado. Do cume vale a pena ir até o mirante para dar uma boa olhada no maciço rochoso da Serra dos Órgãos de um ângulo bem interessante.
Pedra do Inferno.
 Mais um dia na trilha.

Por volta das 04h30 da manhã, o despertador começou a tocar. Ainda sonolento, levantei para desativar o alarme. Fui ao banheiro lavar o rosto e depois até a cozinha. Fiz um café delicioso para despertar de vez. Já arrumado, fui ao quarto pegar a minha modesta mochila escolar - que tem quebrado muito o meu galho-, e verifiquei se estava tudo certo. Toda noite que antecede a próxima trilha, eu aproveito para deixar o lanche, agasalho,protetor solar e o facão improvisado num cordelete, entre outras coisas. Isso me garante algumas horas a mais de sono. Ao sair de casa, tranquei a porta e subi as escadas. Já na rua, aguardei pacientemente a chegada do ônibus para o centro da cidade. Embarquei por volta das 05h30 da manhã. Fui curtindo o caminho olhando o início do amanhecer pela janela enquanto escutava algumas músicas do The Verve e Oasis. Já na cidade, fui para o ''ponto de madeira'' na ''praça do Skate''( Praça Duque de Caxias) aguardar a chegada do Alexandre. Sentei em frente a placa indicativa do ônibus que nos levaria ao acesso da trilha. Era o 470, Santa Isabel, no Caxambu. Enquanto esperava, observava a calmaria da cidade naquela refrescante manhã. Passavam  poucos automóveis e algumas pessoas numa correria tremenda. O dia estava agradável e trazia consigo uma ótima energia. Depois de alguns minutos sentado lá no banquinho com o fone de ouvido em alto e bom som, um rosto conhecido se aproximou. Era o Rogério, carinhosamente conhecido por ''Gerinho''. Figurinha fácil e muito divertido. Conversamos um pouco e voltei a observar a tranquilidade do  lugar.

Uma surpresa agradável...

Enquanto observava o movimento da cidade, um homem caminhava em minha direção. Quando ele chegou mais perto, me cumprimentou e eu já sabia quem era. Roberto Bessa, trilheiro e apaixonado por fotografias. Até então, éramos amigos virtuais.
https://fotoseaventura.blogspot.com
Roberto Bessa.
↱ https://fotoseaventura.blogspot.com ↰
Sentados no ponto, batemos um papo. Falamos sobre trilhas e ele disse que iria ao Cobiçado. Após o papo, voltei a ficar no meu canto. Notei que Roberto mexia no celular, bem atento. Passou- se um tempo e então uma moto parou na rua, bem na minha frente. Como estava relaxado e viajando nas músicas, cheguei a tomar um susto. Era o Alexandre Milhorance. Ele usava uma camisa vermelha e veio me cumprimentar. Eu não tirava o olho do misterioso motociclista. Soube pelo meu amigo que ele iria conosco para a trilha. Nos apresentamos e descobri o nome dele: Uilson Junqueira!
Depois de outro breve papo, Uilson foi procurar um lugar para deixar a moto e ir conosco no ônibus. Ao lado de Alexandre, subimos a rua pelo canto da calçada até chegar num ponto perto de uma padaria.  Uilson reapareceu e juntou-se a nós no ponto. Ele era um cara divertido - e um tanto doido-, que nos fazia rir pra valer. Peguei carona e comecei a falar algumas bobagens também. Quem salvava o trio era o Alexandre. Pelo menos, enquanto não se manifestava...
Não consigo lembrar de tudo, mas tem cada pérola que Alexandre soltava nas trilhas que eu sentia a barriga doer de tanto que gargalhava. Numa trilha em Araras ( Morro do Palmares x Morro do Careca) fizemos uma ''baderna'' no ônibus logo cedo na companhia dele, dos primos e alguns amigos.
 Depois da conversa fiada matinal, tomamos o ônibus e começamos a subir o Caxambu. E voltamos a falar novamente. Aproveitei alguns momentos para olhar a paisagem e pegar o vento refrescante que entrava pela janela. Antes de chegar ao ponto final para desembarcar, ficamos por mais de 10 minutos esperando o motorista e o cobrador. Foram na padaria tomar um café e nos deixaram lá a vontade. Esperamos de forma paciente até eles voltarem. Novamente o ônibus começou a subir e saltamos no ponto final do Santa Isabel. 

Rumo ao acesso da trilha.

Iniciamos a caminhada do ponto final para o início da trilha. Logo no começo, passamos por uma van. Em volta do veículo e bem agitados, um grupo grande se organizava para iniciar a caminhada.  Eles vinham logo atrás de nós. Apertamos o passo para abrir uma distância e também para evitar a água dos regadores das áreas de plantação. Atravessamos a cerca e cruzamos o pequeno riacho. Andamos um pouco até parar numa área próxima do riacho para fazer alguns ajustes. Alexandre enchia seus recipientes de água e Uilson mexia no próprio calçado.
Alexandre pegando água.
Uilson mexendo no seu tênis.
 Enquanto eles se organizavam, eu dei uma olhada e vi o Pico do Alcobaça ao longe. Fiquei admirando a montanha um pouco.
Cume cônico do Alcobaça
 Com tudo pronto, voltamos a trilha e rapidamente chegamos ao Alto da Ventania.

Como se fosse a primeira vez.

É sempre agradável chegar ao Alto da Ventania. Seja pela travessia Cobiçado- Ventania, de tarde ou a noite. Eu nunca tinha chegado lá pela manhã. Foi a primeira vez. Estava tudo muito calmo, apenas com as árvores balançando, vento suave e o canto dos pássaros. Fiquei feliz por ter experimentado esse momento. Certamente foi a melhor chegada naquele lugar. Subimos a trilha no total de 1h. Fomos até a árvore solitária que fica ao Sul de quando se chega ao Ventania, perto da subida que leva ao Contra-Forte, ao Norte. Já ao Sul, a Pedra do Inferno se destacava com a sua imponência. Sentei numa das pedras que ficam em volta da árvore  e admirei toda a paisagem ao meu redor.  Alexandre pegou sua câmera na mochila e começou a fazer algumas fotos. Uilson pra variar, continuava a falar bobagens e nos fazia rir. Aproveitando o momento de descanso, peguei um pacote de biscoito sabor morango e comecei a comer. Apesar de não ser saudável, era delicioso. Ofereci aos rapazes que aceitaram alguns. Eu comi a maioria, estava com uma fome tremenda. Ainda sentado e curtindo bastante o lugar, vi Uilson pedindo ao Alexandre para fazer algumas fotos dele. Voltei a atenção para o maciço da Serra dos Órgãos e Pico Maior de Magé enquanto o vento refrescava  meu rosto e o calor aquecia meu corpo. Ao ouvir uma agitação, olhei para a trilha e vi que o grupo que subiu atrás de nós havia chegado. Eles estavam bem animados. Eles exploraram o cume e depois vieram nos cumprimentar. Reuniram-se também perto da árvore para bater papo e lanchar.  Meus amigos voltaram até onde eu estava e conversamos um pouco. Foi nesse momento que Alexandre fez um registro meu bem bacana - que eu tentei evitar.
Espontâneo
Foto: Alexandre Milhorance
 Enquanto a gente descansava mais um pouco, um dos rapazes do grupo veio conversar conosco. Falamos das montanhas da serra e no final ele pegou o número do Alexandre. Já descansados e preparados para seguir em frente, avistei dois bois trotando em nossa direção. Um deles eu já conhecia bem. Apelidei o bovino de ''Boipeta''. Ele estava acompanhado de um boi todo preto e duas vezes maior que ele. Era intimidador.  Rapidamente pulei e fui para a parte de trás das pedras. Alexandre e Uilson fizeram o mesmo. O grupo também se afastou. Os bovinos começaram a cheirar a área e a nos observar.  Após vasculharem tudo, seguiram para a crista em direção ao Tridente. A notícia ruim é que iríamos pro mesmo lugar. Nos despedimos do pessoal do grupo que seguiria para a Travessia Ventania- Santo Aleixo e seguimos para a crista.  Ainda na subida entre arbustos, comentei com o Alexandre que não demoraria muito para encontrar a dupla de bois P&B. Ao abandonar a parte arbustiva para seguir com a mata rasteira aos pés, lá estavam eles. Pastando tranquilamente... e já nos observando. Seguimos na trilha curtindo o visual sem preocupações. Eles estavam longe da trilha.
Alexandre e Uilson na subida da crista.
Belo visual para as montanhas da cidade.
 Uma trilha bela nos espera.

Depois de passar por trechos de curva de nível e trilhas abertas, entramos de vez na trilha propriamente dita da Pedra do Inferno. O início era por uma descida pouco íngreme. Um pouco a frente, uma placa na árvore indicava o lugar em que estávamos.
Placa indicativa da trilha
 Fiz um registro da placa, mesmo achando que aquilo ali não combinava de maneira alguma com o ambiente. Mas entendia o motivo para a tal placa estar ali.

↱ Em 2005 um grupo de mulheres se perderam enquanto faziam a Travessia Cobiçado - Ventania. Naquele dia o tempo começava a fechar e já estava um pouco tarde. Elas erraram a trilha e acabaram entrando na trilha da Pedra do Inferno. Foram encontradas dois dias depois. Estavam machucadas e com fome.

 Este é só um exemplo.

↱ Em 2016 um homem se perdeu dos amigos durante a mesma trilha. O tempo não era favorável.  O fato ocorreu no dia 24 de Setembro de 2016, num sábado. Ele foi encontrado dois dias depois, no dia 26 de Setembro, segunda- feira. Apesar de alguns cortes no corpo e com fome, foi atendido pelos Bombeiros que examinaram seu estado. Ele estava bem!

↱ No dia 29 de Maio de 2017, foi a vez de um casal se perder na Travessia Cobiçado- Ventania. Dessa vez, no sentido contrário ao tradicional. Eles iniciaram a trilha 12h30  subindo para o Alto da Ventania e por volta das 18h00 acionaram o Corpo de Bombeiros. Os militares  iniciaram ás buscas na região por volta das 19h50. Encontraram o casal no cume da Pedra do Diabo ás 23h45 daquele dia.  Eles não conheciam a trilha e foram sem preparo algum. Os Bombeiros informaram que eles estavam sem o devido agasalho, desidratados, com fome e frio.

Seguimos a trilha corretamente e com bastante atenção até chegar numa curiosa gruta com uma nascente. Achei aquilo ali bem legal. Continuamos andando na bela trilha e logo viramos a esquerda. Procurava sempre educar o olhar a todo o momento, pois  em muitos trechos a folhagem seca escondia a calha da trilha. Ficamos atentos também para marcas de facão e possíveis fitas amarradas de metros em metros nas árvores. Passamos por muitas dessas fitas vermelhas e comentei com o Alexandre sobre.  Logo chegamos num colo e  descansamos antes da subida exigente.  Ao final dessa subida eu achava que tinha sido a mais longa do dia, mas eu estava enganado...

Depois do merecido descanso e alguns goles d'água, iniciamos a subida. Mesmo sendo um trecho trabalhoso e íngreme, era muito bonito. Vimos muitas bromélias, orquídeas e flores encantadoras nesse trecho.

 Ao final da subida, saímos num descampado. Como de costume, dei uma boa olhada no local. Uma trilha apareceu bem a nossa frente e seguia para a esquerda, entrando na mata. Uma a nossa frente e outra a direita. Obviamente o nosso caminho era a trilha da esquerda, na direção da mata.  Contudo, não resistimos a tentação e demos uma explorada nas outras trilhas para ver o que tinha. Uma trilha não levava a lugar algum. Já a outra, nos apresentava um belo mirante com uma área bem convidativa para acampar. A vista para o Rio de Janeiro e a Bahia de Guanabara eram incríveis. E ali bem pertinho da gente, a parte de trás de algumas montanhas da travessia Cobiçado - Ventania. Alexandre não perdeu tempo e iniciou sua sessão de fotos naquela manhã bem quente. Fiz um registro também.
Torres do Morín, Vândalos, P. do Diabo e Tridente
 Voltamos a trilha correta entrando na mata. Tudo muito bonito e refrescante.  A sombra nos aliviava do sol. Estava bem quente e isso antes de 12h00.

Reta final?

 Andando pela mata, reparei nas inúmeras bromélias que tinham ali. Encontramos bambus pelo caminho, mas eles não estavam entrelaçados. Isso facilitou muito a nossa passagem. Prosseguimos no caminho tranquilamente. Certo tempo depois, a trilha começou a descer, chegando num colo. Novamente voltamos a subir na mata para logo mais pegar um trecho de trilha um pouco aberta a frente.
Alexandre e Uilson na trilha
 Seguimos pela esquerda e eu olhava o Alto da Ventania com as suas torres, mirantes, blocos de pedra e o contra-forte. 
Crista do Ventania, Maria Comprida e Alcobaça
 Notei também o cume cônico do Alcobaça e os Castelos do Açu. Antes mesmo de prosseguir, não consegui conter o sorrisinho no canto da boca ao observar a bela e imponente rainha das rochas petropolitanas: Maria Comprida!

Já perto do cume, paramos numa laje com o abismo a frente. Lugar muito bom para descansar antes mesmo de finalizar o caminho de ida até o cume da montanha.  Fizemos um lanche rápido e Alexandre tirou uma foto minha ali.
Aproveitando o belo visual
 Logo voltamos a trilha e caminhamos bem pouco para atingir o cume. Então por volta das 10h00 daquela bela manhã do dia 17 de setembro, num domingo ensolarado, lá estava eu, no cume da Pedra do Inferno. Antes dessa realização, eu só a olhava com muita curiosidade. E não podia reclamar, estava muito bem acompanhado. Diferente do que pensava, o cume era arbustivo e bem estreitinho.Antes de procurar o livro de cume, dei uma olhada no Escalavrado e depois na Pedra Mãe e Agulha Itacolomi. Não consegui registrar o Escalavrado. Mas as outras duas estavam mais próximas e ao alcance das lentes do celular.
Agulha Itacolomi e Pedra Mãe
Parte do Maciço da Serra dos Órgãos
 Achamos o livro, folheamos e por fim, assinamos. Foi bem gratificante relatar a nossa ida lá. Os livros de cume das montanhas, assim como os totens - marcos de pedra-, são a alma da montanha ao meu ver.  Mas infelizmente convivemos com tristes notícias acerca dos livros.  Algumas montanhas estão ficando sem o livro por conta do lamentável comportamento de ''pseudos-montanhistas'' e anti-éticos. Estão sumindo com os livros.

↱ Os livros de cume são históricos e preservam um imenso valor. Não é somente a nossa história. É a história da montanha em si por gerações.

↱ Não queime, rasgue ou leve para casa.

↱ Se perceber que o livro está cheio ou danificado, entregue ao clube ou a pessoa responsável pela instalação do mesmo para que possa ser arquivado e devidamente substituído.

↱Ao assinar um livro de cume, guarde-o com segurança e deixe o local da maneira como encontrou. É de extrema importância manter o livro seguro das chuvas. Muitos livros ficam dentro dos totens, bem protegidos. Faça a sua parte!

↱ Vamos preservar a tradição e a história

Provavelmente boa parte destes livros foram usados para iniciar ou alimentar alguma fogueira. Com isso, o responsável pela infeliz atitude ignora toda a história, tradição e respeito existente dentro da comunidade. Com o livro devidamente guardado e protegido, seguimos para o mirante do cume visando apreciar melhor o lugar com um pouco mais de conforto. Chegamos e nos acomodamos. Abrimos a mochila e detonamos parte do lanche que havia sobrado. Expostos ao sol e praticamente sem proteção alguma, o correto era usar o protetor solar. Aproveitei e passei nos braços e no rosto.  Fiz uma foto bem divertida nesse momento, com partes do protetor solar no rosto.
Eu, Uilson e Alexandre
Hora de voltar

Decidimos que era hora de ir embora. Eu tinha em mente voltar pelo mesmo caminho que fizemos. Mas foi o Alexandre que veio com a ideia de descermos a montanha pela sua crista Leste, pegando a trilha da travessia Ventania(Caxambu)- Santo Aleixo(Magé) para voltar ao Alto da Ventania. Topamos e guardamos as tralhas. Fui a frente visualizando a trilha , reparando no mato amassado e nas calhas de trilha com matéria orgânica. Passamos por umas lajes um pouco mais a frente e seguimos alternando trechos abertos e de mata na crista. Algumas vezes eu seguia uma calha que não dava em nada. Com isso, a gente retornava e achava o caminho correto. Após três entradas erradas, concentrei o olhar para possíveis bifurcações. Fiz alguns vídeos na descida, do tipo descontraídos. Num desses levei um baita escorregão que nos garantiu gargalhadas. Até que a trilha não estava tão fechada ao ponto de ter que tirar o facão da mochila e pôr o braço pra trabalhar. Um pouco cansados, paramos pra respirar. Alexandre se queixava sobre a tampa do cantil. Ele perdeu em alguma parte da descida. Naquela crista bem arbustiva a chance de achar uma tampa verde em meio a mata era bem difícil. O jeito foi aceitar e seguir em frente. Quando saímos um pouco da mata, vimos o Alto da Ventania a nossa esquerda e o Pico Maior de Magé bem a nossa frente. Daquele ponto ele era muito imponente e parecia estar pertinho de nós.
Pico Maior de Magé
Foto : Alexandre Milhorance
 Descemos bem rápido pela crista da montanha e só passamos a perceber quando o Pico Maior de Magé estava acima de nós. Perdemos elevação de forma significativa. Chegamos num lugar lindo e ali paramos para aproveitar.  Fizemos alguns registros desse local e observamos o que parecia ser um pouco da Face Sul da Pedra do Inferno. A Pedra Mãe e Agulha Itacolomi eram visíveis de um ângulo totalmente diferente. Alexandre com seu olhar atento e afiado, fez um registro.
Pedra do Inferno
Aproveitamos para fazer mais umas fotos no local. Não dava vontade de ir embora. Acabei pedindo ao Alexandre para fazer uns registros meus naquele lugar, para levar de recordação. As fotos ficaram muito boas. O cenário ajudava bastante.
Pico Maior de Magé a direita da imagem
Morro do Sapecado e Pico Maior de Magé
 Satisfeito e muito agradecido, peguei a mochila e coloquei nas costas. Uilson, com a câmera do Alexandre captou outras belas imagens enquanto descíamos a crista naquele dia lindo de sol com poucas nuvens no céu.
Alexandre pegou sua câmera e a guardou na mochila. Seguimos descendo a crista. Logo os arbustos deram lugar a mata rasteira e aquilo me lembrou um pasto. Vimos fezes de vaca por todo o canto, parecia um campo minado. Ao final da crista, vimos as torres e continuamos. Uilson vinha na minha cola e Alexandre fazia as suas fotografias. Já nas torres, vimos a trilha que seguia para Santo Aleixo, descendo a direita. A partir daí o caminho era óbvio. Seguimos na direção oposta, na trilha subindo a esquerda. Essa trilha nos levaria novamente ao amplo cume do Ventania. Com os pés no caminho, ladeamos a mata até entrar nela de vez. Lugar fabuloso com muita sombra e árvores bem grandes, de todos os tipos. O solo com folhas secas, o estalar de pequenos gravetos e as rochas transmitiam uma sensação de paz e tranquilidade inigualável. A trilha seguiu mata adentro até chegar num riacho, com a trilha do outro lado. Mais uma oportunidade para descansar. Ficamos ali por um bom tempo. Me sentei numa das pedras e observei as folhas sendo levadas pela água.
Lugar mágico
Alexandre no descanso.
Uilson pegando água
 Novamente movemos o esqueleto para iniciar a subida para o Alto da Ventania. Acompanhamos as torres até o final. O cansaço devido ao calor e ao desnível era grande. 
A última subida do dia...
 Protegidos do sol e dentro da mata, seguimos as curvas de nível da trilha . Paramos diversas vezes até chegar no final. Foi aliviante chegar ao imenso plato mais uma vez.  Paramos uma última vez no Alto da Ventania e então descemos pelo mesmo caminho que passamos pela manhã. Saímos da trilha e seguimos para o ponto final do Santa Isabel para aguardar o ônibus. Lá reencontrei um antigo colega de trabalho, o Maicon. E acabei conhecendo outro amigo virtual : Jorge Alberto Rispoli!
Conversamos muito antes de embarcar. Já no centro da cidade, desembarcamos no ''ponto de madeira''. Me despedi de Alexandre e Uilson e segui na companhia de Jorge até me aproximar do meu ponto. Nos despedimos antes dele atravessar a faixa de pedestres. Quando cheguei no ponto, o ônibus já estava lá. Sem aviso, o motor começou a trabalhar e eu coloquei o meu fone de ouvido para relaxar durante o caminho para casa.

Certamente foi um domingo pra lá de especial. Reunir-se com os amigos, reencontrar e conhecer novos amigos, sentir o vento no rosto, o calor do sol, o canto dos pássaros e é claro, a tranquilidade das montanhas...

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Morro do Cubaio

Caminhada no Morro do Cubaio

Morro do Cubaio
Fotografia: Alexandre Milhorance
O Morro do Cubaio é a quinta montanha mais alta da Serra dos Órgãos. Sua trilha passa por cachoeiras, trechos de lajes de pedra, cristas, matas fechadas e belos mirantes. O caminho é repleto de bromélias, orquídeas,capim-de-anta e tantas outras plantas e flores ainda acrescentam na beleza dessa linda montanha.

Início ruim.

Depois de algumas conversas durante a semana,eu já tinha combinado com o Alexandre a caminhada do final de semana. Marcamos para o dia 16 de Julho de 2017, domingo. Ao cair da noite de sábado, eu deixei tudo arrumado na mochila e fui para a cama. A hora já estava avançada quando fechei os olhos. Quando acordei, tomei um susto enorme. Estava atrasado. Rapidamente mandei uma mensagem para o meu amigo enquanto corria para colocar a roupa e correr para pegar o ônibus. Me atrasei por 1h. O ônibus que eu deveria pegar já tinha passado no bairro. Peguei um ônibus e saltei na entrada do Carangola. Não foi preciso esperar muito para pegar outro ônibus para o terminal de corrêas. Ao chegar no terminal, rapidamente procurei pelo meu amigo. E lá estava ele, me esperando. Pedi desculpas pelo atraso e batemos um papo. O nosso ônibus chegou e entramos. Ás 08h00 da manhã ele saiu com destino ao Bonfim. E era pra lá que iríamos. Saltamos quase no ponto final e seguimos para a portaria do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Ao chegar lá, pagamos os nossos ingressos e então começamos a jornada daquele dia. Por estar atrasado e tendo atrasado Alexandre, comecei a colocar a canela pra queimar. Todo o esforço que desse para compensar o tempo perdido era de grande valia. Com bastante disposição e num ritmo frenético, ganhamos terreno rapidamente em muito pouco tempo. Passamos por algumas pessoas que subiam a nossa frente. Devido ao esforço logo no início, paramos para recuperar o fôlego e pegar um pouco de água pura e cristalina das montanhas. Fizemos a outra parada somente na bifurcação do Véu da Noiva.
Alexandre no descanso.
Um belo trecho.

Com o tempo agradável naquela bela manhã de domingo, pegamos o caminho da cachoeira do Véu da Noiva. Estava bem úmido. Subimos a trilha passando por bambus e raízes. O caminho estava escorregadio e tomamos cuidado ao passar pelas pedras. Cruzamos alguns riachos e chegamos a Gruta do Presidente.
Gruta do Presidente
Foto: Gustavo Botelho
 Paramos ali por um tempinho para dar uma boa olhada no lugar. Bem a nossa frente a gruta que era um local frequentado por Getúlio Vargas que chegava ali cavalgando. Dai o nome '' Gruta do Presidente''. Voltamos a trilha com bastante atenção tomando os devidos cuidados com pedras escorregadias. Qualquer descuido significaria o fim da trilha. Andamos por cerca de 5 minutos e chegamos a linda cachoeira. Paramos lá para fazer uns registros e relaxar ao som da água e do canto dos pássaros.
Véu da Noiva
 Bem relaxados, pegamos a trilha que leva a parte de cima da cachoeira. Lá nos deparamos com dois pocinhos bem convidativos para um banho. Mas era inverno e a água estava muito gelada. Tomamos muito cuidado ali. O local além de ser perigoso, já foi palco de alguns acidentes bem graves. Enquanto eu enchia minha garrafinha com água, dei uma boa olhada no local. Desse ponto era possível ter uma visão bem impressionante do Pico do Glória a esquerda e do Morro do Alicate e Morro do Açu a direita. Fizemos alguns registros para não deixar a oportunidade passar. Enquanto Alexandre mandava ver com a sua câmera, eu me arriscava com o celular.
Pico do Glória
Morro do Açu e Morro do Alicate
 Depois das fotos e já reabastecidos, voltamos para a nossa caminhada. Alexandre foi na frente e eu o seguia de perto. Seguimos ladeando a laje até pegar uma trilha discreta a esquerda. O caminho era encantador logo no começo. Isso já nos deixou bem animados. O trecho alternava muitas lajes com bromélias por todos os lados. A vegetação também era agradável. 
Alexandre na subida.
 Continuamos a subir até a trilha nos colocar para a esquerda. Ao lado direito tínhamos a vegetação e a esquerda, um imenso abismo. Nos encontrávamos na ''Aresta do Cubaio''.
Alexandre na ladeira do Cubaio.
Vale do Bonfim e Conjunto do Alcobaça
 A visão dali era espetacular. Víamos o imenso vale e o paredão vertical repleto de bromélias. Seguimos na borda da aresta do Cubaio até seguir uma trilha saindo a direita, se afastando do abismo. Bem animados com os encantos daquele lugar, continuamos na trilha até chegar na impressionante ''Janela do Bonfim''. Vista de arrepiar e tirar o fôlego que já não tínhamos. Era magnífico. Uma das visões mais belas que havia presenciado. Alexandre expressava o mesmo sentimento. Decidimos que ali era certamente o local para um bom lanche e uma agradável conversa entre amigos. Comentamos sobre o dia até ali e também sobre o imenso abismo que estava ali. Ao mesmo tempo que ele me encantava, me enviava um sinal de cuidado. Na minha cabeça eu só pensava na frase que sempre repetia para alguns amigos: ''Cuidado! O perigo mora ao lado...''. E nesse trecho o perigo morava ao lado literalmente!!!
Não ficaria satisfeito só com registros. Queria gravar a altura daquele imenso abismo, mas de forma segura. Me deitei no chão, como se fosse um ''Sniper'' e fui até a borda. Quando cheguei lá e olhei para baixo, senti aquele frio na barriga. Mesmo assim gravei e me afastei com segurança. Levantei, tomei água e fiz algumas fotos. Alexandre também fez fotos bem bacanas. E eu peguei carona com o meu amigo e fotógrafo de montanhas.
Aproveitando a maravilhosa visão
Lugar encantador
 O caminho continua.

Descansados e com a boa sensação de ter aproveitado muito o lugar, voltamos a trilha. Ainda tinha muito chão pela frente. Seguimos subindo até chegar num trecho bem íngreme e potencialmente perigoso. A trilha era estreita e bem a beira do abismo. Entre nós e o abismo, alguns frágeis arbustos e poucas árvores. Superamos o trecho com cuidado nos beneficiando de raízes e galhos firmes. Fizemos tudo com cautela. Não era hora de dar bola pro azar... ou para imprudências!
Após superar o lance anterior, entramos num trecho de mata belo e refrescante. Foi bom sentir o cheiro de mato enquanto caminhava pela sombra das árvores tirando as teias de aranha que grudavam no meu rosto.
Trecho belíssimo de mata. 
Alexandre na trilha.
 Com o vento e a sombra refrescante da mata, seguimos caminho passando por algumas belas flores e algumas árvores caídas antes de iniciar um trecho de subida mais forte.


Após deixar o trecho da mata, chegamos no início da subida. Vencemos o trecho e logo alcançamos a crista do Cubaio. Os arbustos deram lugar ao capim-de-anta.

Alexandre na crista com o capim-de-anta
 Deste ponto a visão também era muito bonita até onde dava pra enxergar. As nuvens já estavam a caminho, impossibilitando a nossa visão para algumas regiões da cidade. Conseguimos avistar o ''Conjunto do Alcobaça'', algumas montanhas da Serra do Couto, Serra das Araras e ''Conjunto do Retiro''. Antes de prosseguir, mais uma pausa para o lanche. Levei um pão recheado com queijo, presunto e um molho bem saboroso que não conseguia reconhecer. Dividi o pão com o Alexandre e peguei algumas batatinhas com ele. Ele adorou o pão recheado. Era uma delícia mesmo. Com a barriga cheia e bem hidratados, voltamos a trilha. Andamos pela crista repleta de capim-de-anta e utilizamos muito do bom senso nesse trecho. Surgiam calhas de trilha por todos os lados. Ladeamos pela esquerda até atingir um morrinho. Depois do morrinho, entramos num trecho lotado de bromélias. Até no meio da trilha tinha. Passamos com cuidado para preservar o caminho e as plantas também. Ao sair desse trecho, nos deparamos com bambus a nossa frente. Hora de tirar o facão da mochila!


↱ Vale lembrar que: O uso do facão dentro dos limites do Parque Nacional da Serra dos Órgãos  deve ser antecipado a UC com antecedência;

↱ Ao abrir trilha com o facão, tenha certeza de que se encontra na trilha correta. Antes de usar, ande no mínimo 10 metros para avaliar a calha da trilha.

↱ Ao abrir uma trilha paralela, outras pessoas podem acabar seguindo os seus rastros. O resultado é a destruição da flora e a causa de acidente ou pessoas perdidas que seguiram a sua trilha.

↱ Seja consciente, respeite o meio ambiente e as regras da UC que está visitando. Tenha o material adequado para a realizar a atividade. Respeite os seus limites!

Para o nosso alívio, o trecho era curto. Mas deu um bom trabalho para os nossos braços. Saímos da mata e vimos um descampado a nossa frente. A vegetação rasteira era acompanhada de alguns arbustos e uma curiosa laje de pedra solitária. Demos uma boa olhada no local antes de prosseguir. A regra é clara: se sair da mata para um descampado, sempre olhe para trás. Assim não terá surpresas na volta! Alexandre e eu começamos a procurar pelo ponto em que a trilha continuava. Fui para a direita e Alexandre para a esquerda. Ele achou e então seguimos. E lá fomos nós, mais uma vez, caminhando pela mata e tirando os bambus entrelaçados do caminho. Só que sem o facão em punho. Não era necessário. Os bambus estavam secos e era fácil passar por eles. Após revezamentos e um pouco de paciência, chegamos ao mirante do Cubaio, já bem próximo do cume. Sentamos nessa pedra para descansar e avaliamos o tempo que permanecia nublado e ventava demais. Com os nossos olhares atentos a tudo, vimos o óbvio caminho para o cume da montanha. Determinados, pegamos as nossas mochilas e fomos para a reta final.

Trecho final.

Deixamos o mirante pra trás e partimos em direção a crista, seguindo pela direita. Descemos o colo e viramos para a esquerda. Começamos a subir para novamente descer e virar para a esquerda mais uma vez. Faltava muito pouco para chegar ao cume. Mas novamente os bambus apareceram em nosso caminho. E dessa vez não estavam secos e quebradiços. Passamos por eles usando as mãos para abrir caminho e até abaixamos  em algumas partes. Agora, livre dos bambus, vimos as lajes que subiam para a reta final. Mesmo cansados, subimos aos poucos.
Subida para o cume na laje de pedra
 Conforme subíamos, avistamos alguns totens e seguimos nos orientando por eles. Acompanhar os totens foi a escolha certa. Era realmente o caminho mais tranquilo para o cume. Chegamos ao topo e nos cumprimentamos como temos o costume de fazer. Alcançamos o nosso objetivo, mesmo com o atraso logo pela manhã. Ali no cume, olhei para o percurso que realizamos e estava bem orgulhoso. A trilha foi fantástica. Apesar do nosso otimismo, a previsão do tempo não acertou. Mas continuamos no cume, esperando uma mudança repentina. Sentamos e papeamos um pouco durante o lanche. Alimentados e recuperados, começamos a andar pelo cume. Alexandre procurava por bons ângulos e algumas aberturas no tempo para poder fazer suas fotos. Eu olhava os totens e seguia atento ao tempo. Consegui aproveitar uma janela de tempo curta para ver o Morro do Alicate, Pico do Glória e boa parte do Vale do Bonfim lá de cima. Certo tempo depois, o tempo nos permitiu ver o cume do Castelitos. Comentei com o Alexandre sobre a vontade que tinha de ir até lá. Dessa vez não teria como esticar com o tempo nublado e com a hora avançada. A caminhada do dia era para reconhecimento da área. Assim poderíamos avaliar tudo antes de combinar a trilha até aquele cume imponente e pouco frequentado. Ventava demais lá em cima e o frio começava a ficar mais intenso. Os dedos das minhas mãos estavam bem gélidos e duros. Decidi andar por lá a procura de um livro de cume, mas nada achei. O vento estava bem forte e não tínhamos muita proteção a não ser o nosso agasalho. Enquanto eu andava para aquecer, Alexandre olhava tudo e ficava com as mãos no bolso do casaco. Aproveitei para registrar a atmosfera do lugar com alguns vídeos. Fizemos também registros  no cume, para levar de recordação.
Eu no Morro do Cubaio
Alexandre no Morro do Cubaio
 Com as recordações no celular, voltamos a nos sentar perto da vegetação rasteira. Não tinha muita alternativa para escapar do vento. Pegamos isotônicos, batatas, barrinhas de chocolate e o que sobrou do pão recheado. Apesar do tempo nublado e do frio que fazia, resistimos lá para conseguir ver alguma coisa.  Durante o tempo em que conversamos sentados no cume, poucas vezes o tempo colaborou. Mas mesmo assim, nas poucas aberturas de tempo que presenciamos, conseguimos ver alguns encantos do lugar. Uma janela de tempo abriu de forma repentina e nos levantou na mesma hora. Conseguimos ver os paredões da Pedra do Sino e a pontinha do Garrafão. Deu até pra ver os paredões do Pipoca e o cume do Papudo. Ficamos mais animados, mesmo com o vento e o frio nos castigando lá em cima. Ao ver parte do potencial visual daquela montanha, não pensamos em descer em hipótese alguma.  Mas logo o tempo fechou e a névoa voltou a tomar conta. Em questão de minutos, a nossa direita, descortinava-se uma visão fantástica e diferente para algumas montanhas da Serra do Cantagalo: Cantagalo, Triunfo e Santann'a.
Ficamos no cume um pouco mais de 2h enfrentando ventos fortes e frio intenso. Mas decidimos que era hora de voltar. Colocamos as mochilas nas costas e iniciamos o caminho de volta para a portaria. 
Alexandre descendo as lajes na volta.
 Voltamos pela trilha aproveitando o visual que tínhamos a nossa frente. Acima dos 2.000 de altitude a névoa não dava trégua e insistia em permanecer lá. Alexandre fez algumas fotos bem interessantes na volta. O destaque ficou para as montanhas do ''Conjunto do Alcobaça''. Avistamos também a Serra das Araras e algumas montanhas na região do Retiro. A descida foi bem tranquila. A crista repleta de capim-de-anta agora tinha uma atmosfera surreal.
Voltando pela crista com uma bela visão.
 Rapidamente descemos e chegamos ao trecho belo da mata. Respiramos o mais puro ar enquanto recebíamos de presente os cantos mais lindos dos pássaros.
Trecho lindo de mata na volta.
 Faltando pouco para chegar na parte de cima do Véu da Noiva, demos uma olhada no horário. Decidimos fazer mais um tempo ali. A ideia era curtir mais um pouco o visual da Janela do Bonfim.
Alexandre fez algumas fotos. Eu nem tentei. A luz não iria ajudar e eu só tinha o celular como ferramenta. Mas acabei ganhando um registro muito bacana do meu amigo enquanto admirava o lugar.
Na volta, parei para observar.
 Satisfeitos, voltamos para a trilha e chegamos a parte alta da cachoeira. Eu estava um pouco assustado. Enfiei a perna esquerda dentro de uma fenda. Sorte que a largura daquele fenda era a conta para a minha perna ter entrado com uma folga mínima. Verifiquei se estava tudo bem e prosseguimos para a portaria.
Deu até tempo de fazer um registro da Cachoeira das Andorinhas.
Alexandre fazendo seus registros.
 Depois da rápida passada na queda das Andorinhas, fomos para a portaria. Descemos tudo bem rápido. Ao chegar, deixamos os lixos em seus devidos lugares e fomos para o ponto de ônibus. Já no terminal, me despedi de Alexandre e fui pra casa bem feliz. Mesmo sem ver todo o visual, a trilha foi incrível. É ótimo estar nas trilhas de montanha. Sair do conforto é a melhor coisa deste mundo.