quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Morro do Açu x Portais de Hércules.

Mudança de planos.

Com antecedência, combinei um retorno ao Castelitos com o Alexandre Milhorance. Convidamos o casal de escaladores petropolitanos( Marcel Leoni e Denise Oliveira) para nos acompanhar. A previsão era de tempo bom. A ida até lá seria para matar a saudade daquele belo lugar e também para deixar um livro em seu cume pouco frequentado.

Cume imponente do Castelitos.
Foto: Alexandre Milhorance
 
Na noite de sexta-feira,20 de Julho de 2018, acabava de arrumar a mochila e fazia os últimos ajustes antes de deitar. Pouco depois, chegou uma mensagem do Alexandre. Na mensagem, ele lamentava por ter que cancelar a ida conosco por conta de um compromisso que tinha para resolver. Avisei ao Marcel e combinamos de remarcar. Como eu estava bem animado para trilhar, pensei em ir ao Morro do Açu com a intenção de esticar para os Portais de Hércules. Acabei chamando o Davi Moura, que de cara aceitou. Ele ficou bem animado com a ideia de ir ao Morro do Açu e ainda mais de esticar até os Portais de Hércules. Deixei avisado que  a ida até o belo mirante dependeria das condições climáticas lá em cima, pois na montanha tudo muda muito rápido.

 O início de um grande dia...

Era 21 de Julho de 2018, sábado. Acordei por volta das 04h50 da madrugada. Davi tinha dormindo na minha casa. Fui até a varanda, olhei aquele céu estrelado e senti uma vontade intensa de conseguir realizar a bela trilha mais uma vez. Estava animado também porque seria a primeira vez do Davi na parte alta da Serra dos Órgãos. Tomamos café, colocamos a roupa e então fomos para a rua esperar o ônibus. Não demorou e ele veio. Embarcamos e saltamos no terminal rodoviário até chegar o ônibus para o Pinheiral.  Assim que o ônibus chegou procuramos rapidamente os nossos lugares. Saltamos antes do ponto final e pegamos a estradinha de terra. Andamos até a entrada do parque e compramos os nossos ingressos. Começamos a trilha bem cedinho, por volta das 07h17 da manhã. Com o Davi na minha cola, fomos vencendo o trecho inicial.

O caminho até o Açu.

Apesar do sol e do céu limpo, não estava fazendo muito calor. As condições eram perfeitas. Seguimos subindo na trilha até passar pelas placas indicando alguns poços. Continuamos num bom ritmo até chegar no início da trilha do Véu da Noiva. O dia estava realmente ótimo. O som das águas, o canto dos pássaros e o vento soprando a copa das árvores tornava a trilha mais linda e mágica. Ambiente perfeito em cores e harmonia. Demos uma descansada nesse trecho e rumamos em direção a ''Pedra do Queijo''.

Davi no descanso...


 Pelo caminho consegui mostrar ao Davi a ''Cachoeira do Alicate'' e também a linda visão do Vale do Bonfim com a Pedra do Cone muito bem localizada.

Vale do Bonfim e a Pedra do Cone.
 
Ao chegarmos no Queijo, fizemos um descanso de aproximadamente 30 minutos. Lanchamos, batemos um papo, tiramos algumas fotos e falamos com outros caminhantes que por ali passavam ou paravam para apreciar. Satisfeitos, seguimos em direção ao ''Ajax' que, por sua vez, é ponto estratégico na subida do Açu por ter uma fonte de água bem saborosa.  Com o refrescante vento soprando o rosto e com bastante animação, chegamos ao ''Ajax'' depois de percorrer por trechos dentro da mata, aproveitando a sombra e ficando menos exposto ao sol. O caminho além de bonito, nos presenteava a todo momento com lindas flores, incluindo as maravilhosas orquídeas.

Orquídea.
Bela flor na trilha.
 
Já no ''Ajax'', aproveitamos para fazer um lanche e pegar um ar. Enchemos também os nossos recipientes com água e conversamos um pouco mais. Certo tempo depois, surgiram três caminhantes que também tinham a intenção de ir aos Portais de Hércules. Pegamos carona na conversa até eles se organizarem e partirem para a subida da ''Isabeloca''. Davi e eu fizemos um ''time'' e esperamos o trio avançar montanha acima para subir. Colocamos as tralhas na mochila, demos uma olhada para nos certificar que estava tudo em seu devido lugar e então fomos. Pegamos no arranque e começamos a subida relativamente íngreme e erodida da ''Isabeloca''. Não demoramos e então chegamos no espetacular trecho conhecido como ''Chapadão do Açu'', com imensas lajes de pedra, vales e alguns morros.  Comentei com o Davi sobre  a altitude do lugar e comparei com alguns morros que vimos no nosso amplo campo de visão.

Totem no Chapadão.
Davi com o totem. Felicidade total!

Depois de aproveitar bem a chegada ao ''Chapadão'' com o tempo impecável, seguimos em direção ao Açu. Davi ia olhando e comentava sempre sobre como estava impressionado com o lugar. Eu entendia ele e podia ver no olhar dele o mesmo brilho que eu tive em meus olhos quando fui lá pela primeira vez.
Seguimos pelas lajes e algumas subidas olhando a paisagem e eu relembrava das vezes que tinha ido lá. Comentei sobre a ralação que era subir com cargueira pra acampar, sobre o sentimento de realização ao ver o nascer ou o pôr do sol naquele lugar. Novamente passamos pelo trio que encontramos no ''Ajax''. Eles estavam descansando no mirante conhecido como ''Graças a Deus''.

Visual do Chapadão do Açu.
Dia impecável nas montanhas.

Cumprimentamos eles e seguimos bem animados e ansiosos para chegar ao Açu o mais rápido possível. Faltando pouco para chegar ao Açu, notei algumas margaridas roubando a cena em meio a predominância do capim-de-anta. Não perdi tempo e fui registrar!

Lindas margaridas.

Após algumas descidas e subidas, pegamos um trecho mais plano e foi aí que surgiu a primeira visão para os Castelos do Açu. Davi se empolgou. Estávamos muito perto de chegar.

Davi a caminho do Açu.
 
Aceleramos um pouco mais as passadas, desviamos dos charcos e subimos uma laje de pedra até pegar um curioso calçamento de pedras com formatos de blocos. Pedi para que Davi fosse na frente. E então, alguns passos depois, o Castelo do Açu apareceu a sua frente. Foi gratificante pode apreciar a magnífica visão mais uma vez. Tive até que me segurar para conter a emoção. Não perdemos tempo e fomos aproveitar para fazer alguns registros.Marcava 09h48 da manhã daquele lindo dia de inverno...

Os incríveis blocos de granito contra o céu.
Davi descansando e aproveitando o visual.
Aproveitei pra fazer um registro também.

Visual surreal.
 
Depois de parar ali e admirar muito, seguimos para o cume do Açu. Queria mostrar para o Davi o percurso que fizemos, além da dimensão daquela caminhada. Subimos para o cume e lá fizemos uma parada pra lanchar. Novamente fizemos mais fotos e gravei alguns vídeos, como faço de costume.


Davi no Mirante Cruzeiro.
Davi observando as montanhas da cidade.
Região dos Três Picos aparecendo ao fundo.
 Bem alegres e satisfeitos, descemos do cume e fomos explorar o Castelo do Açu. Olhamos os históricos abrigos enquanto perambulávamos por lá. Prosseguimos em direção ao abrigo e paramos para conversar com um dos abrigueiros que estava sentado na laje de pedra, próximo ao riacho. Nos falamos muito durante um tempo e então Davi e eu confirmamos que a caminhada seria prolongada...

O caminho para o paraíso!

Determinados e com muito gás, disparamos em direção ao Morro do Marco. Passamos pela área de acampamento até pegar o descidão do lajão. Mais uma vez nos encontramos com o trio de montanhistas vindos de Três Rios. Dois deles desciam tranquilamente, enquanto o terceiro disparou correndo pelo lajão. Achei aquilo curioso e até perigoso, pois o risco de torcer o pé era grande...
Deixamos eles irem na frente e saímos do lajão. Andamos pela trilha que bordeava o Vale do Bonfim a nossa esquerda. O visual estava incrível. E mais uma vez eu não resisti e registrei o momento...

Petrópolis vista de cima com essa bela atmosfera.
  Voltei a trilha e logo iniciamos a íngreme e curta subida para a elevação conhecida como Morro do Marco. Davi seguia com muito esforço para me acompanhar. E me seguia muito bem. Ele havia me contado que temia um pouco o Açu. Considerei normal, eu sentia o mesmo antes de conhecer. E depois de conhecer, não temia mais. Contudo, sempre respeitava. Ao passar por um trepa-pedras, avançamos um pouco e paramos quase no cume, mas o calor chegou de vez para nos castigar um pouco.
Davi na subida do Morro do Marco.
Com um pouco mais de esforço, fomos até o fim e chegamos ao cume do Morro do Marco. Paramos um pouco para apreciar e curtir bem o lugar. O tempo estava a nosso favor, assim como o horário. A caminhada estava superando todas as expectativas.
Morro do Açu e seus Castelos a partir do Morro do Marco.
Depois de mais fotos e uma boa conversa, voltamos para a trilha. Descemos a laje do Marco e quebramos para a direita, iniciando o descidão entre lajes de pedra e capim-de-anta para chegar aos Portais de Hércules. Seguimos os totens e as calhas de trilhas mais definidas, evitando abrir mais caminhos por lá. Não demorou muito para a nossa aproximação. Davi estava muito animado e eu gostava de ver aquilo. Eu também estava como ele. Faltando pouco para a chegada, fiz alguns registros da descida. 
Na descida para os Portais.
Cabeça de Dinossauro, Verruga do Frade e Castelões. 
Cabeça de Dinossauro, Dedo de Deus, Dedo de N.S e Escalavrado.

 Depois de andarmos por cerca de 47 minutos desde que deixamos o Açu, finalmente chegamos aos Portais de Hércules. As principais montanhas da Serra dos Órgãos nos davam as boas-vindas com as suas imponentes rochas , acompanhadas com o verde da mata atlântica. Cumprimentei Davi e comemoramos bastante. Enquanto eu me aconchegava para admirar, Davi limpava um pouco do charco que sujou a sua meia e a bota. Ele atolou feio logo na hora de correr para o abraço. Confesso que foi bem engraçado. Com o azul do céu, o calor do sol e o verde da mata, ficamos ali, lagarteando na laje de pedra. Lanchamos e conversamos um pouco. Feito isso, agitamos algumas fotos para guardar de recordação.
Davi nos Portais de Hércules pela primeira vez.
Minha segunda vez nesse paraíso...
Linda visão com esse céu magnífico.
Belo registro feito pelo Davi Moura.
 
Já satisfeitos com alguns registros bem bacanas, sentamos na laje para recuperar as energias com um bom lanche. Para a minha alegria, ainda havia café na garrafa e eu não perdi tempo para saborear não só o café, mas também a beleza cênica do lugar. Na minha primeira vez, estive ali com a mochila cargueira. Na ocasião, Roger Soares e Neusa Marie estavam em minha companhia. Decidimos que passaríamos por ali antes de seguir para a famosa travessia Petrópolis x Teresópolis. Acabei fazendo uma foto sem querer enquanto estava meio deitado na laje, recuperando o fôlego.

Não dava vontade de ir embora...

Depois de descansar, levantamos e fomos bater um papo com os rapazes de Três Rios. Dividimos conhecimentos e experiências. Eles eram bem bacanas e receptivos. Apesar de empanturrados, nos ofereceram alguns lanches. Agradecemos a oferta, mas recusamos. Ficamos por lá por aproximadamente 1h. Gostaríamos mesmo é de ficar mais tempo curtindo pra depois pegar o pôr do sol no Açu. Mas por conta dos nossos compromissos, tivemos que nos despedir do belo mirante. O dia até ali já tinha sido gratificante. Colocamos nossos itens dentro da mochila e iniciamos o caminho de volta. Mesmo subindo de pouco a pouco, a gente parava pra olhar o lugar toda hora. Como dava vontade de voltar e ficar lá... esquecer dos compromissos, da vida agitada da cidade...
Pelo menos aproveitamos bem para fazer mais registros!

Santo Antônio, Cabeça de Peixe e Dedo de Deus.
Cabeça de Dinossauro,Santo Antônio, Cabeça de Peixe e Dedo de Deus.

 Depois dos registros, guardamos os celulares e seguimos subindo os trechos de laje no caminho de volta até o Açu. Rapidamente chegamos na subida do lajão para o Morro do Marco. Estava bem quente nesse momento. Vi algumas pessoas seguindo para o Morro da Luva. Ao chegar no Morro do Marco, parei para descansar.

Crista do Morro do Marco.

 Davi aproveitou para curtir mais um pouco por lá e fez uns registros bacanas do lugar enquanto eu aproveitava cada momento. Era bem nostálgico observar as montanhas lá de cima, inclusive as que eu tinha conhecido.

Visão do Morro do Marco para  algumas montanhas.

 Davi ainda fazia alguns registros quando eu decidi me levantar e seguir para o Açu. Nesse percurso ele conseguiu fazer um registro bacana meu enquanto eu descansava novamente. Estava um pouco cansado por conta do calor que fazia.

Apesar do lindo céu, o sol castigava.

 Rapidamente chegamos ao Açu e seguimos direto para o mirante em que paramos mais cedo para admirar os Castelos. Olhei a Serra da Estrela e relembramos a nossa travessia Cobiçado x Ventania num dia muito parecido como esse. O sentimento era indescritível. Olhar para todas aquelas montanhas e lembrar dos bons momentos era algo pra lá de especial. Com bastante gratidão, nos despedimos do Açu e seguimos para o'' Chapadão''. A volta foi bem diferente pois, nunca tinha visto tantos rostos diferentes passando por lá para pernoitar. Uma senhora nos seus 65 anos trocou uma ideia conosco antes de prosseguir. Uma multidão de mochilas, calçados e sorrisos atravessaram o nosso caminho, tornando tudo mais bonito. O ''Chapadão'' estava com uma atmosfera incrível. Em uma das minhas últimas olhadas para trás, antes de sair do imenso trecho de laje para começar a descida da ''Isabeloca'', consegui uma boa imagem do Açu, Morro da Luva e timidamente, uma do cume pontiagudo do Castelitos.

Chapadão do Açu.

 A descida até a portaria foi tranquila e relativamente rápida. Acabei encontrando o Matheus Aparecido levando gasolina para ajudar no abrigo. Por conta da correria para cumprir com os compromissos, o papo foi breve. Chegamos na portaria, deixamos nosso lixo lá e aproveitamos para encher as garrafinhas de água, pois estavam vazias. Mesmo desgastados da longa caminhada num calor intenso, andamos pela estradinha de terra a caminho do ponto de ônibus com aquele sorriso de orelha a orelha. Ao chegar no ponto, nos sentamos e olhamos os registros e vídeos. Era inacreditável como o dia tinha sido produtivo. Andamos contra o relógio e conseguimos aproveitar bastante. Quando estávamos bem sonolentos e quase dormindo sentados na calçada, o ônibus chegou. Embarcamos e aguardamos a sua chegada ao terminal. Já no terminal, avistamos o nosso ônibus parado no ponto. Olhei a hora e conferi que ainda nos sobravam 10 minutos. Tempo suficiente para ir na cantina beber um copo de café. Foi uma ótima escolha. O café nos despertou e entramos no ônibus. O caminho de volta pra casa foi relaxante, com mais uma daquelas caminhadas que nos marcam. Quando desembarcamos, pegamos os pertences que se misturaram nas mochilas e nos despedimos. Ao chegar em casa, deu tempo de acompanhar o entardecer da varanda. O sentimento era de total gratidão, enquanto olhava para as montanhas e aproveitava o conforto do banquinho de madeira na varanda...

2 comentários:

  1. Muito bonita as imagens, lindas paisagens, pessoalmente dever ser algo inexplicável essa imensidão toda que não parece ter fim.
    Parabéns!

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    1. Caro anônimo. Muito obrigado pelo seu comentário e elogios. Caso tenha oportunidade de conhecer, recomendo que não perca tempo e vá. O lugar é indescritível!
      Abraços!

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