quarta-feira, 20 de julho de 2022

Pico do Eco - Parque Nacional da Serra dos Órgãos

                                    O tão esperado retorno


Visão do cume do Pico do Eco para as principais montanhas do PARNASO

  O ano era 2017 quando fui ao Eco pela primeira vez. Recebi o convite do Alexandre e não recusei. Estavámos em Novembro e fomos no dia 25, sábado. Diferente desta caminhada pegamos um dia muito nublado e com calor sufocante mesmo estando na cota dos 2.000. Ao chegar ao cume fiquei encantado com aquele lugar fabuloso e não via a hora de voltar outra vez. Mas acabou ficando apenas na lembrança aquela visão parcial das montanhas. 

Após cinco anos voltei ao Pico do Eco, dessa vez, na companhia de Rafael Martins e Thais Bula. Fizemos algumas trilhas juntos pela serra e sempre falava desse lugar que em minha opnião consegue superar os Portais de Hércules. Combinamos então a caminhada para o dia 10 de Julho com início previsto para as 07:00. No sábado comprei o que levaria para a trilha, arrumei a mochila e então aguardei até 04:00 da manhã de domingo. 

Cheguei a portaria do parque no Bonfim as 06h20 e já havia ali um grupo de caminhantes bem agitados. Cumprimentei a todos e ali fiquei aguardando os meus companheiros da trilha. Bati papo com a turma que  falava com grande entusiamo da clássica travessia Petrópolis x Teresópolis e a vontade de passar nos Portais também. Logo que chegaram fomos assinar o termo de responsabilidade antes de começar  a caminhada. Iniciamos as 07:20 a subida. Rafael e eu passamos a primeira parte da subida até a altura da Pedra do Queijo tirando sarro da Thais. Ela estava com uma ''rouquidão'' severa. Passamos por poucas pessoas nesse trecho. Fomos rumo ao Ajax aproveitando o clima agradável que fazia pela manhã. Mas ventava bastante e fazia um frio leve. Seguia pensando somente em chegar ao Chapadão o quanto antes para não morrer de tédio por achar o caminho da portaria até a Isabeloca pouco atraente. Só não é mais tedioso do que a subida da Pedra do Sino - Jesus!

Após vencer a Isabeloca finalmente chegamos ao Chapadão do Açu com o Graças a Deus logo em frente. O vento bateu forte logo no início e seguimos sem tempo a perder. Fiz um registro rápido e segui no encalço dos meus companheiros da trilha.

Conjunto do Alcobaça e Pedra do Cone

Thais e Rafael a caminho do Graças a Deus
            
      Quando chegamos ao Graças a Deus vimos alguns membros do grupo que iria para a travessia descansando e papeando. Outros seguiam em frente e vimos de longe um corredor de montanhas que logo nos passaria. Admirei a disposição do rapaz mas como não tenho costume de correr e fumo cigarro uns dez anos ...sem chance!

A chegada ao Açu foi muito bem- vinda e o horário jogava ao nosso favor. O relógio marcava 10:20 da manhã. Aproveitamos para fazer alguns registros. A voz da Thais teve uma ligeira melhora e ela aproveitou sem tempo a perder para fazer as fotos daquele lindo cenário. Como quatro anos se passam e a gente nem percebe. A última vez que estive ali foi em 2018 numa ida aos Portais. Bom, aproveitei para registrar também.

Thais e Rafael com os Castelos do Açu

                                 Rumo ao Pico do Eco

   Depois das fotos seguimos em direção aos antigos abrigos. Passamos novamente por pessoas do grupo que aproveitavam para descansar e lanchar. Foi o mesmo que fizemos. Rafael levou açai e me ofereceu um pouco. Confesso que faltou pouco eu babar ali mesmo. Não me lembro de beber nada parecido de tão gostoso na montanha.  Reabastacidos, seguimos para o nosso objetivo. Comecei errando o caminho em meio ao capim-de-anta que me fez cair num buraco enorme pra começar de forma hilária. Pegamos a trilha correta e seguimos alternando trechos em rocha e baixa vegetação até subir um morrinho. Daí em diante apareciam alguns indícios de trilha falso que não dão em lugar nenhum. O correto nesse trecho é se atentar numa entrada a direita que leva até um grande totem na laje em meio a vegetação. Deste ponto se vê os castelos de um ângulo bem diferente.

Castelos do Açu a esquerda.

 Fomos em frente até chegar numas pedras e então viramos para a direita. O caminho que segue em meio a lajes e totens se confunde de tempos em tempos. É bastante comum dar algumas ''cabeçadas''. Logo chegamos ao descidão que dá num vale bem arbustivo com o Falso Eco em frente. Descemos com cautela aproveitando o visual bonito do lugar. 


Vista espetacular da trilha

Ao fim dessa descida o correto é ir para a esquerda evitando o trecho íngreme que tem em frente. Por desatenção ou falta de memória deste trecho acabei descendo reto, passando por uma laje bem inclinada onde me agarrei a vegetação para conseguir descer. Lá de cima a voz do Rafael ecoava dizendo que o caminho não era por ali. Já era tarde.

Atravessei o capim até chegar na subida do Falso Eco. Ali aproveitei para descansar enquanto tomava meu isotônico e observava eles seguindo pelo caminho correto. 

Thais e Rafael no Capim.

Com todos juntos subimos a rápida trilha do Falso Eco. Rafael e Thais seguiram a minha esquerda pela parte de cima em direção ao cume. Fui pela direita aproveitando os lajões que desciam suavemente. Foi deste ponto que fiz um registro da Thais contemplando a serra num lindo dia.

Thais curtindo o visual.

Com o Falso Eco ficando pra trás, o caminho seguia descendo por lajes e vegetação rasteira com totens em diferentes direções. Este trecho merece bastante atenção pois pode desorientar - especialmente se houver neblina. No entanto em dias ensolarados é só seguir o bom senso pois já se vê a montanha e de forma intuitiva vamos descendo mais para o lado esquerdo.

Rafael e eu na descida das lajes com o Eco ao fundo.

 Após essa descida surge um pequeno riacho por onde a água corre. Cruzamos este trecho e pegamos a trilha na encosta do morro. Neste ponto a trilha sobe levemente até começar a descer e já avistamos o Escalavrado e o Dedo de Nossa Senhora. Novamente cruzamos um lajão molhado e potencialmente perigoso no caso de um escorregão. A partir daí descemos uma laje inclinada e entramos na mata. Ao passar pela floresta redobramos a atenção. Quando estive ali o caminho estava bem marcado. Dessa vez o mato em alguns trechos se confunde com o caminho - principalmente onde a água corre. Ao sair da floresta nos deparamos com um arbusto solitário na laje de pedra. A esquerda do arbusto está o local que conhecemos como ''Mirante Beija-Flor''. Posso dizer que este até lembra um pouco os portais. Só que em vez da Coroa do Frade temos o Muquém logo de cara. Aproveitei para apresentar a eles esse lugar que não colaborou da última vez.


Mirante Beija-Flor.

Impossível chegar e passar direto neste lugar. Diria que é uma parada obrigátoria. A dimensão deste lugar é impressionante que nem mesmo por fotos da pra explicar. Partimos então para uma rápida subida em meio ao capim-de-anta para a parte alta da crista que vista do Eco se torna interessante. A partir daí é praticamente correr para o abraço. Restava então descer a pequena elevação e subir em direção a montanha fazendo um contorno pela direita. Antes de chegar aí, lá no Açu, ouvi a experiência que me relataram da ida ao Garrafão. Vi as fotos daquele lugar lindo. Mas fazia questão o tempo todo de lembrar que o que eles estavam prestes a ver iria superar. Exatamente 12:30 em ponto atingimos o cume da montanha. Eles ficaram fascinados com o que viram ali. Na verdade eu também pois a primeira vez não peguei um dia tão belo quanto este. Sem tempo a perder fiz algumas fotos pois o horário da volta já havia sido estabelecido.

Vista do Pico do Eco

Cabeça de Peixe e Dedo de Deus

Depois de algumas fotos paramos para sentar e observar a vista incrível deste cume. Ficamos de papo enquanto faziamos um bom lanche aproveitando o lugar. Deu pra ver através da lente objetiva da minha câmera pessoas na Agulha do Diabo - que sortudos. Thais logo pegou o livro e o assinou. 

Thais assinando o livro

Rafael fez o mesmo e então chegou a minha vez. A primeira coisa que fiz foi buscar a assinatura de cinco anos atrás. Depois de assinar fiquei ali contemplando a paisagem de tirar o fôlego quando notei o Rafael concentrado na vista. Aproveitei para registrar esse momento. A parte mais legal da chegada ao cume até a despedida era ver no olhar deles o mesmo sentimento que refletia nos meus. Aquele lugar é um templo feito com todos os caprichos do criador.

    Rafael admirando a paisagem

Faltando pouco menos de vinte e cinco minutos para começar o caminho de volta ao Açu veio de repente o nome do local que estavámos e então me levantei e comecei a gritar: ECO!
Thais e Rafael olharam sem entender nada. Mas segundos depois a palavra ecoou por cinco vezes na vastidão do vale e repeti isso mais algumas vezes. Logo arrumamos as mochilas para a despedida. Não dava a mínima vontade de ir embora. Fiz algumas fotos do casal pra levarem de recordação deste dia que será inesquecível.


Thais e Rafael.

Claro que eu não iria perder a oportunidade de ter um registro neste lugar com o dia maravilhoso que fez. Thais mandou super bem no registro.


Click da Thais ( Faltou a boina).

E claro, para fechar a famosa selfie no cume do Eco.


Rafael, Mateus e Thais

  
                                Até a próxima

Por volta de 14:20 deixamos o cume da montanha e rapidamente chegamos ao mirante Beija - Flor onde paramos mais cedo. Subimos a florestinha até voltar ao riacho onde atravessamos mais cedo. Apesar do cansaço subimos bem rápido. A volta até o Açu foi bem tranquila. O entardecer estava reluzente nas matas e montanhas que os nossos olhos alcançavam. Numa das paradas fiz um registro dos morros mais próximos a Pedra do Sino. 


Entardecer no PARNASO

Mas com a bela luz de inverno chegava também o frio da serra pois pegamos bastante sombra no trajeto da volta até o Falso Eco pelo menos. Logo chegamos ao Eco Falso e rumamos para o vale descendo até o capim começar a nos encobrir. Pegamos o lajão que descemos mais cedo e então voltamos a ver os Castelos do Açu e algumas pessoas na pedra do cabo. Alternando lajes de pedra, vegetação rasteira e capim por todos os lados seguimos até ficar próximos do fim deste percurso. Mais um erro no caminho e lá estava eu, com os dois pés para o alto caído em um enorme buraco do capim. Tive que pedir a ajuda do Rafael para sair dali. Exatamente ás 16:20 chegamos no abrigo do Açu com frio e ventos fortes. A ideia era permanecer para ver o pôr do sol. Dentro do abrigo fizemos um lanche e aproveitamos para fugir um pouco do vento forte da tarde. Um passáro preto bem bonito voava de um lado para o outro e parecia convidativa a possibilidade de fazer um registro. Quando pensei nisso lá foi ele, se mandando em direção a mata, bem longe. Alimentados, decidimos não ficar para o espetáculo. Talvez desse pra ver do chapadão. Já na volta passamos por um grupo de mulheres subindo para passar a noite. A vista se tornava interessante a cada passo. Logo chegamos a placa de indicação da portaria.

Thais e eu no Chapadão

Placa indicativa

Descemos a Isabeloca com a luz de ouro já tocando as montanhas que ficavam para trás. Outra parada - dessa vez no Ajax -  para reabastecer nossas garrafas d'água. Ali encontramos outro grupo que subia em direção ao Açu. Fomos breves  e aceleramos para chegar num ponto possível para ver o sol se pôr. Não deu tempo, mas não ficamos de mãos vazia pois a região da Serra das Araras ficou bem interessante. 

Serra das Araras.

Chegamos rapidamente até a Pedra do Queijo onde disparei até chegar na bifurcação do Véu da Noiva deixando Thais e Rafael para trás. Sentei numa pedra, desliguei a lanterna e curti a luz do luar preenchendo a mata.  Se passaram dez minutos até eu ver o brilho das lanternas e as vozes. Quando se aproximaram e iluminaram este largo vi apenas um vulto passando rapidamente. Me disseram que era um coelho do mato. Conforme descia mais rápido, chegava a ver o coelho que dava fuga sem sair da trilha. Em alguns momentos ele parecia não se importar com a lanterna iluminando. Até que antes de chegar próximo a portaria ele sumiu. Já no fim, ao ver as luzes da sede aguardei meus companheiros do dia chegarem e então encerramos a trilha. A previsão de saída ficou para 21:30. Chegamos as 19:30. Duas horas e meia antes. Com certeza um bom tempo e margem positiva. Nos cumprimentamos e agradecemos pelo dia e sucesso que tivemos. Segui para o ponto a espera do 611 enquanto Rafael e Thais foram ao estacionamento pegar a moto. Sentado na calçada aproveitei para comer o que sobrou e hidratar mais o corpo. A lanterna da moto logo apareceu iluminando a rua e dessa vez, a despedia oficial. Mas já de olho na próxima andança pela região. Em breve voltaremos para fazer os Picos do Solidão e Quatis.

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