terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Pedra do Cone

Caminhada até o cume da Pedra do Cone.

Pedra do Cone
Fotografia: Alexandre Milhorance

No dia 25 de Março de 2017, eu esperava ansiosamente pelo Alexandre Milhorance no terminal. Combinamos de ir até a Pedra do Cone, nos pés do Vale do Bonfim. Alexandre convidou a simpática Bruna Tavares para ir conosco. Alexandre apareceu e ficamos conversando até a chegada da Bruna. Ela chegou e nos cumprimentamos. Depois de quebrar o gelo, papeamos e rimos um pouco. Embarcamos no ônibus e rapidamente chegamos ao local de acesso.  Nos aproximamos da propriedade particular para pedir autorização. Com Bruna e Alexandre do meu lado, iniciei a negociação para poder realizar o trajeto. Uma das moradoras insistia em não liberar a passagem. Segundo ela, alguns caminhantes quebraram as regras e desrespeitaram a propriedade. Ouvimos de todos os tipos de coisas possíveis, incluindo a utilização de drogas, álcool e destruição das plantações. Alexandre e Bruna não me deixaram na mão e começaram a pressionar junto comigo. Foi um momento tenso, mas conseguimos. Antes de partir, a moradora nos disse que não conseguiríamos chegar lá por conta do caminho estar fechado. Agradecidos, iniciamos a nossa caminhada.

Pé no chão, facão na mão...

Mal iniciamos a trilha e já tivemos uma surpresa: Abelhas!
Certamente não estava nos nossos planos sofrer um ataque das abelhas logo pela manhã. Analisamos o lugar com cautela. Recomendei a Alexandre um contorno. O mato estava alto e a calha da trilha já era pouco visível. Apesar do receio, passamos pelas abelhas bem devagar e em total silêncio. Alexandre foi a nossa frente. Por ser mais experiente, tinha mais facilidade de ler a trilha. Eu até levei o ''Guia de Trilhas de Petrópolis''. Apesar do roteiro bem explicado e detalhado do livro, Alexandre olhava o mapa no seu celular. Subimos a trilha seguindo a calha. Em alguns trechos era bem confuso.
Fomos até onde deu pra ir seguindo a calha e algumas fitas de cor vermelha deixadas em algumas árvores. Paramos para descansar e avaliar o terreno. Depois de uma boa conversa, Alexandre concordou comigo e decidimos pegar os facões. A ideia era subir o morrote até alcançar a sua crista. Bruna também estava de acordo. Voltamos para a trilha com os facões nas mãos. Bruna estava logo atrás, com o livro aberto em mãos. Era de extrema importância as informações que ela nos passava. Em toda parada, eu olhava o ''croqui'' do livro e Alexandre o mapa. Não queríamos dar bobeira e nos afastar muito da montanha. Vencemos a subida durante um calor sufocante e com o capim cortando a nossa pele. Demos uma boa recuperada na crista e continuamos a abrir com o facão.  Foi nesse trecho que ouvimos a Bruna reclamando que havia perdido seu estojo de maquiagem. Achei aquilo engraçado e curioso. Coisa de mulheres. Avançamos rapidamente visando chegar na base da subida da Pedra do Cone. Tudo ia muito bem, mas numa investida do Alexandre, algo rebateu com violência em um dos seus olhos. A expressão dele não era nada boa. Dava pra perceber que além de incomodá-lo, ele desanimou um pouco. Verificamos se estava tudo bem com ele. Até pensei na possibilidade de abortar a trilha. Mas ele seguiu em frente. Com muita dedicação e persistência, seguimos batendo facão e finalmente chegamos na base para iniciar a subida. Foi ali que fiz o primeiro registro do dia.
Paredão do Mamute visto da base da escalaminhada do Cone.
 
Apesar do cansaço, ficamos ali na base recuperando lentamente o fôlego para iniciar a subida para o cume. Abastecidos, iniciamos então a subida. O calor castigava um pouco, nos obrigando a diminuir o ritmo da caminhada. A subida era bem íngreme, sendo feita nas lajes de pedra. A gente se beneficiava dos abençoados platozinhos encravados na rocha.

Rumo ao topo.
Subida íngreme da Pedra do Cone
 
Tudo era feito com muito cuidado para não danificar eles e evitar um possível acidente. Na metade do caminho paramos mais uma vez para descansar. Peguei uns lanchinhos que tinha levado para saborear. Bruna fez o mesmo. Alexandre abriu uma lata de sardinha, mas não conseguiu comer e até nos ofereceu. Ele realmente estava incomodado com a pancada que recebeu nos olhos. Antes de prosseguir, fiz alguns registros interessantes das montanhas mais próximas.
Cone3 e Mamute.
Cone 2 e Cone 3
 
Prosseguimos vencendo a íngreme subida. O calor e o cansaço já faziam enorme diferença quase perto do cume. Sem falar em alguns trechos fechados que, de tempos em tempos, nos obrigava a usar o facão. Alexandre e Bruna subiam um pouco atrás. Eu seguia na frente e fiz um registro deles na subida. Apesar de ser uma trilha relativamente curta, estava nos dando um trabalhão.
Alexandre e Bruna na subida da Pedra do Cone
 Com bastante esforço, alcançamos o cume da Pedra do Cone. Apesar da bela visão, o cume era bem arbustivo. Largamos as mochilas juntas e fomos explorar. Aproveitei para fazer uns registros, pois o tempo parecia mudar rapidamente. Eu fiquei um pouco apreensivo nesse momento, pois uma descida com as lajes molhadas não seria seguro. Sem falar no risco de um platô ceder também.
Alguns registros feitos do cume pelo meu celular:
Mãe D'água, Alcobaça e Cabeça de Cachorro.
 Parte da cidade de Petrópolis a partir do cume
Serra do Cantagalo e Serra do Taquaril
Cone 2, Cone 3 e Mamute.
Parte alta da Serra dos Órgãos.
 
Atento a tudo, dei uma olhada boa no tempo e disse aos meus companheiros de trilha que o nosso tempo ali seria breve. Papeamos e lanchamos no cume antes de Alexandre fazer uns registros nossos. Até que eu e Bruna nos arriscamos com a sua câmera também. Abaixo, algumas fotos que fizemos antes de partir:
Alexandre e eu.
No cume com o belo visual.
Bruna Tavares e eu.

Já satisfeitos, arrumamos nossas mochilas e começamos a descer. A descida foi trabalhosa também. Quando chegamos na residência dos proprietários, agradecemos pela liberação e acabamos batendo um papo com eles. A conversa era tão boa que não dava vontade de ir embora. Eles foram muito receptivos e gentis. Ficamos por mais de 1h com eles. Foi bem legal ter criado esse laço com os donos do local. Quando nos despedimos, nos disseram que a gente poderia ir lá a qualquer hora. Agradecemos e partimos para esperar o ônibus. Desembarcamos no terminal e nos despedimos depois de mais uma experiência muito boa na montanha. Espero que lembrem da minha boina quando eu decidir voltar...



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