A Maria Comprida é de longe a montanha mais impressionante da cidade de Petrópolis. A ascensão até o seu cume foi realizada na década de 30, pelo escalador Emérico Hungar. A conquista foi um marco histórico do montanhismo brasileiro. Antes da conquista, essa gigante era cercada de lendas, incluindo sacis e mulas-sem-cabeça no seu cume, considerado inatingível. A rota de conquista foi batizada de ''Canaleta'', alcançando o cume pela parede Leste a partir do colo entre o João Grande (Manoel Grande naquele tempo) e a Maria Comprida. A rota atual, por caminhada, inicia-se pelo monumental paredão Sul e segue pela linda crista a Sudoeste, vencendo 300 metros de desnível vertical até alcançar a ''Passagem dos Camelos''. Após as corcovas do camelo, a trilha segue pela estreita crista, chegando ao ponto de ter o abismo a menos de 1 metro de ambos os lados. Mais a frente, fica a curiosa ''Pedra Suspensa'' e depois para a estreita canaleta que ganhou o nome de ''Passagem Leander'' por conta do montanhista que a descobriu. Além dessas rotas, a Maria Comprida tem outras rotas tão impressionantes como ela. Uma dessas é a ''Maria Nebulosa'', com 1.040 m de extensão localizada no seu paredão Nordeste. Mas sem dúvida, a via mais hipnotizante e desafiadora é a ''Domínio das Sombras'', com 830 metros de extensão na sombria parede frontal Sul. Os escaladores petropolitanos ''Alex Che'',''Ildinei'' e ''Bidú'' passaram 10 dias pendurados na parede sem ver o sol- pois em boa parte do ano a parede não é iluminada pelo sol. Chegaram ao cume no limite dos nervos e de suprimentos. Após o feito, a via permanece sem repetições. Com vocação para vias de acesso até o cume e com paredes rochosas que ultrapassam os 1.000 metros de altura, foi também palco de dois acidentes com aviões que se chocaram contra ela. Ninguém sobreviveu.
Maria Comprida e seu paredão impressionante. |
Em Petrópolis, eu duvido que exista alguém que não tenha ouvido falar da Maria Comprida. E mais ainda de quem não a reconhece visualmente. Ela é praticamente vista de quase todas as partes da cidade. Ergue-se imponente e dominante na Serra das Araras, em Araras. Quando se compara a outras montanhas em seu mais diversos formatos, ela se destaca. A 1.926 metros de altitude acima do nível do mar, um gigante de pedra apresenta-se vaidoso e imponente, deixando claramente a sua impressionante forma contra o céu.
Quando eu era mais novo, ia muitas vezes em Araras, na localidade conhecida como Vista Alegre. O destino era sempre o mesmo : A casa da ''Tia Tereza''- que não vejo há tempos. Eu e meus irmãos ficávamos brincando com outras crianças no quintal até tarde da noite, antes de entrar para tomar banho e lanchar. Havia uma rede do lado de fora, onde por horas, eu estava a descansar e a brincar. Numa dessas visitas ouvi pela primeira vez sobre a Maria Comprida. Eu não fazia a menor ideia do que seria. Minha mãe falava com a tia Tereza sobre os aviões que bateram na tal Maria Comprida. Como toda criança, curiosa e atenta, perguntei a elas o que era e onde que bateram. Então me apontaram a direção da montanha e eu fiquei apenas olhando sem entender muita coisa. Lembro apenas de ter me deparado com um enorme contorno que ia de encontro ao céu. O tempo passou e tudo mudou. Acabei descobrindo esse universo rochoso que nos fascina a cada passo, subidas, agarras e descidas.
Numa conversa com um amigo das trilhas, Anderson Medeiros, ele me contava da sua vontade de ir até lá. Disse também que estava se preparando pois,além de ser uma caminhada pesada e bastante técnica, ele tinha medo de altura. Na conversa, disse a ele que eu também tinha o enorme desejo de ir até ela. Depois de muito tempo, ele me pediu informações sobre guia. A Maria Comprida está em área particular e para acessar a sua trilha é preciso estar acompanhado de guia credenciado. Antes era só ligar para o condomínio e agendar o dia da subida. Porém, alguns caminhantes quebraram as regras e criaram um estreito relacionamento entre os montanhistas e os donos dos arredores onde situa-se a montanha. Por dia é permitido somente 6 pessoas na trilha e pode ser iniciada as 07h00 da manhã e com saída do condomínio no máximo entre as 17h00 e 18h00 da tarde. Além do Anderson Medeiros, Francisco Rebello também falou comigo sobre a questão do guia. Da mesma maneira, indiquei o Lucas Lourenço Rocha, que conheci no CEP e tivemos breves encontros na travessia Petrópolis x Teresópolis. Depois de negociarem os horários e todo o resto, foi decidido que iriam no domingo, 03 de setembro de 2017. Nem me passava pela cabeça que eu iria. Mas estava feliz por poder ajudar todos que queriam e iriam...
Um convite surpreendente...
Avisei o Lucas sobre os rapazes que estavam interessados em fazer a trilha. Agradecido, ele me informou que os rapazes já tinham consultado ele e estava tudo marcado. Foi nesse momento que ele me chamou pois havia uma vaga. Fiquei incrédulo! Não acreditei, mas certamente não perdi tempo e disse claramente que sim. Tudo isso ainda na sexta-feira. Ele pediu para que eu aguardasse pois, no sábado, ele explicaria a logística e outras coisas. Fiquei animadíssimo, mas reencontrei um antigo problema. Uma ansiedade de tamanha proporção. Encontrei o Davi Moura e ficamos papeando na rua por longas horas. Fomos até a casa dele e só voltei pra minha casa quando o dia clareou, já no sábado. A hora estava acelerada até então. Cheguei em casa, peguei o meu celular e fui para o meu adorável banquinho de madeira que fica na varanda. Sentado e encostado na parede, coloquei o vídeo do ''Drone Aventura - Maria Comprida'' no YouTube. Junto de Felipe Lombardi, autor do vídeo,estava o Thiago Haussig. O vídeo mostrava a beleza do lugar, mostrando ângulos incríveis daquele cenário fabuloso. Numa parte do vídeo, Thiago está subindo a crista Sudoeste, passando ao lado de um pinheiro com o drone filmando a verticalidade surreal da parede. Até essa parte, segurei as lágrimas. Mas não por muito tempo. Após isso, Thiago abria os braços na crista, bem perto do paredão e em seguida, na subida da ''Passagem Leander''. ''Takes'' pra cá,'' Takes'' pra lá e então o drone sobrevoava a montanha, passando primeiro por Thiago e em seguida pelo Felipe. A frente, o imenso horizonte que o drone capturava pegando a Serra dos Órgãos, Serra da Estrela, Serra do Cantagalo, Serra do Taquaril e ao longe, a região dos Três Picos de Friburgo. Era impossível conter a emoção. Até a trilha sonora era tocante com a sua melodia que combinava e harmonizava com tudo. Me levantei e fui pra cama, na tentativa de dormir. O vídeo não saía da minha cabeça. Deitado em minha cama, virava de um lado para o outro, procurava pela melhor posição, o conforto, mas não adiantava. Bateu uma ansiedade danada. O sábado foi longo e a hora parecia não querer passar. Era quase uma tortura. No decorrer do dia, fiz algumas coisas em casa e depois fui até a casa da minha avó. Lá mostrei o vídeo aos presentes e retornei para a minha casa novamente por volta de meia-noite. Arrumei a mochila, os lanches, as bebidas e então fiquei na varanda tomando o meu café enquanto observava a linda noite com o contorno das montanhas acompanhadas das brilhantes estrelas no céu.
Quase, quase!
Depois de tomar banho e colocar a mochila nas costas, fui pra rua esperar o ônibus que sairia as 05h30. Porém, fui dez minutos antes. Não queria perde-lo por nada. 05h30 e eu nada do ônibus sair. Ansioso, batia o pé no chão e andava de um lado para o outro enquanto escutava umas músicas pra relaxar. Dez minutos depois ele veio iluminando a rua e os muros das casas. Embarquei já sorridente, dando bom dia ao motorista e o cobrador. Nem fiz questão de sentar no banco, pois desceria na entrada do Carangola. Marcava 05h50 quando saltei na entrada do Carangola e atravessei a rua para esperar a carona generosa do Anderson Medeiros. Havíamos combinado o encontro ali por volta das 06h00 da manhã. E lá estava eu mais uma vez com o meu chapéu, mochila e o fone de ouvido. Selecionei algumas músicas do H.I.M e do Metallica. Mudava do Rock/Love Metal para o Rock/Metal. As músicas românticas eram pra relaxar e as agitadas pra me deixar no clima. Não demorou e as 06h10 chegava a minha carona. Ao entrar no carro, me ajustei e cumprimentei o Anderson e também o Vanderlei - amigo do Anderson que acabava de conhecer. Seguimos pelo asfalto até a ponte onde inicia-se a estrada de Araras e paramos num largo. A trilha estava marcada para as 07h00 da manhã. Pouco depois, chegou Francisco Rebello e o seu amigo - Luciano Moreira.
Todos se cumprimentaram e começamos a bater um bom papo. Só faltava o guia (Lucas Lourenço Rocha) chegar. Contudo, para a minha ansiedade me torturar mais uma vez, Anderson disse que Lucas havia mandado uma mensagem. Na mensagem ele dizia que se atrasaria um pouco por ter passado mal durante a noite anterior. Enquanto ele não chegava, continuamos papeando.
A ficha começa a cair.
Lucas chegou e a reação de todos nós não poderia ser diferente : Animação total!!!
Cumprimentou a todos e pegou carona comigo, Anderson e Vanderlei. Fomos na frente a caminho do condomínio ''Rock Valley''. Atrás de nós havia um outro carro e, atrás deste, o carro de Francisco. Pegamos a entrada da rua que seguia para a portaria do condomínio. Paramos em frente ao portão com a guarita do lado. Lucas desceu do carro e em seguida, pediu alguns de nossos documentos para entregar a ficha ao porteiro. Do lado de fora do carro, eu olhei para a montanha. Nunca tinha chegado tão perto até então. Ela estava acompanha do João Grande e da Serra das Antas. Algumas nuvens a envolviam. Nesse momento, antes de fazer um registro, senti que o chamado estava forte, uma energia sobrenatural. Foi aí que percebi a ligação entre o homem e a montanha. A ficha caiu. Era pra valer. Estava iniciando uma trilha que sempre quis fazer.
Portaria do ''Rock Valley''. |
Com um clima muito agradável e uma ótima energia entre os participantes, iniciamos a subida para pegar a trilha. Eu seguia os meus amigos e olhava para a montanha a todo tempo. E as nuvens ainda envolviam o seu cume. Antes de entrar na mata, fiz um registro.
Maria Comprida vista da rua do condomínio. |
Nas trilhas conheci a simpática Bianca Oliveira quando fomos ao Seio de Vênus no dia 19 de Fevereiro de 2017, três dias antes de completar dois anos desde que comecei nas caminhadas. Além dela, desfrutei das agradáveis companhias de Victor - marido da Bianca -, Marcia Fukuda, e Hugo Esteves. Caminhamos e conversamos bastante naquele lindo dia de sol. Com Victor, Bianca e Hugo, falava sobre a Maria Comprida e dá imensa vontade de ir lá. Nem me passava pela cabeça que naquele ano eu iria. Depois conversei com Bianca e soube da linda história que a levou a realizar aquela trilha. Com a sua permissão, trago ao público e enriqueço o relato com a linda história dela em relação a Maria Comprida.
Bianca Oliveira |
Foi muito incrível, o Marcelo - Guia -, foi muito importante. Ele sabia da história, eu tinha contado a ele. E ele falava que tinha certeza de que eu iria subir. A gente foi mesmo cansado e foi incrível. E ali em pensamento eu dizia: ''Vô, cheguei, cheguei, consegui. Prometi, estou aqui!''. Assinei o livro de cume e foi muito importante pra mim. Ficamos lá por 1h e começamos a descer. Marcelo dava as orientações e levamos mais tempo na descida pegando uma parte da trilha já anoitecendo. Mas o que ele garantiu, cumpriu. Chegamos na portarias as 20h, levando 2h a mais . Quando chegamos, o Marcelo veio conversar e parabenizar o grupo por ter conseguido. Estava eu, Victor, minha cunhada e meu irmão. Depois ele veio e me deu um abraço, dizendo que tinha certeza de que a gente iria fazer, que eu ia conseguir e ele sabia o valor sentimental que essa montanha tinha pra mim. Disse também que foi muito importante pra ele fazer parte disso , pois sabia do que tinha ajudado a realizar. Nessa hora eu desabei. Ele foi 10 e foi incrível, incrível, incrível.'' - Bianca Oliveira.
Rumo a crista Sudoeste.
Depois de nos organizar, subimos pela rua até entrar na trilha que ficava um pouco mais acima. Lucas era o guia da caminhada e ia na frente. Eu o seguia de perto com o Anderson e Vanderlei logo atrás. Francisco e Luciano fechavam a fila. A trilha estava bem no começo e íamos amaciando os nossos calçados e também o corpo. Reparei que haviam algumas placas indicando a trilha. Além da vegetação muito bonita ao redor, surgiam alguns bambus. Após algumas parada e conversas, paramos num lugar mais plano. Fizemos alguns registros e lanchamos. Através da linha das árvores eu olhava para a montanha. Não conseguia acreditar que estava ali a caminho dela num dia magnífico.
Maria Comprida. |
Turma reunida. |
Com o rápido ganho de elevação e já na crista Sudoeste propriamente dita, as cordas começaram a aparecer.
Lucas sempre seguia a frente avaliando o estado da trilha e das cordas. E subia um por vez, com cautela total. Os que venciam o trecho aproveitavam para registrar o que vinha depois. Passamos por muitos trechos com cordas durante a subida da crista. Em alguns momentos a trilha beirava a borda, revelando o abismo que se formava aos poucos. Além de cordas, lajes de pedra e muitas flores e arbustos na crista, haviam alguns poucos trepa-pedras. Continuamos a vencer trecho por trecho até sair da crista Sudoeste.
Ralação na subida. |
Passagem dos camelos e as nuvens no cume da MC. |
Na subida da crista Sudoeste. |
O impressionante monólito. |
Pedra suspensa vista da crista Sudoeste. |
Pausa pro lanche. |
Dei uma olhada na pedra suspensa e acompanhei o Lucas. Subimos até passar do lado do abismo a esquerda e procurei por alguma parte dos aviões que se chocaram contra a montanha na esperança de ver alguma parte. Nada vi e então continuei no caminho. Lucas parou um pouco e ficamos batendo um papo enquanto os outros vinham.
Enquanto conversava com o Lucas, ouvi uma agitação e fomos ver o que tinha acontecido. Cheguei a pensar que o Anderson estava desistindo. Para a minha surpresa, não era ele e sim o Vanderlei. Ele foi consumido pelo medo. Parecia ter visto a morte diante dos seus olhos. Anderson, Francisco e Luciano deram uma caçoada amigável para descontrair. Tentamos animar ele para que continuasse. Mas ele realmente travou. Todos deram uma força amiga para o Vanderlei que voltava com o Lucas até o local que fizemos o lanche antes da corcova do camelo. Aproveitamos e ficamos ali papeando e curtindo o visual. E eu não parava de olhar para o cume, estava muito ansioso. E faltava um pouco ainda. Novamente o Lucas apareceu e continuamos. Passamos do lado da pedra suspensa e Anderson fez um registro meu enquanto eu continuava encantado com o paredão.
Já bem perto do paredão da montanha, olhava para o lugar que passaríamos. Fizemos mais fotos aí e seguimos pela trilha bonita e bem definida. Continuamos a ladear o paredão seguindo pela esquerda até a trilha descer na direção da mata e voltar a subir bem íngreme outra vez.
Fizemos um breve descanso e voltamos a subir forte. Seguimos até a estreita canaleta que nos daria acesso ao cume.
Anderson deixou que eu fosse a frente e que era o meu momento. Provavelmente ele achou que eu ia chorar - faltou pouco mesmo. Mas as lágrimas ficaram comigo na madruga de sábado enquanto assistia o vídeo do Drone Aventura. Fui sorridente andando calmamente atrás do Lucas. O momento era nosso, de todos. Foi uma vitória chegar ao cume dessa montanha impressionante. Paramos numa laje perto de um totem. Conversava com o Lucas e Anderson enquanto aguardávamos a chegada de Francisco e Luciano. Só faltou o Vanderlei. Logo eles chegaram e todos se cumprimentaram. Foi emocionante. O clima era dos melhores. Vi no olhar de cada um deles o mesmo brilho que eu tinha em meus próprios olhos. Entendia perfeitamente bem o sentimento deles. Perambulando pelo cume, fizemos muitas fotos e vídeos. Depois nos sentamos pra conversar e falar de tudo um pouco. Falamos sobre montanhas, trocamos conhecimentos e muitas ideias. Após o breve descanso, fomos até o totem que guardava o livro de cume. Quando mexemos no totem, o livro não estava lá. Claro que a ausência do livro não estragou o dia, mas certamente tirava um pouco do brilho da caminhada. Aproveitamos então para fazer alguns registros antes de sentar para lanchar.
Passamos mais um tempo no cume e iniciamos o caminho de volta. Chegar nem sempre é o problema,voltar sim pode ser um grande problema. Voltamos com máxima atenção e cautela sabendo que enfrentaríamos todos os obstáculos da subida. Descemos a canaleta rapidamente e fizemos alguns registros da descida. Logo chegamos a crista e aproveitamos para fazer registros na pedra suspensa também.
O papo estava bom. |
Cume desafiador da Maria Comprida. |
Anderson na subida. |
Sem tempo a perder, iniciamos a subida da passagem Leander, na forma de uma estreita canaleta nas encostas da montanha. Não diferente de todas as partes da trilha, era um trecho totalmente exigente. Além de exigir técnica, esforço e atenção.Havia também muitas cordas para apoio. O começo foi bem tranquilo e seguimos com tudo para a reta final do tão desejado cume da Maria Comprida, a gigante de pedra. Fui seguindo o Lucas de perto até chegar num trecho bem erodido com a rocha bastante quebradiça. Apesar do cansaço,vencemos todo o trecho com bastante esforço e animação.
Fizemos alguns registros uns dos outros durante toda a canaleta e nos divertimos muito também. Quando paramos pra descansar, quase no final da subida da canaleta, coloquei as minhas mãos na rocha e fechei os olhos. Ali em pensamento eu agradeci e pedi a permissão antes de prosseguir.
Retornamos a trilha e paramos num pequeno plato. De lá se tinha uma vista muito bacana da corcova do camelo e da crista. Anderson e eu acenamos para o Vanderlei. Passamos por pequenas lajes de pedra um tanto expostas e vi Francisco e Luciano chegando ao plato por onde passamos. A trilha começou a perder inclinação e o cume estava muito próximo. Algumas fotos deste trecho:
Chegada ao cume
Lucas segui na frente comigo e o Anderson enquanto Luciano e Francisco vinham logo atrás. Diferente do que imaginei, o cume não era um amplo lajão só de pedras. Era muito arbustivo! Apesar de ter belos pontos com laje para descansar e apreciar a vista, vi muitas flores e também uma orquídea lindíssima.
Orquídea no cume. |
Depois das fotos, fizemos o nosso lanche. As nuvens tomaram conta do cume trazendo um vento forte e um pouco frio. Nas poucas janelas de tempo que surgiram, fizemos alguns registros do visual. Não deu pra ver tanta coisa, mas só pela caminha até o cume em si já tinha valido totalmente a pena.
Passamos mais um tempo no cume e iniciamos o caminho de volta. Chegar nem sempre é o problema,voltar sim pode ser um grande problema. Voltamos com máxima atenção e cautela sabendo que enfrentaríamos todos os obstáculos da subida. Descemos a canaleta rapidamente e fizemos alguns registros da descida. Logo chegamos a crista e aproveitamos para fazer registros na pedra suspensa também.
Quando chegamos ao local onde Vanderlei nos aguardava, batemos um papo com ele e falamos sobre a experiência que tivemos. Ele me disse que estava frustado por não ter conseguido. Eu entendia ele muito bem e o parabenizei por reconhecer o próprio limite e também para não ficar triste com isso, pra levar como experiência. Depois da conversa ele parecia melhor e isso me deixou feliz. Descemos toda a crista Sudoeste tranquilamente com a luz de ouro tocando as montanhas e deixando a tarde muito bela. Logo abandonamos a crista e entramos na mata. Segui com o Lucas e Anderson até sair da trilha para a rua do condomínio. Me deitei do lado da rua, numa grama tão macia que parecia até a minha própria cama. Senti o cansaço bater, a adrenalina ceder e a ansiedade ir embora. Tinha acabado. Eu tinha realizado essa trilha fantástica. Me sentei e peguei o resto do que sobrou do bolo e comecei a comer. Tomei uns bons goles d'água para me hidratar enquanto esperava os outros chegarem. Enquanto batia um papo com Anderson, notei que Luciano e Francisco estavam demorando muito. Eu, Anderson e Vanderlei esperamos ali enquanto Lucas voltava pela trilha a procura deles. Não demorou e eles apareceram. Luciano estava ajudando o Francisco que sentiu fortes dores no joelho ao final da trilha. Mas ele estava bem. Seguimos juntos em direção ao largo onde os carros estavam estacionados e nos organizamos para entrar. Fomos até a portaria e saímos do condomínio Rock Valley . Paramos no centrinho de Araras para uma rápida comemoração. Com Francisco e Luciano,Lucas foi embora. Anderson, Vanderlei e eu fomos depois. No caminho eu praticamente apagava a todo momento . Estava exausto devido a falta de sono e por todo esforço feito na trilha. Acordava um pouco assustado sempre que citavam o meu nome ou quando o Anderson manobrava o carro para fugir do engarrafamento. Nossa jornada foi pesada naquele domingo. Levamos 04h17 minutos para alcançar o cume e 03h30 para descer até os carros. Quando chegamos na entrada do Carangola eu estava um pouco melhor. Assim que o carro parou, agradeci muito a Anderson pela generosidade e me despedi do Vanderlei. Fiquei feliz por ele ter me escutado na trilha e ter se sentido um pouco melhor. Então o carro manobrou e foi embora. No ponto coloquei o meu fone de ouvido para escutar algumas músicas enquanto esperava o ônibus. Preferi ficar de pé, encostado no muro pois, se eu estivesse sentado, iria dormir ali mesmo. Por sorte o meu ônibus chegou um pouco depois e então selecionei a música que definia tudo o que se passou durante os dias desde que eu soube da caminhada até a volta pra casa. Então lá estava eu, sentado no banco perto da janela e com o vidro aberto pra tomar um ar, escutando música e olhando movimento das coisas. Cheguei em casa bastante feliz e agradecido pelo dia incrível que tive.
''Nem sempre se vê...lágrimas no escuro, lágrimas no escuro, lágrimas...
Mágica... no absurdo,mágica no absurdo,mágica... nem sempre se vê...''
As lendas eram reais. GIGANTES DE PEDRA!
Em homenagem a Manoel Honorato de Oliveira. Avô de Bianca Oliveira.
Nossa! Maravilhoso, sensacional!!! Grata pela homenagem ao meu avô, leio e releio, é impossível não me emocionar, lindo, perfeito!!! A Maria Comprida tem uma energia única, difícil descrever e seu relato está perfeito, me deixou com uma vontade ainda maior de retornar, muito obg por me permitir fazer parte dessa parte da sua história com as montanhas e em especial com a Maria Comprida.
ResponderExcluirOi Bianca. Eu que agradeço te todo o coração por ter a honra de saber da sua história em relação a Maria Comprida. É de inspirar qualquer pessoa. E nada mais justo do que homenagear o homem que colocou o montanhismo no seu coração. Grande abraço!
ExcluirFala Mateus!! É o Fábio do Humberto
ResponderExcluirTu sumiu cara, o que houve? Parabéns pelo blog
Fala Fabio. Tudo bem?
ResponderExcluirRealmente ando meio sumido das redes sociais e das trilhas por conta de alguns problemas que estou resolvendo. Em breve marcaremos de fazer uma trilha juntos. Quanto ao Blog, muito obrigado! Abraços!!!
Tmj mano! Espero que resolva o mais rápido possível, abraços!@
ResponderExcluirFala Fábio. Já voltei a ativa. Espero te ver por aí nas montanhas. Grande abraço!!!
ExcluirExcelente matéria... parabéns!!!
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado, Carlos!
ExcluirGrande abraço e obrigado pelo comentário.