quarta-feira, 20 de julho de 2022

Pico do Eco - Parque Nacional da Serra dos Órgãos

                                    O tão esperado retorno


Visão do cume do Pico do Eco para as principais montanhas do PARNASO

  O ano era 2017 quando fui ao Eco pela primeira vez. Recebi o convite do Alexandre e não recusei. Estavámos em Novembro e fomos no dia 25, sábado. Diferente desta caminhada pegamos um dia muito nublado e com calor sufocante mesmo estando na cota dos 2.000. Ao chegar ao cume fiquei encantado com aquele lugar fabuloso e não via a hora de voltar outra vez. Mas acabou ficando apenas na lembrança aquela visão parcial das montanhas. 

Após cinco anos voltei ao Pico do Eco, dessa vez, na companhia de Rafael Martins e Thais Bula. Fizemos algumas trilhas juntos pela serra e sempre falava desse lugar que em minha opnião consegue superar os Portais de Hércules. Combinamos então a caminhada para o dia 10 de Julho com início previsto para as 07:00. No sábado comprei o que levaria para a trilha, arrumei a mochila e então aguardei até 04:00 da manhã de domingo. 

Cheguei a portaria do parque no Bonfim as 06h20 e já havia ali um grupo de caminhantes bem agitados. Cumprimentei a todos e ali fiquei aguardando os meus companheiros da trilha. Bati papo com a turma que  falava com grande entusiamo da clássica travessia Petrópolis x Teresópolis e a vontade de passar nos Portais também. Logo que chegaram fomos assinar o termo de responsabilidade antes de começar  a caminhada. Iniciamos as 07:20 a subida. Rafael e eu passamos a primeira parte da subida até a altura da Pedra do Queijo tirando sarro da Thais. Ela estava com uma ''rouquidão'' severa. Passamos por poucas pessoas nesse trecho. Fomos rumo ao Ajax aproveitando o clima agradável que fazia pela manhã. Mas ventava bastante e fazia um frio leve. Seguia pensando somente em chegar ao Chapadão o quanto antes para não morrer de tédio por achar o caminho da portaria até a Isabeloca pouco atraente. Só não é mais tedioso do que a subida da Pedra do Sino - Jesus!

Após vencer a Isabeloca finalmente chegamos ao Chapadão do Açu com o Graças a Deus logo em frente. O vento bateu forte logo no início e seguimos sem tempo a perder. Fiz um registro rápido e segui no encalço dos meus companheiros da trilha.

Conjunto do Alcobaça e Pedra do Cone

Thais e Rafael a caminho do Graças a Deus
            
      Quando chegamos ao Graças a Deus vimos alguns membros do grupo que iria para a travessia descansando e papeando. Outros seguiam em frente e vimos de longe um corredor de montanhas que logo nos passaria. Admirei a disposição do rapaz mas como não tenho costume de correr e fumo cigarro uns dez anos ...sem chance!

A chegada ao Açu foi muito bem- vinda e o horário jogava ao nosso favor. O relógio marcava 10:20 da manhã. Aproveitamos para fazer alguns registros. A voz da Thais teve uma ligeira melhora e ela aproveitou sem tempo a perder para fazer as fotos daquele lindo cenário. Como quatro anos se passam e a gente nem percebe. A última vez que estive ali foi em 2018 numa ida aos Portais. Bom, aproveitei para registrar também.

Thais e Rafael com os Castelos do Açu

                                 Rumo ao Pico do Eco

   Depois das fotos seguimos em direção aos antigos abrigos. Passamos novamente por pessoas do grupo que aproveitavam para descansar e lanchar. Foi o mesmo que fizemos. Rafael levou açai e me ofereceu um pouco. Confesso que faltou pouco eu babar ali mesmo. Não me lembro de beber nada parecido de tão gostoso na montanha.  Reabastacidos, seguimos para o nosso objetivo. Comecei errando o caminho em meio ao capim-de-anta que me fez cair num buraco enorme pra começar de forma hilária. Pegamos a trilha correta e seguimos alternando trechos em rocha e baixa vegetação até subir um morrinho. Daí em diante apareciam alguns indícios de trilha falso que não dão em lugar nenhum. O correto nesse trecho é se atentar numa entrada a direita que leva até um grande totem na laje em meio a vegetação. Deste ponto se vê os castelos de um ângulo bem diferente.

Castelos do Açu a esquerda.

 Fomos em frente até chegar numas pedras e então viramos para a direita. O caminho que segue em meio a lajes e totens se confunde de tempos em tempos. É bastante comum dar algumas ''cabeçadas''. Logo chegamos ao descidão que dá num vale bem arbustivo com o Falso Eco em frente. Descemos com cautela aproveitando o visual bonito do lugar. 


Vista espetacular da trilha

Ao fim dessa descida o correto é ir para a esquerda evitando o trecho íngreme que tem em frente. Por desatenção ou falta de memória deste trecho acabei descendo reto, passando por uma laje bem inclinada onde me agarrei a vegetação para conseguir descer. Lá de cima a voz do Rafael ecoava dizendo que o caminho não era por ali. Já era tarde.

Atravessei o capim até chegar na subida do Falso Eco. Ali aproveitei para descansar enquanto tomava meu isotônico e observava eles seguindo pelo caminho correto. 

Thais e Rafael no Capim.

Com todos juntos subimos a rápida trilha do Falso Eco. Rafael e Thais seguiram a minha esquerda pela parte de cima em direção ao cume. Fui pela direita aproveitando os lajões que desciam suavemente. Foi deste ponto que fiz um registro da Thais contemplando a serra num lindo dia.

Thais curtindo o visual.

Com o Falso Eco ficando pra trás, o caminho seguia descendo por lajes e vegetação rasteira com totens em diferentes direções. Este trecho merece bastante atenção pois pode desorientar - especialmente se houver neblina. No entanto em dias ensolarados é só seguir o bom senso pois já se vê a montanha e de forma intuitiva vamos descendo mais para o lado esquerdo.

Rafael e eu na descida das lajes com o Eco ao fundo.

 Após essa descida surge um pequeno riacho por onde a água corre. Cruzamos este trecho e pegamos a trilha na encosta do morro. Neste ponto a trilha sobe levemente até começar a descer e já avistamos o Escalavrado e o Dedo de Nossa Senhora. Novamente cruzamos um lajão molhado e potencialmente perigoso no caso de um escorregão. A partir daí descemos uma laje inclinada e entramos na mata. Ao passar pela floresta redobramos a atenção. Quando estive ali o caminho estava bem marcado. Dessa vez o mato em alguns trechos se confunde com o caminho - principalmente onde a água corre. Ao sair da floresta nos deparamos com um arbusto solitário na laje de pedra. A esquerda do arbusto está o local que conhecemos como ''Mirante Beija-Flor''. Posso dizer que este até lembra um pouco os portais. Só que em vez da Coroa do Frade temos o Muquém logo de cara. Aproveitei para apresentar a eles esse lugar que não colaborou da última vez.


Mirante Beija-Flor.

Impossível chegar e passar direto neste lugar. Diria que é uma parada obrigátoria. A dimensão deste lugar é impressionante que nem mesmo por fotos da pra explicar. Partimos então para uma rápida subida em meio ao capim-de-anta para a parte alta da crista que vista do Eco se torna interessante. A partir daí é praticamente correr para o abraço. Restava então descer a pequena elevação e subir em direção a montanha fazendo um contorno pela direita. Antes de chegar aí, lá no Açu, ouvi a experiência que me relataram da ida ao Garrafão. Vi as fotos daquele lugar lindo. Mas fazia questão o tempo todo de lembrar que o que eles estavam prestes a ver iria superar. Exatamente 12:30 em ponto atingimos o cume da montanha. Eles ficaram fascinados com o que viram ali. Na verdade eu também pois a primeira vez não peguei um dia tão belo quanto este. Sem tempo a perder fiz algumas fotos pois o horário da volta já havia sido estabelecido.

Vista do Pico do Eco

Cabeça de Peixe e Dedo de Deus

Depois de algumas fotos paramos para sentar e observar a vista incrível deste cume. Ficamos de papo enquanto faziamos um bom lanche aproveitando o lugar. Deu pra ver através da lente objetiva da minha câmera pessoas na Agulha do Diabo - que sortudos. Thais logo pegou o livro e o assinou. 

Thais assinando o livro

Rafael fez o mesmo e então chegou a minha vez. A primeira coisa que fiz foi buscar a assinatura de cinco anos atrás. Depois de assinar fiquei ali contemplando a paisagem de tirar o fôlego quando notei o Rafael concentrado na vista. Aproveitei para registrar esse momento. A parte mais legal da chegada ao cume até a despedida era ver no olhar deles o mesmo sentimento que refletia nos meus. Aquele lugar é um templo feito com todos os caprichos do criador.

    Rafael admirando a paisagem

Faltando pouco menos de vinte e cinco minutos para começar o caminho de volta ao Açu veio de repente o nome do local que estavámos e então me levantei e comecei a gritar: ECO!
Thais e Rafael olharam sem entender nada. Mas segundos depois a palavra ecoou por cinco vezes na vastidão do vale e repeti isso mais algumas vezes. Logo arrumamos as mochilas para a despedida. Não dava a mínima vontade de ir embora. Fiz algumas fotos do casal pra levarem de recordação deste dia que será inesquecível.


Thais e Rafael.

Claro que eu não iria perder a oportunidade de ter um registro neste lugar com o dia maravilhoso que fez. Thais mandou super bem no registro.


Click da Thais ( Faltou a boina).

E claro, para fechar a famosa selfie no cume do Eco.


Rafael, Mateus e Thais

  
                                Até a próxima

Por volta de 14:20 deixamos o cume da montanha e rapidamente chegamos ao mirante Beija - Flor onde paramos mais cedo. Subimos a florestinha até voltar ao riacho onde atravessamos mais cedo. Apesar do cansaço subimos bem rápido. A volta até o Açu foi bem tranquila. O entardecer estava reluzente nas matas e montanhas que os nossos olhos alcançavam. Numa das paradas fiz um registro dos morros mais próximos a Pedra do Sino. 


Entardecer no PARNASO

Mas com a bela luz de inverno chegava também o frio da serra pois pegamos bastante sombra no trajeto da volta até o Falso Eco pelo menos. Logo chegamos ao Eco Falso e rumamos para o vale descendo até o capim começar a nos encobrir. Pegamos o lajão que descemos mais cedo e então voltamos a ver os Castelos do Açu e algumas pessoas na pedra do cabo. Alternando lajes de pedra, vegetação rasteira e capim por todos os lados seguimos até ficar próximos do fim deste percurso. Mais um erro no caminho e lá estava eu, com os dois pés para o alto caído em um enorme buraco do capim. Tive que pedir a ajuda do Rafael para sair dali. Exatamente ás 16:20 chegamos no abrigo do Açu com frio e ventos fortes. A ideia era permanecer para ver o pôr do sol. Dentro do abrigo fizemos um lanche e aproveitamos para fugir um pouco do vento forte da tarde. Um passáro preto bem bonito voava de um lado para o outro e parecia convidativa a possibilidade de fazer um registro. Quando pensei nisso lá foi ele, se mandando em direção a mata, bem longe. Alimentados, decidimos não ficar para o espetáculo. Talvez desse pra ver do chapadão. Já na volta passamos por um grupo de mulheres subindo para passar a noite. A vista se tornava interessante a cada passo. Logo chegamos a placa de indicação da portaria.

Thais e eu no Chapadão

Placa indicativa

Descemos a Isabeloca com a luz de ouro já tocando as montanhas que ficavam para trás. Outra parada - dessa vez no Ajax -  para reabastecer nossas garrafas d'água. Ali encontramos outro grupo que subia em direção ao Açu. Fomos breves  e aceleramos para chegar num ponto possível para ver o sol se pôr. Não deu tempo, mas não ficamos de mãos vazia pois a região da Serra das Araras ficou bem interessante. 

Serra das Araras.

Chegamos rapidamente até a Pedra do Queijo onde disparei até chegar na bifurcação do Véu da Noiva deixando Thais e Rafael para trás. Sentei numa pedra, desliguei a lanterna e curti a luz do luar preenchendo a mata.  Se passaram dez minutos até eu ver o brilho das lanternas e as vozes. Quando se aproximaram e iluminaram este largo vi apenas um vulto passando rapidamente. Me disseram que era um coelho do mato. Conforme descia mais rápido, chegava a ver o coelho que dava fuga sem sair da trilha. Em alguns momentos ele parecia não se importar com a lanterna iluminando. Até que antes de chegar próximo a portaria ele sumiu. Já no fim, ao ver as luzes da sede aguardei meus companheiros do dia chegarem e então encerramos a trilha. A previsão de saída ficou para 21:30. Chegamos as 19:30. Duas horas e meia antes. Com certeza um bom tempo e margem positiva. Nos cumprimentamos e agradecemos pelo dia e sucesso que tivemos. Segui para o ponto a espera do 611 enquanto Rafael e Thais foram ao estacionamento pegar a moto. Sentado na calçada aproveitei para comer o que sobrou e hidratar mais o corpo. A lanterna da moto logo apareceu iluminando a rua e dessa vez, a despedia oficial. Mas já de olho na próxima andança pela região. Em breve voltaremos para fazer os Picos do Solidão e Quatis.

domingo, 15 de agosto de 2021

Dedo de Deus

                     História da conquista do Dedo de Deus.

Foto: Alexandre Milhorance.

Em 1912, o Dedo de Deus já era uma montanha famosa no mundo todo. Despontando da Serra dos Órgãos, na cidade de Teresópolis, ela podia ser vista desde a capital da república da época, a cidade do Rio de Janeiro. Com sua forma de dedo, apontando para o céu, a montanha de 1692 metros de altitude impressiona pela beleza e imponência.

Naquele ano, uma equipe de montanhistas alemães tentou escalar o Dedo de Deus. Sem conhecer a realidade da montanha brasileira, com suas paredes lisas e inclinadas, estes montanhistas não conseguiram subir até o cume e julgarem que, se eles não conseguiram ninguém mais conseguiria.

O caçador e guia do grupo, Raul Carneiro, não se convenceu com a história dos alemães. Ele chamou os irmãos Américo, Acácio e Alexandre de Oliveira e o ferreiro, natural de Pernambuco, José Teixeira Guimarães para compor o grupo e tentar escalar a montanha.

Sem conhecimento de técnicas de montanhismo, o grupo improvisou. Teixeira confeccionou grampos com argolas, parecidos com aqueles que prendem barcos em ancoradouros, para amarrar as cordas, feitas de Sisal.

O Grupo não encontrou grandes dificuldades na aventura pela mata, apenas uma chuva que atrapalhou a jornada no começo. Foi na rocha, no entanto, que o desafio ficou realmente difícil.

O Dedo de Deus é uma montanha muito inclinada. Em trechos verticais, o grupo fazia pirâmides humanas e assim ganhavam altura. Eles também se aproveitaram de caminhos naturais, as chaminés, onde eles se entalavam e iam subindo, até que encontraram um platô, antes do cume, que é separado por uma fenda que sobre ela jaz uma parede negativa.

O Grupo, pra vencer esta parede, teve que içar um tronco de árvore, colocar este tronco ao lado da parede negativa e subir por ele, até chegarem ao cume do impossível Dedo de Deus.

A rota por eles conquistada é hoje em dia chamada de “Teixeira”, em homenagem ao bravo ferreiro que fez os primeiros grampos de escalada do Brasil. É uma via pouco técnica para o nível atual, mas bastante exaustiva fisicamente.

O início.

Há quase sete anos atrás, num lindo dia de verão no mês de Fevereiro eu realizava a primeira caminhada em uma montanha. Lembro deste dia da minha vida com um enorme carinho e emoção pois foi nas montanhas que tive até então os melhores momentos da minha vida.

Com o tempo eu conheci mais trilhas e pessoas. Ganhei conhecimento e experiência com o tempo que dedicava ás trilhas ao ponto de almejar conhecer lugares que poucas pessoas conhecem e ás vezes não fazem ideia de que existem. Nada me deixa mais animado do que ter um projeto de abertura de trilha e toda a empolgação que é o planejamento das investidas.

Coisas da vida.

Depois de alguns anos andando pra cá e pra lá pelas montanhas da cidade acabei descobrindo que havia uma pessoa que morava por perto e gostava muito de montanha. Joguei bola inúmeras vezes e não fazia ideia de que ele até escalava e conhecia montanhas que me tiravam o sono. Nada mais, nada menos que o José Sérgio ,vulgo ZECÃO. Todo mundo o conhece. É figura fácil, sempre de sorriso aberto, com o andar um tanto engraçado e com seu dialeto bem diversificado: '' Belém, Belém'' , ''Matinê'' ''Boizada'' '' Tá de Chup-Chup'' entre tantas outras palavras que agora começam a fazer sentido pra mim. Eu não podia ver o Zecão na rua ou em qualquer lugar pois o papo rendia e era o mesmo tema de sempre: Montanha!

Passava horas conversando com ele sobre ás trilhas que eu fazia e ele falando das suas aventuras e escaladas ao longo da vida. Perdi até ás contas de quantas vezes ele me chamava pra escalar e eu não dava muita importância pois estava satisfeito por caminhar, acampar e abrir trilhas para lugares que queria conhecer.

Foi então em meados de Março deste ano de 2021, numa de nossas conversas que ele disse ás palavras que ecoaram em minha mente e ficaram presas lá: '' Esse ano tem Dedo de Deus''. Pronto, ele com três palavras me convenceu - coisa que não deu certo por uns três ou quatro anos. O mais surpreendente mesmo foi saber que outro cara que eu conhecia escalava com ele ha dois anos: Hernando!

Agora não podia topar com o Hernando ou o Zecão pois era papo de horas sobre os lugares, equipamentos e tudo que envolve o universo das rochas. Foi com o Hernando que comprei minha primeira sapatilha e aguardei ansiosamente para escalar.

Novidade.

Como eu nunca havia escalado antes, o Zecão me disse para não sair comprando equipamento loucamente pois eu tinha que ir pra rocha primeiro. Todo o restante ele e o Hernando me emprestariam. Fui num domingo para a Pedra Roxa pois a via escolhida foi a Brito Audaz . A escalada em si foi muito boa apesar de não ter gravado muito bem o que o Zecão me passou. Era tanta informação ao mesmo tempo que ficava complicado assimilar tudo de uma vez. Foi um mix de emoção desde a proteção até o momento em que eu desfiz a segurança e comecei a escalada. Subi bem, sem muita dificuldade até chegar num ponto de parada onde eu olhei pra baixo e comecei a sentir de tudo.

Primeira escalada.
                        
O que era excitação, ânimo e coragem transformou-se em medo, pânico e desânimo. Pensei: ''O que eu estou fazendo aqui?'' Enquanto eu tentava lidar com o mix de minhas emoções, observava o Luizinho e o Zecão tranquilamente ancorados no grampo enquanto o Hernando guiava mais uma enfiada passando pelo Crux da via.
Hernando na via Brito Audaz.

  Mesmo desconfortável na primeira experiência com a escalada e a sapatilha apertando muito o pé, consegui fazer alguns registros do pessoal escalando. Não estava muito relaxado e sequer conseguia confiar em qualquer coisa. Olhava o grampo, a corda, o nó, o baudrier e etc... Só confiei na hora de fazer o rapel e gostei muito apesar de tudo. Animado e motivado, acompanhei eles numa via mais tranquila no Morro da Reunião chamada Pé nas Costas.Dessa vez eu já estava mais tranquilo e a via aparentava ser mais tranquila. Bom, no meu caso como iniciante não conseguiria saber o que era fácil ou difícil. Queria mesmo era ir, participar, começar a entender os procedimentos, para que serve cada equipamento, nó e todo o resto. Essa escalada foi tranquila e eu até curti ficar ancorado com a solteira na chapeleta observando os outros escalando.
Hernando no Morro da Reunião.
                                                                     
A segunda escalada foi muito boa e já me deixou mais a vontade. Pelo menos não estava com tanta paranóia e consegui ir bem. Depois dessa escalda continuei fazendo ás trilhas e aguardando a próxima oportunidade.

Surpresa inesperada.

Por conta de alguns compromissos eu não pude escalar e dar sequência ao que tinha começado. Escalar requer esforço e dedicação para ganhar experiência e nível e eu fazia o máximo possível para conciliar a caminhada e a escalada. A previsão do tempo também não colaborava para finalmente ir ao Dedo de Deus e então aguardamos com paciência.

Com a melhora do tempo, combinamos para o dia 11 de Julho. Fiquei bem empolgado e já fui assistindo alguns vídeos no Youtube pra entrar no clima.

Com tudo combinado e o horário de encontro já definido, arrumei a minha mochila e peguei minha carona na ponte de Corrêas por volta das 04h45. Momentos antes da ''branca de neve chegar'' um motociclista parou de repente e ofereceu uma carona até Itaipava. Fiquei sem entender e recusei. Assim que ele partiu, vi um capacete de escalada e imaginei que fosse mais um para participar da escalada.

Coloquei a minha mochila no porta-malas do Palio do Zecão junto com todas ás outras e entrei no carro. Cumprimentei todos no carro e seguimos pela madrugada. Na frente, no banco do carona ia o Hernando, e nos bancos traseiros eu, Luizinho e Marquinhos. Na direção o perigo: Zecão!

A viagem até Teresópolis foi muito divertida. Fizemos praticamente a festa de tanto rir das histórias que envolviam a bomba que acidentou meu pai e a Bike de chumbo do Cordeiro - pai do Luizinho. Durante o caminho citei o motociclista que me ofereceu a carona e me disseram que ele iria conosco. Era o Zé - que eu não conhecia.

Chegamos ao paraíso das plantas e estacionamos o carro. Pegamos as nossas mochilas na mala e tomamos o café que o Hernando levou na garrafa. Vimos um grupo descendo a estrada e deduzimos que iriam para o Escalavrado.

Tirei meu celular da mochila e tentei fazer uma foto da montanha. Nunca a vi por um ângulo tão impressionante quanto aquele com o Cabeça de Peixe lhe fazendo companhia.
Dedo de Deus e Cabeça de Peixe.
 Subidão.

Com o Zé integrado ao grupo iniciamos a caminhada descendo pelo acostamento até passar por um estacionamento onde há uma santinha. Entramos na trilha e logo surgiu a placa indicativa junto a cerca. A subida para a Toca da Cuíca se apresentava como um belo café da manhã: Íngreme e exigente. Depois de algumas paradas para dar um respirada logo chegamos a base dos cabos de aço e vimos uma mochila que foi deixada lá. Não éramos os únicos na montanha. Paramos ali para nos ajustar e respirar antes de tocar pra cima novamente. A visão para o Dedo de Deus desse ponto se revelava ainda mais impressionante e desafiadora.
Visão da Toca da Cuíca.
                                                                                                              
Após a rápida parada para descansar, subimos os primeiros lances de cabo de aço. Logo no primeiro cabo notei que havia ali uma corda deixada por quem começou a subida antes de nós. O motivo: O cabo rompeu na metade e a corda foi fixada para auxiliar na subida e ser resgatada na volta por quem colocou.Pegamos carona nessa corda e foi o Hernando quem subiu primeiro. Usamos apenas a solteira e o mosquetão pelos cabos de grampo em grampo. Zé ia a minha frente e eu em seguida, bem na cola. Como não estava de luva, senti o aço machucar um pouco a mão. Logo Zé e eu nos juntamos ao ''Limão''( Hernando) e o Marquinho chegou logo sem seguida. Luizinho e Zecão fecharam esse primeiro lance.
Luizinho e Zecão.
                                                                              
Enquanto eu esperava o Zecão e o Luizinho chegar até onde paramos, fiquei admirando a vista com muita empolgação. Tinha a minha direita uma visão maravilhosa do Escalavrado. Observava aquelas paredes e não conseguia imaginar a sensação de estar ali.
Escalavrado.
                                                                                           
Com todos reunidos, Hernando recolheu a corda e subimos a exigente trilha com muitos pontos íngremes e cabos de aço pra todo lado além de algumas cordas fixas. Logo chegamos a bifurcação á direita para pegar a Face Leste da montanha e a trilha que seguia subindo levava para a via Teixeira. Foram colocadas algumas proteções por conta da trilha escorregadia e potencialmente perigosa.

Logo chegamos num pequeno platô onde era possível ver a Verruga do Frade e a mata atlântica naquelas encostras rochosas com o imenso vale ao fundo com o polegar do lado oposto.
Verruga do Frade.
 
Pegamos a trilha estreita e íngreme passando por algumas pedras inclinadas e com a vegetação arbustiva até parar novamente.
Turma no descanso.
                                             
Luizinho.

 Hernando iniciou a subida com corda passando pelas pedras á esquerda e gritou avisando que era pra mandar alguém subir. Zé se ajustou e então seguiu na cordada até avisarem outra vez e assim por diante, um a um, chegar ao próximo ponto de parada. Zecão me mandou e lá fui eu, todo animado e com um sorriso que não conseguia tirar da cara. Com algumas dicas venci os lances iniciais ainda de bota e segui caminho acima. Lá encontrei os rapazes e procurei um canto pra sentar e curtir o momento. Quando todos chegaram lá, colocamos a sapatilha e aguardamos as instruções dos mais experientes. Apenas o Zecão e Luizinho conheciam a montanha. Para os demais, assim como eu, era a primeira vez e num dia lindo.
Hernando fazendo a segurança.
                                                                                    
                                  Face Leste do Dedo de Deus.

Com tudo pronto, foi o Marquinho que iniciou a subida com o ''Limão'' fazendo sua proteção. Peguei a câmera na mochila pra fazer algumas fotos e aproveitei para arrumar a bagunça que tinha dentro. Feito isso, comecei a registrar a atividade com uma garrafa de água do lado para hidratar. Zé estava praticamente deitado um pouco acima descansando tranquilamente e o Zecão fazia o ''Job'' dele antes de parar para descansar.
Zecão no ''Job''.
Zecão no descanso.

 Com o Marquinho lá em cima, Hernando iniciou a subida e acabou entrando no que parecia um sistema de calha á esquerda do caminho correto. Nem ele entendeu o que aconteceu e logo foi para á direita e chegou a parada. Zecão pediu para o Zé ir e então aguardei ansiosamente para chegar a minha vez. Assim que iniciei, vi que era um lance de ''ralação'' por lances facéis. Utilizei tudo o que tinha direito: Calha, fendas, agarras e por fim uma rampa de pedra que dá no acesso da Maria Cebola. Lá aguardamos os outros e aproveitamos para dar aquela relaxada. Olhei a curiosa árvore que saia das pedras e também o Polegar do Dedo de Deus. Os carros passavam na estrada, subindo e descendo e eram do tamanho da unha das nossas mãos. Uma vista realmente impressionante.
Parte do polegar e a estrada.
                                                                                                        
Zé e Marquinho.
                                                                                      
Nessa parte eu olhei os três grampos na pedra do lado esquerdo e aguardei os próximos comandos. Quase não registrei e guardei a câmera na mochila do Zé pois puxaríamos as mochilas pela corda. Todo mundo pronto novamente e lá fomos nós. Zecão pediu pro Hernando guiar a Maria Cebola. Com cuidado, ele subiu na árvore e costurou os três grampos até chegar na virada. Eu só escutei ele reagindo ao se deparar com o imenso abismo ao fazer a virada e senti a adrenalina subir de pouco a pouco e observava a corda se movimentar enquanto aguardava ele se ancorar para eu ir em seguida.
Hernando na entrada da Maria Cebola.
                                                                      
Assim que iniciei, fui cuidadosamente até o terceiro grampo, abaixei a cabeça, apoiei o pé e então fiz a virada. A minha mente automaticamente soltou um: CARALHO!!!

Antes de chegar nesse trecho eu pesquisei por vídeos só para ter uma noção. Mas estar ali fazendo pela primeira vez é marcante. Fui agarrando com a mão esquerda na pequena fissura da pedra enquanto apoiava com a outra até passar por um grampo. Nesse ponto lembro do Hernando falando comigo: '' Mateus, olha pra baixo, olha pra baixo''. Eu olhei um pouco e continuei a subir. Sentia as pernas tremendo mesmo estando com duas cordas na minha proteção. Cheguei até ele extasiado e me ancorei junto ao sistema de proteção que ele fez. Uma pena que minha câmera e o celular ficaram na mochila e eu não consegui registrar a turma subindo. Então sentei e conversei com o companheiro de escalda sobre o lance. Estava admirado com a passagem impressionante. Logo chegou o Zé, Luizinho, Marquinho e por último o Zecão.
Hernando e eu ancorados.
                                                                                    
Da Maria Cebola em diante quem assumiu a ponta da corda foi o Zecão e fui no seu encalço. Ele entrou embalado nas chaminés enquanto eu montava as zelhas e colocava as costuras na mochila. Segui no encalço dele mandando ás mochilas e depois subindo até onde ele estava. Daí ele avançava e fazíamos todo o procedimento. Levamos três mochilas e ás outras três vieram com quem vinha depois de nós. Gostei bastante dos lances das chaminés e achei que elas tinham acabado. Zecão disparou na frente e eu esperei no meio da chaminé onde havia uma pedra boa para ficar. Puxei ás mochilas que o Zé me passou e por fim avancei com o Zecão. O cume estava bem próximo e eu super animado. Quando passei num lance em artifical bem curto apenas para ter um apoio, fui instruído a aproveitar uma valeta e em seguida pegar uma curta chaminé com um grampo na altura do peito. Fiz um lance de domínio e então comecei outro processo de mandar as mochilas. Lembro de estar dando a proteção ao Zecão e dele soltar o grito: '' Vamos que eu já estou vendo a escada''. Meu coração nessa altura já estava a mil. Quando enviei a segunda mochila pela chaminé, dei a segurança pro Hernando chegar até onde eu estava. Mandei a última mochila e entrei no lance. Ao sair, vi dois grampos que serviam como parada dupla e avistei o Zecão perto da escada. Esse momento foi muito marcante . Fiquei admirado com a vista e aguardei até a proteção ser feita antes de subir.
Escada de acesso ao cume.
                                                                                      
Quando o Zecão montou toda a proteção, fiz a segurança do Hernando até ele chegar onde eu estava e então parti para a escada. A emoção aumentava na mesma proporção em que eu colocava um pé após o outro em cada degrau. Subi tranquilamente e me segurei ao máximo para não chorar. Significava mais do que tudo chegar neste momento pois desde que vi a montanha na primeira vez em que fui ao Açu, o desejo de ir lá só aumentava. Caminhei até a placa e dei um abraço na estrutura em que ela se encontrava, agradecendo pelo privilégio de estar ali.
Placa em homenagem aos conquistadores.
                                                             
Como fui o primeiro a chegar no cume, aproveitei para descansar, tomar o meu isotônico e finalizar o pão recheado que comprei. Me senti o homem mais feliz do mundo e naquele momento era infinito. Fechei os olhos e senti o vento soprar o meu rosto de forma suave. Recuperado, peguei o livro de cume e comecei a ler os relatos de outras pessoas que também estiveram ali.
Caixa do livro.
                                                                                       
Livro de cume.
                                                                                          
Passado algum tempo, quem chegou ao cume foi o Zé e me cumprimentou. Notei que ele também estava feliz da vida. Depois foi a vez do Hernando, Marquinho e por fim o Luizinho. Todos reunidos no Dedo de Deus, comemorando a escalada e o dia lindo que fez.

Aproveitei para fazer alguns registros do pessoal e também alguns vídeos pra levar de recordação.
Zecão observando a placa.
                                                                                                        
Enquanto fazia os registros, notei o Zecão parado em frente a pedra onde está a placa em homenagem aos conquistadores da montanha.
Marquinho futucando a mochila.
                                                                                         
Marquinho também mexia na mochila e aproveitei para fazer um registro.
Hernando.

Já o ''Limão'' mexia nos seus equipamentos e na corda fazendo alguns ajustes e o Zé levantava o livro de cume para uma foto.
Zé com o livro de cume.

 O único que não registrei em solitário no cume foi o Luizinho e não me lembro o motivo.
Quando eu cumprimentei a turma, percebi que só faltava o Zecão. Já fui com os olhos marejados e não segurei de vez a emoção e dei um baita abraço nele. Ele me botou uma pilha e a turma toda brincou. O clima era dos melhores.
Abraço de agradecimento no Zecão.
                                                                             
Enquanto o pessoal descansava e papeava, aproveitei para fazer alguns registros do visual e saboreava cada cantinho daquele cume mágico antes de fazer o rapel e descer a montanha.
Montanhas da Serra dos Órgãos e o inconfundível Garrafão.
                                                        
Montanhas da região dos Três Picos.
                                                                      
Escalavrado, Dedo de Nossa Senhora e Dedinhos.
                                                                     
Antes de partir, assinamos o livro de cume antes do Zecão e Hernando montar o rapel que faríamos para descer a montanha.
Assinando o livro.
                                                                                                              
Aguardando a vez.
                                                                                                                     
Zé assinando o livro.
                                                                                    
Antes de partir, fiz uma foto da turma reunida. Não participei pois não estava com o tripé e por conta da correria esqueci do timer. Mas valeu o registro da turma reunida.
Turma reunida antes de deixar o cume da montanha.
                               
Registro feito pelo Zé no cume.
               
                        Retorno.

Foi o Zecão quem abriu o rapel e desceu até a primeira parada. Em seguida ele me chamou e então comecei a me ajustar. Hernando me deu uma força pois a minha adrenalina estava tão alta que eu sentia o corpo tremer da cabeça aos pés. Já havia feito duas vezes. Mas nada comparado ao que estava por vir. Quando cheguei na beirada, vi aquele abismo enorme com ás árvores lá no fundo do vale. Coloquei minha solteira no grampo, verifiquei o ATC e então comecei a descer. O rapel era vertiginoso e eu ia com o máximo de tranquilidade possível. Num certo momento eu parei e olhei pra baixo. Pensei:'' Com certeza não tem chance...''
Continuei descer com a orientação de ir mais pra esquerda e cheguei na primeira parada dupla e em seguida fiz a minha ancoragem. Assim que eu cheguei, Zecão me disse pra nunca fazer o rapel sem ter alguém na ponta da corda. Logo chegou o Zé e depois o Luizinho. Nesta altura o Zecão já estava no chão fazendo a nossa segurança. Primeiro foi o Zé, Luizinho e novamente o Hernando me verificou e então fui para a parte negativa.
Parede negativa na segunda enfiada do rapel.
                                                                                           
Que sensação gostosa e medonha ao mesmo tempo. Numa parte da descida a rocha começou a me jogar para o abismo e eu fui voltando aos poucos até sair da parede e ir ''flutuando 'pela corda na direção deles e pensando:'' Que loucura!"
Agora só faltava o Marquinho e o Hernando pra completar a turma. Enquanto eles rapelavam, Luizinho, Zé e eu seguimos descendo e o Zecão ficou na ponta da corda pra fazer a segurança.
Trilha após o rapel.
                                                                                                          
Seguimos a trilha contornando a montanha com alguns lances de cabo de aço. Optamos pela corda pois era mais seguro. O visual era impressionante para os Dedinhos e o Escalavrado ali bem perto.

Descida por corda.

Zé foi na frente descendo pelos cabos de aço que em alguns pontos deixaram cordas fixas. Só de olhar percebi que aquilo não era nada confiável. Logo o Limão e o Marquinho já tinham resgatado a corda e seguimos descendo um pouco mais tranquilos durante a tarde. Montamos a segurança com ás cordas que levamos até ficar menos expostos. Já num platô espaçoso e convidativo para descanso vi o Zecão sentado, admirando ás montanhas da serra mais bela do mundo: Serra dos Órgãos!


Zecão no descanso.

Pegamos a descida da cuíca já pela noite. Marquinho e Hernando fizeram o sistema de segurança e então descemos um a um até todos chegarem com segurança. Com a corda resgatada, aproveitamos para comer as mariolas que o Zé tinha levado. Descemos a trilha com cuidado até a rua . Limão na frente e o Marquinho fechando o grupo. A descida foi bem relaxante dentro da bela mata com o céu estrelado. Dava pra ouvir bem o barulho dos carros passando na rodovia. Logo saímos da trilha e subimos pelo acostamento para seguir até o carro. Achei impressionante ver a silhueta do Dedo de Deus  com o céu recheado das estrelas e com os faróis dos veículos iluminando boa parte da mata nas encostas.

Tomamos água, respiramos, trocamos um papo e então nos despedimos do Zé que iria de moto. Os demais seguiriam com o Zecão no comando da ''Branca de Neve'' - a parte mais perigosa da aventura. Por ser num domingo já pela noite, não tinha movimento na rua. Enquanto a turma papeava e botava uma pilha uns nos outros, apreciava pela janela do carro os prédios e o movimento noturno da cidade de Teresópolis. Foi um momento marcante pois a minha ficha não tinha caído e começou a tocar uma música que ecoou na minha mente. Era da banda Plebe Rude. Á música :''Até Quando Esperar''. Zecão se empolgou e até simulou as paquetas. Descemos a BR - 495 até chegar em Itaipava e depois seguimos para o Pastel de Nogueira para tomar umas cervejas e obviamente, comer pastel. Ficamos na praça papeando por quase 30 minutos. Entramos no carro e fomos embora depois de um dia lindo na serra. E só de pensar que há 109 anos os estrangeiros diziam ser impossível subir e que se eles não foram, ninguém iria. Foi difícil até pra dormir nas duas noites seguintes. Fechava os olhos e os flashbacks vinham a todo vapor. O rapel e a Maria cebola foram os mais marcantes por conta da adrenalina que corre nas veias. Após o Dedo de Deus, o que vier é lucro. Agradeço a todos os companheiros que fizeram parte de um  dos dias mais emocionante que tive na vida.


Que Deus abençoe ás montanhas e aqueles que por elas se aventuram com o objetivo de superar os próprios limites.