terça-feira, 20 de novembro de 2018

Morro do Teto

Relato da caminhada ao Morro do Teto.
Bruna na trilha do Morro do Teto.

Alexandre na Trilha do Morro do Teto.

Voltando ao Conjunto do Alcobaça mais uma vez.

Depois de caminhar por algumas montanhas da cidade, Alexandre e eu conversamos sobre uma montanha pouco frequentada e que certamente tínhamos vontade de conhecer. Não esperamos por muito tempo para poder realizar a caminhada do Morro do Teto. Mas antes disso, eu estava de molho por conta de fortes dores no joelho, quando fizemos a trilha do Palmares e esticamos até o Morro Careca(Pedra Azul) em Araras. Marcamos a caminhada para o dia 03 de Junho de 2017, num sábado. Era bem cedinho e eu já estava no terminal rodoviário esperando o Alexandre. Ele também tinha convidado a Bruna Tavares, que nos acompanhou quando realizamos a Pedra do Cone. Alexandre chegou primeiro e ficamos batendo um papo enquanto a nossa amiga não chegava. Após um pouco de espera, ela chegou, nos cumprimentou e então embarcamos no nosso ônibus. Mais uma vez, o nosso destino era o pinheiral, no Bonfim. Como de costume, cada um buscou o seu lugar, perto das janelas. Conversamos muito e eu estava feliz por estar voltando a caminhar e também por matar a saudade deles. O ônibus então partiu e seguimos para a região em que faríamos a nossa caminhada.

Hora de caminhar.
 Desembarcamos do ônibus e pegamos a estradinha de terra, passando pelas plantações locais e cumprimentando alguns moradores que já estavam a trabalhar no local. Fomos num ritmo bom e batíamos um bom papo. Passamos pelo casebre abandonado, que indica o início da trilha do Mãe D'Água e prosseguimos pois, o nosso objetivo era chegar a trilha bem íngreme do Alcobaça. Chegamos na entrada da trilha, nos reabastecemos e voltamos ao caminho. Alexandre ia subindo na nossa frente. Bruna e eu íamos um pouco mais devagar. Em hipótese alguma eu tentaria forçar a barra. Ainda estava receoso por causa das terríveis dores que senti na última trilha, há dois meses.  Por conta da trilha acentuada do Alcobaça, a gente parava de hora em hora pra tomar água.  Descansados, retornamos a bela trilha do Alcobaça e pegamos o caminho para o Morro do Teto. Chegamos numa crista linda, com orquídeas floridas, mata exuberante e pra variar, com um visual bem recompensador.

Linda bromélia no nosso caminho.

 O ânimo se apoderou de nós e relaxamos um pouquinho. Agora, seguíamos mais devagar, aproveitando cada detalhe do lugar. Mas a névoa pegou carona e resolveu nos acompanhar.


Bruna subindo a trilha na crista. A névoa ao fundo cobria o Alcobaça.
 Depois de chegar ao cume, demos umas exploradas no local e decidimos descer um pouco, com o intuito de achar um local melhor para se proteger do vento e do frio. Achamos um local um pouco mais chamativo, com umas boas lajes de pedra. Bruna achou o seu lugar numa laje e foi se aconchegando. Fiz o mesmo e comecei a lanchar um pouco e ouvir algumas músicas no meu fone de ouvido, enquanto pacientemente, torcia para que o tempo melhorasse.


Bruna e eu fotografados pelo Alexandre. O jeito foi sentar e ser paciente.

 Alexandre, como sempre, andava freneticamente de um lado para o outro, olhando todo o local. Pra variar, ele estava com a sua câmera, inquieto e procurando por momentos para fazer as suas fotografias. Esperamos por mais ou menos uma hora para que o tempo pudesse nos surpreender. E surpreendeu mesmo! A névoa decidiu sair e para a nossa alegria, sentimos os raios do sol tocar a pele. Não foi nada fácil ficar esperando. Até para conversar com a ventania que estava era difícil. Repetíamos  o que dizíamos toda hora, até o outro entender. Aproveitamos a janela de tempo favorável e curtimos o visual. E claro, sem esquecer de registar alguns momentos. 


Mãe D' Água e Alcobaça a partir do Morro do Teto.

Mãe D'Água, Alcobaça e a crista do Teto.

Bruna e eu sendo fotografados pelo Alexandre.

 Com o tempo melhor, subimos ao cume do Morro do Teto para poder apreciar a muralha da Serra dos Órgãos.  A visão foi acima das expectativas. Tudo era diferente e lindo.
Não podia faltar nosso registro.
 Alexandre e Bruna aproveitaram para curtir o cume e fazer alguns registros também. Eu me arrisquei com o meu celular e acabei me empolgando um pouco. Numa das fotos, consegui pegar algumas das montanhas mais altas da nossa querida Serra dos Órgãos. 
Montanhas da Serra dos Órgãos. Do Cubaio ao Bandeira.
 
Aproveitei para fazer um registro de algumas montanhas da Serra da Estrela, que é uma extensão da Serra dos Órgãos.
Montanhas que formam a clássica travessia Cobiçado - Ventania.
 Bastante felizes e satisfeitos pela recompensa que o tempo nos deu, decidimos voltar. A volta foi bem tranquila. Papeamos, lanchamos, fizemos mais registros...

Descansando na volta. Essa pedra era muito convidativa.
 
Bruna e eu na volta. O imponente Alcobaça roubando a cena ao fundo.
 Ao sairmos da trilha do Morro do Teto, pensamos em assistir o sol se pôr do Alcobaça. E a ideia era ótima! Seguimos para a subida escorregadia e íngreme do cone do Alcobaça depois de vencer o trepa-pedras. Ao chegar lá, nos acomodamos e esperamos. Mas a natureza, dessa vez, decidiu que não assistiríamos o espetáculo desta vez. A névoa chegou pra ficar e então descemos a montanha. Bem felizes, nos dirigimos a estradinha de terra. Chegamos ao ponto de ônibus e esperamos ele chegar. Ele chegou, embarcamos e fomos até o terminal. Lá me despedi do Alexandre e fui buscar um copinho de café na lanchonete. Ainda deu tempo de voltar e bater um papo com a Bruna. Vimos algumas fotos da trilha e então meu ônibus chegou. Me despedi de Bruna e embarquei. O dia foi ótimo ao lado deles. Quando cheguei em casa, e refleti sobre o meu dia, tive a total certeza de que aproveitei imensamente. A montanha nos conquista, nos eleva, nos ensina e precisamos atender ao seu chamado.





domingo, 18 de novembro de 2018

Morro do Bonet

Relato da caminhada ao Morro do Bonet .

Morro do Bonet.

Trecho que antecede o cume do Morro do Bonet.
Linda caminhada numa das montanhas da Serra do Couto, no Rocio,  divisa entre Petrópolis e Duque de Caxias, sendo o ponto culminante do município vizinho. Com sua trilha relativamente curta e com alguns trechos íngremes,o cume nos presenteia com ótimas lajes de pedra e com uma visão diferenciada para  a cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro e também para a Reserva Biológica do Tinguá. A montanha pode facilmente ser reconhecida de diversos lugares por conta do formato de uma verruga na sua parte mais alta.
No domingo, conversava com o Marcelo Carvalho, um grande amigo. Decidimos realizar essa trilha e combinamos tudo para não ter qualquer problema em cima da hora. Fui para a minha casa e apenas esperei que a segunda-feira chegasse. Não iria demorar muito, pois já era dia de domingo. Restava organizar a mochila, ajustar o despertador e fechar os olhos.

24 de Julho de 2017.

Acordei bem animado e estava quase tudo pronto. Coloquei  as garrafas de café e água na mochila. Peguei também uns biscoitinhos e barrinhas de cereais. Me despedi da minha mãe e fui para a rua encontrar o meu amigo. Subindo as escadas , observei o lindo azul do céu quase sem nuvens. Fui até a casa do Marcelo e ele me convidou para entrar. O combinado era de fazer um bate-e-volta para conhecer o local. Com isso, não precisaríamos carregar um monte de tralhas na mochila. Após papear um pouco, saímos da sua casa e ele pegou a moto na garagem. Montei na garupa e lá fomos nós. Descemos do Vicenzo Rivetti e pegamos a rua do Vale do Carangola. De lá, seguimos para a rua que levava para Corrêas  e também para a BR-040. Chegamos rapidamente a BR-040 e seguimos para a região do Rocio. Enquanto Marcelo estava concentrado na pista, eu me atentava para qualquer pedreira que aparecesse e ainda curtia o vento da liberdade. Com um pouco de frio na barriga por estar andando na BR-040 numa motocicleta, chegamos na placa indicativa do Rocio e fiquei aliviado. Passavam diversos carros, ônibus e caminhões em alta velocidade bem perto de nós a todo tempo.
Placa indicativa.
 Já no Rocio, era mais agradável de andar. Fiquei relaxado e curti bastante a rua de paralelepípedos em meio a muitas árvores e ao belo canto dos pássaros pela manhã. Ao iniciar uma descida, passamos por um ônibus e em seguida por um carro. Após fazer uma curva, os cachorros da região nos davam as boas-vindas com latidos bem altos e tentavam nos morder. Nos livramos de umas boas bocadas por pouco e seguimos pela bela região. Eu adorava tudo o que via: As matas, os córregos, as cercas,  os cavalos, os bois e muitos animais que apareciam perto de celeiros e pastos. O lugar era adorável. Tempos depois, chegamos a placa indicativa da trilha do Bonet, que infelizmente estava pichada por vândalos que frequentam nossas montanhas.

Placa indicativa da trilha vandalizada.
Desci da moto e esperei o Marcelo estacionar.                        
Marcelo estacionando a moto.
Após estacionar a moto no canto da estrada, Marcelo me acompanhou e seguimos para iniciar a trilha. Íamos num passo tranquilo, desfrutando de cada momento na trilha. Notei que o trecho inicial da trilha era muito feio e erodido.

Na subida do trecho erodido.
 Tomamos o devido cuidado para não escorregar e continuamos.
O erodido trecho inicial.
 Passamos por outros trechos bem desgastados e então resolvemos fazer uma parada.  Aproveitei para olhar o CINDACTA( Pico do Couto,1776m). Comentei com o Marcelo que certa vez, numa linda noite, enquanto prosseguia na estrada para ir até Cabo Frio, reconheci a montanha por conta das luzes que são ligadas ali ao anoitecer. Aquela noite estava tão bela que nem o Congonhas e a Serra do Tinguá passaram despercebidos.
Pico do Couto(CINDACTA) na parte de cima da imagem.
 Voltamos a subir e entramos num trecho de mata bem bonito, com muitas flores, plantas e é claro, sombra. Mesmo estando um pouco cedo, já fazia um baita calor.
Atrações da trilha.

Trecho de mata da trilha.
Após subidas e paradas, avistei uma pedra a frente e consegui ter uma visão um pouco maior do local em que estávamos. Avisei ao Marcelo e então prosseguimos até chegar perto dela. Avaliei o local e  vi que o cume já estava logo ali, esperando a nossa visita. Sem tempo a perder, disparei na frente, venci o trepa-pedras e senti mais uma vez o sabor de se alcançar o cume de uma montanha. 

Trepa-pedras antes do cume.

Marcelo chegou e então nos cumprimentamos e agradecemos um ao outro pela companhia.


Nosso registro ao chegar no topo.
 No cume não tinha ninguém e o visual era muito bonito.

Visual do cume para a linda região da Serra do Couto. Congonhas no centro da imagem.

Marcelo fazendo seus registros.

Visão para a região do Rocio e para algumas montanhas de Petrópolis.
 Antes dessa trilha, o Marcelo tinha me acompanhado pela ultima vez no dia 14 de Agosto de 2016. Naquele belo dia, conhecemos o lindo Pico do Alcobaça(1811m). Começamos a explorar o cume a apreciar cada detalhe, buscando pelo melhor lugar para fazer o nosso lanche. Enquanto andava e registrava pelo cume, percebi que recentemente alguém ou alguns acamparam ali e deixaram os seus rastros. Desmontei fogueiras, catei filtros de cigarro e retirei resíduos plásticos.
Restos do que sobrou de uma fogueira. Não faça fogueiras. Respeite o Meio Ambiente.

Ponta de cigarro jogada no chão.
 Depois de cumprir com o dever de retirar o lixo, voltei a curtir a montanha com o meu amigo.  Para evitar um pouco o vento, aproveitamos um espaço entre duas lajes e ali tomamos o nosso café. Ficamos no cume por horas e conversamos muito. O papo além de bom, era produtivo.
Registro depois do papo.
Registro feito pelo Marcelo.
Marcelo curtindo o visual.
 Após muitas conversas, boas risadas, fotos e vídeos, decidimos que era hora de ir embora. Arrumamos as nossas coisas e começamos a descer a trilha. A descida foi rápida até a gente chegar no trecho erodido. Passamos com cuidado ao descer nessa parte para evitar qualquer tipo de acidentes ou ferimentos. Chegamos a beira da rua, atravessamos para o outro lado e então Marcelo manobrou a moto. Montei na garupa e voltamos pelo mesmo caminho. Antes de chegar ao nosso bairro, paramos num barzinho para tomar uma pepsi e comer alguns salgados. Quando me dei conta do que estava acontecendo, comentei com o meu amigo e rimos muito. Tivemos uma lombeira que nos fez ficar por mais de 30 minutos tomando coragem para levantar e seguir para casa. Recuperados, voltamos as ruas e seguimos para casa. A volta foi bem tranquila e então chegamos no portão da casa do Marcelo e eu desci da moto para que ele pudesse estacionar. Devolvi o capacete a ele e o agradeci pelo dia. Com um sorriso de velhos amigos no rosto e um caloroso aperto de mãos, fui para casa descansar. Feliz e satisfeito, fiquei grato pelo dia e entrei para o banho. Outra bela trilha e com uma ótima companhia!

 

   

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Pedra do Mãe D'Água

Relato da trilha do Mãe D'Água.

Mãe D'Água a partir do ombro do Alcobaça.
Um convite irrecusável.

 Antes mesmo de planejar algo para fazer durante o final de semana, Alexandre já tinha em mente ir até o Mãe D'Água e me convidou. Não pensei duas vezes e confirmei presença.  A trilha aconteceria no dia 15 de Abril de 2017, no sábado. Deixei tudo o que precisaria para o dia seguinte arrumado na mochila e fui dormir. Acordei bem cedo, fiz café e segui para o ponto de ônibus. Combinamos de nos encontrar no terminal. Ao chegar lá, pacientemente aguardei a chegada de Alexandre. Não demorou muito e ele apareceu. Mas para a minha surpresa, estava acompanhando do Pablo Cristo. Não o via desde a trilha do Palmares. Cumprimentei eles e começamos a colocar o papo em dia. Como sempre, rimos bastante. O ônibus chegou e embarcamos. Escolhemos os nossos lugares e ajustamos as nossas mochilas. O motor começou a trabalhar e então o ônibus saiu do terminal em direção ao pinheiral, no vale do bonfim. Durante o percurso, eu escutava música e apreciava o caminho. Prestava bastante atenção nas montanhas e plantações.

Hora de caminhar.

Saltamos do ônibus antes do ponto final e prosseguimos na estradinha de terra que levava ao acesso da trilha que faríamos. Seguimos na estradinha de terra passando por alguns moradores da região que cuidavam das suas plantações. Enquanto caminhava, olhava para algumas montanhas mais próximas e acabei notando que a maior parte estava oculta por conta do tempo. Estava nublado. Depois de andar por quase 2 km , chegamos no local em que a trilha se inicia. Ajustamos tudo e lá fomos nós, passando pela cerca de arames que fica ao lado de um casebre abandonado.

A trilha.

Iniciamos a trilha e o trecho inicial era numa subida. O lugar era muito bonito e era só o começo. Alexandre e Pablo iam a frente, enquanto eu fazia alguns registros, um pouco atrás deles.

Alexandre e Pablo na subida inicial da trilha.

Continuamos a nossa trilha com bastante entusiasmo. O lugar era muito agradável, com muitas plantas, flores e árvores. Para ajudar, estava fresco e com vento constante. Seguimos pela trilha até pegar um trecho na mata, com algumas curvas e subidas, até chegar numa laje. Ao chegar na laje, nos deparamos com um riacho. Alexandre e Pablo ficaram avaliando o local. Não perdi tempo e então tirei o meu exemplar do ''Guia de Trilhas de Petrópolis'' da mochila para verificar o caminho e onde nos encontrávamos. Procurei a página do roteiro e lá estava a dica. Desci a laje, contei alguns passos e vi um totem um pouco escondido, do lado esquerdo. Me aproximei e então vi a calha da trilha. Estava um pouco escondida, mas dava pra seguir tranquilamente. Avisei aos meus amigos e então seguimos em frente. A trilha começou a subir e começamos a ter uma melhor visão do local.  Depois de subir um pouco, chegamos num trecho com lajes de pedra e alguns totens. O Alcobaça desse ponto tinha um aspecto impressionante. O tempo nublado e a névoa deixavam o ambiente com um clima de suspense, era fantástico.
Alexandre e Pablo subindo as lajes. O cônico pico do Alcobaça a esquerda da imagem.

Continuamos a subir, se orientando com a ajuda dos totens e das informações que tínhamos. Após vencer a lajes repletas de bromélias, pegamos a trilha que sobe o ombro do Alcobaça, que através de um colo, faz ligação com o Mãe D' Água. Vencemos todo o trecho com facilidade e aproveitávamos toda parada possível. A gente tirava foto, lanchava e tomava água. O tempo começava a dar sinais de melhora e começamos a perceber que mesmo com a presença das nuvens, o calor aumentava aos poucos.

Pablo e Alexandre na subida do ombro do Alcobaça.
O tempo começou a ajudar de vez e conseguimos ver um pouco mais do visual. Logo chegamos a parte mais alta do ombro e identificamos a descida para seguir até o Mãe D' Água.

Reta final.

Descemos o colo entre as montanhas e chegamos num local com uma curiosa pedra. A frente, um trecho repleto de orquídeas, bromélias e diversas flores, Alguns musgos esverdeados nas pedras e uma vegetação bem chamativa.

Alexandre e eu no trecho de mata antes da crista.

O lugar era tão belo que a vontade era de ficar ali mais tempo. Saímos satisfeitos de poder apreciar  e levar alguns registros como lembrança e voltamos a trilha. Faltava muito pouco, e o tempo começava a mudar. Estava um pouco instável. Andamos mais um pouco e então o nosso campo de visão se expandiu. A crista era impressionante com a sua vegetação,  acompanhada por inúmeras bromélias amarelas.
Alexandre na subida da crista.
Apesar do tempo instável, não desanimamos em momento nenhum. Estávamos esperançosos para ver o visual do cume. Havia também uma enorme surpresa atrás de nós. O pico do Alcobaça se mostrava cada vez mais impressionante a medida em que subíamos a crista.
Pico do Alcobaça e o enorme diedro na sua Face Oeste.
Comentamos muito sobre como era incrível observar os mais diferentes ângulos das montanhas que a gente conhecia. Prosseguimos e notamos que a trilha começava a ceder. O cume estava muito perto, era chegada a hora de correr para o abraço.
Eu e Pablo clicados pelos Alexandre Milhorance na crista.
A última subida foi bem tranquila e então chegamos ao cume. Nos cumprimentamos e começamos a explorar o cume. Um totem isolado chamou a nossa atenção e então fomos verificar. Para a nossa alegria, lá estava ele, o livro de cume. Assinamos ele e eu fiquei encostado numa pedra lendo os relatos. O livro se encontrava lá desde 1979 e sobrara poucas páginas.
Tampa do livro de cume da montanha. Presente lá desde 1979.

 Alexandre e Pablo foram juntos para explorar outras partes da montanha. Eu só queria sentar e apreciar tudo enquanto lanchava. Cuidadosamente guardei o livro e me certifiquei de que ele estivesse devidamente protegido. Tempos depois Alexandre e Pablo voltaram e lancharam também. Fizemos muitas fotos, gravei vídeos e conversei com os meus amigos.  Por um tempo, a névoa tomou conta do lugar e aguardamos pacientemente. Mais uma vez, para a nossa alegria, abriu-se uma janela de tempo favorável que nos permitiria fazer ótimos registros.
Cume do Mãe D'Água com o Alcobaça ao fundo.
Fotografia : Alexandre Milhorance.

A visão do cume era encantadora. Dava para ver grande parte da cidade e muitas outras montanhas. Alexandre estava atento e com os dedos coçando para apertar o click. Assim como eu, Pablo andava de um lado para o outro no cume, certamente aproveitando cada pedacinho daquele lugar. Numa dessas andanças, Alexandre fez uma foto nossa.

Pablo e eu no cume.
 Alexandre estava se divertindo com a sua câmera e comentando sobre alguma coisa relacionada ao tempo. Notei que, apesar de não estar limpo, compensava com as cores e as nuvens.

Alexandre num dos mirantes do cume.
 Bastante satisfeitos, reunimos as nossas coisas, e decidimos que era hora de ir embora. A volta foi bem tranquila e saímos da trilha rapidamente. Pegamos o ônibus e desembarcamos no terminal. Conversamos sobre a trilha e o tempo, olhamos as fotos e nos despedimos depois de um belo dia numa das montanhas mais belas da cidade.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Morro do Cubaio x Castelitos

Relato da caminhada ao Castelitos.

O imponente e rochoso Castelitos.
Fotografia : Alexandre Milhorance.

Há tempos, um cume imponente e pontiagudo chamou a minha atenção. Com os seus 2.240 m de altitude e localizado na Serra dos Órgãos, ele se destaca por estar ao lado das mais altas montanhas da região tendo um formato pontiagudo e inconfundível. Essa montanha me lembrava muito dos imponentes picos nevados das altas montanhas. Mas aqui, ele recebeu o verde da nossa bela mata atlântica. Curiosamente, essa mesma montanha chamou a atenção do Alexandre. E o resultado foi planejar uma caminhada até lá!

Castelitos, uma realização.

Depois de ficar sem caminhar por três longas semanas,Alexandre e eu já tínhamos o nosso roteiro do fim de semana. Estar afastado das montanhas era horrível e para piorar, o tempo não colaborava. Mas no domingo, 13 de Agosto de 2017, fomos abençoados pela natureza de uma forma surpreendente. Depois de pegar o ônibus e chegar ao terminal, esperei o meu amigo chegar. Quando ele chegou, o nosso ônibus estava prestes a sair. Não perdemos tempo e embarcamos. Já dentro do ônibus, procuramos os nossos assentos e nos sentamos. Pelo caminho, conversamos muito e demos boas risadas. Descemos quase no ponto final do Pinheiral, no Bonfim. Pegamos a estradinha de terra e andamos por cerca de 1km até chegar a portaria do PARNASO(Parque Nacional da Sera dos Órgãos) em Petrópolis. Pagamos os nossos ingressos e iniciamos a longa caminhada do dia. Notei que o tempo estava nublado e fazia bastante calor logo pela manhã. Certo tempo depois, paramos num riacho para tomar aguá e encher os nossos recipientes. Voltamos a trilha e subíamos num bom ritmo. Bastante animados e bem motivados, chegamos a cachoeira do Véu da Noiva e fizemos um tempinho por lá.
Cachoeira do Véu da Noiva.

 Ficamos lá admirando aquele belo lugar e aproveitamos para lanchar e nos hidratar. Satisfeitos, bem alimentados e descansados, novamente voltamos para a trilha. Subíamos bem rápido, até o corpo cobrar por um momento de descanso. Paramos numa laje e enquanto recuperávamos o fôlego, notamos o lindo visual daquele lugar. Apesar do calor, o tempo estava estável e com o céu limpo. Observei o Morro do Açu  e o Morro do Alicate.

Morro do Açu e Morro do Alicate vistos da parte de cima da cachoeira.

 A nossa esquerda, aparecia também o pontiagudo Pico do Glória, uma bela montanha. O dia era promissor e nós não perdemos tempo. Continuamos a nossa jornada em direção ao Morro do Cubaio. Chegamos a Janela do Bonfim, mas a névoa baixa não nos permitiu desfrutar desse mágico lugar. Entramos numa linda mata, com muitas árvores, bromélias e orquídeas em grande quantidade. Sem falar no agradável cheirinho de mato.
Trecho de laje e bromélias.

 Seguimos no arranque e vencemos uma longa e íngreme subida num calor sufocante. Até chegar na crista foi um tremendo castigo. Já na crista nos deparamos com uma visão espetacular com o sol acima de nós, e ás nuvens, aos nossos pés.

Surpreendente visual ao alcançar a crista. Ao fundo o Taquaril.
 Não poderíamos desejar um dia melhor para esse roteiro. O nosso primeiro cume estava próximo, mas faltava um pouquinho mais. Faltava pouco para alcançar, e o calor aumentava o desgaste. Antes de partir para a reta final e alcançar o cume do Morro do Cubaio,
Morro do Cubaio, Castelitos, Morro da Luva e Contra-Forte da Luva (Luvinha)
Esq-Dir.

 Alexandre e eu decidimos fazer uma parada para recuperar as energias num mirante bem chamativo. Lanchamos de novo, tomamos água, isotônico, e fizemos algumas fotos e vídeos do local. Quase não ventava e então as mutucas começaram a aparecer.
Alexandre Milhorance fazendo seus registros no mirante.

Nos organizamos e voltamos a andar para escapar das doloridas picadas desses insetos perturbantes. Momentos depois, finalmente alcançamos o cume. Dessa vez, com o tempo impecável. Diferente de três semanas atrás, com o tempo nublado, frio e com um vento forte e gélido. Fizemos mais registros e descansamos.
Fantástico visual do Morro do Cubaio.


Um novo destino.

  Sabíamos que a jornada não tinha acabado. Agora que começaria pra valer. Depois de conversas, avaliações e muita vontade, partimos então rumo ao Castelitos.
Castelitos a partir da descida do lajão.

 Fomos sem facão - pois o uso do mesmo só é permitido com pedido antecipado. Decididos, abastecidos e com muita determinação, começamos a fazer a nossa rota na ''marra''. O começo já foi um teste e tanto, pois tínhamos que passar por um trecho de bambus entrelaçados. Para a nossa sorte, era um trecho curto e que deu um certo trabalho. Após passar pelos bambus, chegamos num trecho de mata rasteira e seguimos vestígios do que parecia ser uma calha antiga e que de tempo em tempo, ficava bem confusa. Optamos pelo bom senso. Chegamos num lajão e começamos a ladear, seguindo alguns totens, até aparecer um vale ao fundo. Paramos e observamos tudo, avaliando cada parte daquele lugar encantador. Víamos totens, outras lajes de pedra e muito capim-de-anta. Olhamos também para o Castelitos e começamos a caminhar. Depois de descer as lajes, entramos num trecho com muito capim-de-anta e íamos lutando para dar um passo a frente. Vencido esse trecho, entramos novamente na mata, só que dessa vez, tivemos que fazer o dobro do esforço para sair dos fortes galhos que estavam em nosso caminho.
Predominância do capim-de-anta no vale. Pipoca e Pedra do Sino.
Esq-Dir.

 Desviamos até ficar cansados, perfurados e arranhados pelos pontiagudos e dolorosos espinhos desse trecho. Essa foi a pior parte da trilha, pois o calor era sufocante, o ritmo era mais lento e causou um pouco de estresse. Quando saímos desse matagal, paramos numa laje cheia de totens e Alexandre rapidamente viu uma forma de subir. Mas antes, mais um trecho ''nadando'' no capim-de-anta. A laje que nos daria acesso a parte final estava perto e longe ao mesmo tempo. Parecia estar a quilômetros de distância por conta das condições em que nos encontrávamos. Foi uma guerra vencer o capim com as pernas cansadas de subidas e descidas, calor sufocante, cortes e arranhões em todas as partes do corpo.

Mar de capim-de-anta.

 Quase lá.

 Foi aliviante chegar a laje para poder descansar e tentar relaxar um pouco. Não estava sendo nada fácil, mas faltava pouco, muito pouco para ter uma experiência fantástica nesse estranho domingo caloroso.  Quando iniciamos a subida das lajes, tive câimbras terríveis. Vencemos algumas subidas de lajes e voltamos a entrar no capim-de-anta, que não parecia ter fim. Vinte minutos depois, começamos a perceber que a inclinação estava diminuindo. E isso significava que o cume estava próximo. Não demorou e então vimos os incríveis blocos do cume do Castelitos, bem a nossa frente. Foi emocionante e comemoramos muito. A maravilhosa visão deste cume nos permitiu olhar as belas montanhas da Serra dos Órgãos por ângulos que jamais poderíamos imaginar.
Linda visão a partir do cume do Castelitos.

  No cume vizinho, Morro da Luva, havia um grande grupo que seguia na travessia Petrópolis x Teresópolis.  Atrás de nós, descortinava-se, ao longe, o impressionante maciço de montanhas da região dos Três Picos, em Friburgo. Vimos o Pico Maior, Médio e Menor,Capacete, Seio da Mulher de Pedra e tantas outras montanhas. Bem perto, o Morro do Pipoca, Papudo, Pedra do Sino, Garrafão, Dedo de Nossa Senhora, Escalavrado, e até a pontinha do Dedo de Deus. O lanche no Castelitos teve um sabor pra lá de especial. Atingimos com sucesso o terceiro ponto mais alto da nossa serra, numa montanha pouco frequentada e bastante preservada.
Visual do cume para as montanhas de Petrópolis.
Fotografia : Alexandre Milhorance.

 A Serra do Cantagalo era fascinante vista dali. O vale do Bonfim, agora, estava ao nossos pés e apresentava uma enorme garganta, repleta de muitas rochas e o predominante verde da mata.

Ao lado dos incríveis blocos do Castelitos.
Fotografia : Alexandre Milhorance.

 Recuperados, com registros inéditos, começamos a longa jornada de volta. Foi mais desgastante voltar do que chegar até ali.

Nosso registro antes de partir. Surrados e orgulhosos. Felicidade sem tamanho!

 Enfrentamos todos os desafios da ida com muita força de vontade, mas num ritmo bem diferente. Minha água tinha acabado, estava com câimbra nas subidas e totalmente cansado. Chegamos ao Cubaio depois de muito esforço e fizemos uma parada rápida. A minha salvação foi o Camelbak do Alexandre. Mas durante a descida, a água dele secou. Descemos rapidamente, sem parar e chegamos na cachoeira do Véu da Noiva. Abastecemos os recipientes, nos deliciamos com a água gelada e tocamos rumo a portaria. Na descida, faltando pouco para chegar a portaria, topei com um homem e uma mulher, um pouco a frente. Eu tinha a ligeira impressão de que os conhecia, mas ao mesmo tempo, não tinha certeza. Eles acabaram reparando que íamos depressa e abriram o caminho para que pudéssemos passar. Agradecido,desejei uma boa tarde ao casal. O homem, por sua vez, perguntou se o meu nome era ''Mateus''. Provavelmente me reconheceu pelo chapéu. Confirmei o meu nome e tinha o dele na ponta da língua : Era o Marcel Leoni, montanhista e escalador petropolitano. Amigo das redes sociais e que eu sempre acompanhava as suas atividades  nas montanhas. A moça que estava com ele era a sua namorada, Denise Oliveira. De forma rápida, nos cumprimentamos e seguimos descendo rapidamente a trilha. Chegamos na portaria e pegamos a estradinha de terra. Ao final dela, reencontramos o asfalto e esperamos o nosso ônibus aparecer. Enquanto isso, papeamos muito sobre a recente aventura que fizemos com muito orgulho. Finalmente o ônibus apareceu e então embarcamos. Chegamos ao terminal e me despedi do Alexandre, pois o ônibus dele já estava prestes a sair. Fui para o meu ponto e sentei ali mesmo, encostado numa das estruturas, estava exaurido. Como faltavam 01h30 para a chegada do meu transporte, fiquei revendo as fotos e olhando os vídeos, ainda incrédulo, pois foram ao todo 10h de trilha somando a ida e volta. Algumas pessoas me olhavam de forma estranha e outras, curiosas. Eu estava com a calça suja, bastante arranhado, perfurado, com manchas de sangue na calça, mochila nas costas e com um sorriso no rosto. Ao ouvir o conhecido barulho do motor, conectei o fone de ouvido no celular e fui me sentar para relaxar com algumas músicas. Foi uma experiência fantástica  numa montanha preservada e com um amigo que compartilhava dos mesmos sentimentos.