terça-feira, 1 de junho de 2021

Jacó (Sentis) x Pilatos ( Quebra-Frascos)/Serra dos Órgãos

                                         


Pilatos e Jacó a partir do Mamute.

Fazendo parte da Serra dos Órgãos com os seus 1.969 m de altitude o Pilatos é a décima segunda na lista das mais altas montanhas da serra. Seu acesso é próximo ao KM 16 da BR- 495.  O antigo acesso passava por algumas casas e bastava ser educado, respeitoso e pedir autorização para realizar a caminhada. Por conta do mau comportamento de alguns todos os outros pagaram pois atualmente os moradores não permitem a passagem. O novo acesso se dá numa grande escadaria branca ao lado da estrada, antes do recuo onde é possível estacionar o carro.

                                                      A busca por novas perspectivas...

    Depois do sucesso nas investidas para chegar ao Mamute o grupo decidiu que a próxima trilha seria o Jáco. Na ocasião os participantes Anderson Medeiros, Thais Bula, Rafael, Ricardo, Nana e Fred foram no Pilatos e se interessaram pelo Jáco, o que é bem fácil de compreender. 

Com tudo definido, fechamos a trilha que marcamos para o dia 22/05, sábado. Ricardo não compareceu por conta dos compromissos que tinha. André havia confirmado e convidamos o Alexandre Milhorance para participar. Combinamos no Bob's de Itaipava ás 06h00. Enquanto esperávamos a outra parte do grupo vimos o Ricardo em frente a guarita do terminal de Itaipava. Anderson foi lá cumprimentar ele e bater papo. O pessoal chegou e seguimos pela estrada Itaipava-Teresópolis( BR-495). O amanhecer foi belo, especialmente em volta do Cantagalo. Fui escutando musica e deixei a conversa para o Alê, Fred e Anderson.

                                                Sequestro da mochila.

Toda vez que vou para a trilha sempre deixo mochila comigo e nesse dia algo de diferente aconteceu...Ela foi no porta-malas do carro do Celso e eu saí para cumprimentar a galera que já estava bem animada logo pela manhã. Vi o Thiago sentado tranquilamente no banco do motorista e fui conversar com ele a respeito de um ocorrido no trabalho. Esqueci até de dar bom dia para o pessoal e consequentemente a mochila. Celso desceu tão rápido que a minha reação foi só olhar e torcer para que alguém estivesse me pregando uma peça naquela hora da manhã. Me voltei para o Anderson e disse que minha mochila havia ficado no porta malas.

Fiquei boquiaberto ao perceber que esqueci a mochila no Uber e tentamos contatar o motorista rapidamente  mas sem êxito. Aguardarmos seu retorno ansiosos e ao perceber que ele estava enfurecido, com rubror em seu rosto e sangue nos olhos claramente possuído pelo ódio mortal... ouviu-se um silêncio ensurdecedor. Perguntávamos: "será que ficaremos a pé na volta''?

Mas antes do Alexandre conseguir falar com ele apesar das falhas em função do péssimo sinal do celular e por conta do stress no trabalho, acabei externando um pouco e fui mal criado com o Alê e o Andinho - coisa que me arrependi assim que esfriei a cabeça. Alexandre começou a me colocar uma pilha pra valer e do lado dele, ninguém menos que o André reforçando o quanto mais puto eu ficasse, pior seria. E ele estava certo, eu fui o motivo da  risada generalizada antes da trilha. Me esforçava ao máximo para não dar ideia pra eles, mas era quase impossível. Acabei focando no assunto com o Thiago e dando atenção a simpática cadela que estava próxima de nós.

                                                  Rumo a trilha

Quando todos estavam prontos decidimos que era hora de caminhar depois do atraso de aproximadamente 30 minutos aguardando a mochila. Fui por último com o fone de ouvido tentando relaxar ao máximo e evitando a pilha que foi o assunto principal. Subi por último após esperar os rapazes ajudarem ás meninas que tinham dificuldade para subir os degraus exigentes. Pegamos a valeta e fomos para á esquerda e entramos na trilhá a direita. Anderson estava no pique e assumiu a ponta seguido por Rafael, Thais e Alexandre. Fred, Ozaki e Nana estavam um pouco a minha frente. Guardei o fone de ouvido e fui por último. Não estava bem fisicamente e psicologicamente. Me sentia péssimo e com um pouco de impaciência.

Notei que a trilha era bem agradável para se andar e que a predominância de samambaias era imensa. Numa das paradas que fizemos fui oferecer doce de leite e quase acabei acertando um no rosto do Alê. Enquanto isso Thais procurava no meio da vegetação e conseguiu achar. Nana também pegou um e ficamos ali, sentados no meio da trilha papeando. O grupo novamente voltou a caminhar e eu fui por último rindo do Alexandre jogando uma maça bem grande fora pois estava murcha. 

Em determinado momento dei um pique e ultrapassei a Thais e Alexandre . Um pouco acima passei pela Nana com um bico maior do que os dos Tucanos que tanto gosto de observar. Ainda sentia um cansaço físico inexplicável. Enquanto descansava com o meu mau humor fui ultrapassado por todos que passei momentos antes. Tomei um pouco de PowerRade enquanto via o Anderson lá em cima só esperando a gente. Ele estava numa disposição de causar inveja - no bom sentido- em mim. Acabei batendo um papo produtivo com a Nana e que foi importante pra deixar o stress lá em baixo e curtir a trilha. Toque certo na hora certa. Respirei fundo e fui fechando o grupo, passando pela subida com alguns buracos e samambaias por todo lado até chegar a laje. Subimos com cuidado e ali paramos para papear e comer alguma coisa.

Registro do Fred na laje em que paramos pra descansar.

Ficamos nessa laje por aproximadamente vinte minutos curtindo pra valer. Eu não parava de olhar o Mamute e o Cone 3. Alexandre comentava que faria um dia quente e ''embaçado''. Novamente tocamos pra cima passando por outro trecho de subida em meio as samambaias e eventuais buracos que desviamos durante o trajeto. Quando chegamos num trecho pouco mais plano e com uma vista linda para o Jacó, reparei na crista que levava até a base da montanha. Tínhamos outro trajeto em mente que certamente era muito mais atrativo. Levei um imenso susto quando estava com o olho no visor da câmera fazendo alguns registros quando notei de repente o Fred saindo sorrateiramente dos arbustos. 

Foi descendo esse colo que ouvi o André falando sobre o botão do meu short - que desprendeu-se- durante uma rápida ida na cachoeira da macumba. Desconversei e continuamos até chegar numa laje de pedra com o capim- de-anta que é nativo das regiões de altitude. Á esquerda, subindo a calha bem visível um pinheiro solitário servia de referência.


Thais e Rafa na trilha do Pilatos onde há o solitário pinheiro.

Nesse trecho a caminhada é marcante porque após vencer a subida que alternava laje e capim-de anta chegamos mais perto do Jacó. Montanha majestosa e imponente que impressiona com seu formato inigualável.  Dava pra ver até a Verruga do Frade, o que chamou bastante a atenção e isso sem mencionar o Pipoca, Mamute, Castelitos e outras montanhas impressionantes na linha dos 2.000m de altitude. 

Lugar impressionante.


Ficamos ali por um tempo admirando e fazendo fotos. Meu humor já estava melhor e então eu comecei a esperar por oportunidades de fazer piada e usar do meu leve sarcasmo para descontrair. E as minhas vítimas favoritas eram: Alexandre, Nana e Thais. Mais uma vez voltamos a andar e pegamos a trilha no capim-de-anta mais para á direita das lajes. Na direção oposta fica o caminho do Pilatos, montanha que pretendíamos passar na volta para ver o sol se pôr. Alexandre foi a frente com o André, Rafael e Anderson na cola. Thais ia na frente do Fred com a Nana e eu em seguida. Por ser a mais baixinha do grupo, Thais sofria com o capim-de-anta e divertia o grupo. O momento mais engraçado nesse trecho foi quando o Fred resolveu dar um baita susto nela. Aproveitando-se de uma rápida distração e da altura da vegetação, ele se abaixou com maestria enquanto ela falava comigo e com a Nana. Assim que ela voltou a andar o Fred pegou o tornozelo dela e eu podia jurar que ela ia morrer. Soltou outro berro, idêntico ao da trilha do Mamute. Caímos na gargalhada enquanto ela se apoiava num pedaço de tronco que eu nem reparei onde  havia conseguido. Continuamos a descida por lajes num trecho demasiado escorregadio até parar um pouco e fazer algumas fotos.

                        

Jacó, Verruga do Frade á esquerda e Papudo á direita.

Enquanto os outros se divertiam e faziam bastantes registros eu aproveitei para descansar no lajão de pedra. Rafael e Alexandre já haviam atravessado para a outra laje e exploravam todos os cantos. Aproveitando o ar puro e refrescante da mata, aguardei pacientemente com a câmera em mãos na expectativa de fazer foto do pessoal que descia a laje de encontro aos rapazes da dianteira.

André Ozaki na laje.

Thais e Nana.

Fred e Anderson

Quando todos estavam na laje do outro lado coloquei a câmera no case e me juntei a eles. Passamos por mais um trecho de laje que apresentava uma vegetação bem fofa e traiçoeira pois estava molhada. Decidimos fazer mais uma pausa ali. Era uma sensação muito gostosa estar reunido com tanta gente boa, alegre e de energia positiva.  Sentamos na laje espaçosa e começamos a lanchar e bater muito papo. 

Hidratados e com calorias entrando em nossos corpos, rumamos para o vale entre a parede do Pilatos e a base do Jacó.

Povo totalmente descontraído e relaxado nas lajes.

Partimos para a descida pelas lajes em direção a bela mata que víamos de cima por um trecho escorregadio e íngreme até pegar a calha bem visível indo em direção a encosta da montanha. A turma seguia andando num ritmo muito bom e papeava bastante. Logo chegamos no trecho em que teríamos que usar uma corda para conseguir acessar a trilha. Para a nossa surpresa não tinha corda lá e por precaução André levou uma corda de aproximadamente 30 metros. Enquanto nós descansamos na base, Ozaki vencia o trecho mais exposto do dia com muito cuidado para não se acidentar ou até mesmo cair em cima da gente. Ao chegar na parte de cima ele dividiu a corda e fez a segurança pro restante. Subimos um por vez e eu fui o penúltimo. Achei a subida tranquila com o apoio que a corda dava e notei o que parecia um banco natural para descansar.

Subida por cordas na trilha do Jacó

Com a turma toda recuperada seguimos pela bela trilha. Notei que era uma subida relativamente leve e com uma bela mata. Vi muitas orquídeas e bromélias pelo caminho. Chegamos num lajão de pedra onde mais uma vez paramos para papear e descansar. Anderson tirava algumas fotos e Thaís também aproveitou o embalo. O resto de nós conversava e apreciava parte da cidade de Teresópolis e  ás montanhas da região dos Três Picos. Novamente voltamos a caminhar até ladear um trecho rochoso com a trilha bem precária. O trecho a seguir em direção ao cume se estreitava até sair numa laje com um visual avassalador da Serra dos Órgãos. Dei uma boa olhada no Papudo, Pipoca, Contra-Forte do Pipoca, Pedra do Sino, Rabo da Jaguatirica e Mamute. Rumei novamente seguindo os sons emitidos pelo Rafa e Ozaki alternando trecho de vegetação arbustiva e algumas rochas até ver os rapazes naquele imenso lajão com o totem próximo a eles. Senti aquela sensação gostosa de realização e corri literalmente pro abraço cumprimentando os dois que já comemoravam lá. Aos poucos a turma toda chegou e parabenizamos uns aos outros com muita empolgação.

Totem de cume no Jacó

Num dia de céu limpo e com uma visão encantadora, nos reunimos no lajão e começamos a pegar nossos lanches, celulares, câmeras e tudo o que pretendíamos utilizar. Ao abrir o recipiente que guarda o livro de cume nos deparamos com uma folha solta e vimos a assinatura de alguns membros do CEP e do amigo e Thiago Haussig. Anderson levou um livro para colocarmos lá  e então assinamos. O papo no cume. Foi muito bom e ficamos por quase 2h aproximadamente relaxando e curtindo. No entanto sabíamos que a nossa trilha não acabava ali e o próximo objetivo era ir ao Pilatos também. Avistamos algumas pessoas no Papudo e na Pedra do Sino antes de fazer alguns registros do grupo e partir.

Lajão do Jacó onde fica o livro de cume.

Grupo registrado pelo Anderson.

Grupo registrado pelo Alexandre.

                                                              Rumo ao Pilatos

A volta foi bem tranquila apesar de termos nos deparado com um exército de formigas logo após sair do cume. Eu estava por último pois algum de nós empacava a trilha logo a frente e o que restava era se mexer para evitar a picada dolorosa. No trecho mais critico da trilha André colocou a corda para facilitar a descida. Thais teve um pouco de dificuldade mas foi aconselhada pelo grupo e o Rafael deu uma força. André e eu fomos os últimos. Papeamos e demos boas risadas até que o caminho estivesse livre. Nana também teve algumas dificuldades e Alexandre deu a ela uma ''forcinha'' pra facilitar a descida.

Trecho da corda

Depois da Nana eu desci e o André recolheu a corda. Chegamos a laje que paramos mais cedo e descansamos antes de prosseguir até a parte do capim-de-anta. Alexandre e eu fomos a frente na subida com o grupo no encalço. No capim-de-anta era bem complicado de se manter na trilha ''certa'' pois de tempos em tempos eu tinha que voltar e achar o caminho. Numa dessas acabei dentro de um buraco e o que vi foi a cara de riso do Fred por conta da situação. Rafa e Thais foram mais para o lado esquerdo enquanto o Alexandre procurava uma trilha mais lógica para sairmos dali. Foi então que minha paciência começou a esgotar e vi um rastro discreto á esquerda. Disparei sem aviso prévio para sair o mais rápido dali e chegar no topo do morrinho. Ao chegar, peguei água na mochila enquanto esperava os outros. Asim que chegaram ficamos um pouco e então partimos. O caminho agora seguia bem suave por uma vegetação rasteira que ia em direção ao morrote que antecede o cume do Pilatos. Ao tomar distância decidi pegar a câmera e fazer algumas fotos.

Mar de montanhas em Petrópolis a partir da trilha do Pilatos

O visual que se descortinava do ponto em que eu estava era absolutamente fantástico, daqueles de tirar o fôlego de qualquer um.

A subida final foi por trilha bem marcada com a predominância do capim-de-anta. Novamente estávamos em outro belíssimo cume com vista incrível para a cidade de Petrópolis, região da Serra dos Órgãos, Taquaril, Cantagalo e claro, Três Picos. 

Região dos Três Picos

Outra rodada de comemoração pelo êxito e mochilas espalhadas por todos os cantos. Aproveitamos para curtir o belo visual. Uns exploraram o cume e outros aproveitavam o lanche. Eu aproveitava tudo o que me ofereciam, estava com muita fome e não ousava recusar nada. A ideia era assistir o pôr do sol e fazer fotos mas acabou não acontecendo. Assinamos o livro de cume e  com o vento forte e frio começamos o caminho de volta para a estrada.

A volta foi bem tranquila e pegamos parte do caminho pela noite como ás lanternas em mãos e cabeças. Esperamos pouco tempo para o resgate chegar. O que fizemos foi bater papo para descontrair. Logo o Celso chegou para a nossa surpresa e alívio. Não seria necessário descer a serra a pé por conta de um leve vacilo. Nos despedimos e pegamos o caminho de volta para casa. A trilha foi um sucesso, com muita diversão e companheirismo num dia belo na serra mais linda do mundo: Serra dos Órgãos!

2 comentários:

  1. Excelente relato, história que ficará pra sempre registrado em nosso corações.

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    1. Com certeza, Anderson!
      A região é sensacional e descortina um lindo visual tanto para ás montanhas de Petrópolis,Teresópolis e Friburgo!

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