domingo, 15 de agosto de 2021

Dedo de Deus

                     História da conquista do Dedo de Deus.

Foto: Alexandre Milhorance.

Em 1912, o Dedo de Deus já era uma montanha famosa no mundo todo. Despontando da Serra dos Órgãos, na cidade de Teresópolis, ela podia ser vista desde a capital da república da época, a cidade do Rio de Janeiro. Com sua forma de dedo, apontando para o céu, a montanha de 1692 metros de altitude impressiona pela beleza e imponência.

Naquele ano, uma equipe de montanhistas alemães tentou escalar o Dedo de Deus. Sem conhecer a realidade da montanha brasileira, com suas paredes lisas e inclinadas, estes montanhistas não conseguiram subir até o cume e julgarem que, se eles não conseguiram ninguém mais conseguiria.

O caçador e guia do grupo, Raul Carneiro, não se convenceu com a história dos alemães. Ele chamou os irmãos Américo, Acácio e Alexandre de Oliveira e o ferreiro, natural de Pernambuco, José Teixeira Guimarães para compor o grupo e tentar escalar a montanha.

Sem conhecimento de técnicas de montanhismo, o grupo improvisou. Teixeira confeccionou grampos com argolas, parecidos com aqueles que prendem barcos em ancoradouros, para amarrar as cordas, feitas de Sisal.

O Grupo não encontrou grandes dificuldades na aventura pela mata, apenas uma chuva que atrapalhou a jornada no começo. Foi na rocha, no entanto, que o desafio ficou realmente difícil.

O Dedo de Deus é uma montanha muito inclinada. Em trechos verticais, o grupo fazia pirâmides humanas e assim ganhavam altura. Eles também se aproveitaram de caminhos naturais, as chaminés, onde eles se entalavam e iam subindo, até que encontraram um platô, antes do cume, que é separado por uma fenda que sobre ela jaz uma parede negativa.

O Grupo, pra vencer esta parede, teve que içar um tronco de árvore, colocar este tronco ao lado da parede negativa e subir por ele, até chegarem ao cume do impossível Dedo de Deus.

A rota por eles conquistada é hoje em dia chamada de “Teixeira”, em homenagem ao bravo ferreiro que fez os primeiros grampos de escalada do Brasil. É uma via pouco técnica para o nível atual, mas bastante exaustiva fisicamente.

O início.

Há quase sete anos atrás, num lindo dia de verão no mês de Fevereiro eu realizava a primeira caminhada em uma montanha. Lembro deste dia da minha vida com um enorme carinho e emoção pois foi nas montanhas que tive até então os melhores momentos da minha vida.

Com o tempo eu conheci mais trilhas e pessoas. Ganhei conhecimento e experiência com o tempo que dedicava ás trilhas ao ponto de almejar conhecer lugares que poucas pessoas conhecem e ás vezes não fazem ideia de que existem. Nada me deixa mais animado do que ter um projeto de abertura de trilha e toda a empolgação que é o planejamento das investidas.

Coisas da vida.

Depois de alguns anos andando pra cá e pra lá pelas montanhas da cidade acabei descobrindo que havia uma pessoa que morava por perto e gostava muito de montanha. Joguei bola inúmeras vezes e não fazia ideia de que ele até escalava e conhecia montanhas que me tiravam o sono. Nada mais, nada menos que o José Sérgio ,vulgo ZECÃO. Todo mundo o conhece. É figura fácil, sempre de sorriso aberto, com o andar um tanto engraçado e com seu dialeto bem diversificado: '' Belém, Belém'' , ''Matinê'' ''Boizada'' '' Tá de Chup-Chup'' entre tantas outras palavras que agora começam a fazer sentido pra mim. Eu não podia ver o Zecão na rua ou em qualquer lugar pois o papo rendia e era o mesmo tema de sempre: Montanha!

Passava horas conversando com ele sobre ás trilhas que eu fazia e ele falando das suas aventuras e escaladas ao longo da vida. Perdi até ás contas de quantas vezes ele me chamava pra escalar e eu não dava muita importância pois estava satisfeito por caminhar, acampar e abrir trilhas para lugares que queria conhecer.

Foi então em meados de Março deste ano de 2021, numa de nossas conversas que ele disse ás palavras que ecoaram em minha mente e ficaram presas lá: '' Esse ano tem Dedo de Deus''. Pronto, ele com três palavras me convenceu - coisa que não deu certo por uns três ou quatro anos. O mais surpreendente mesmo foi saber que outro cara que eu conhecia escalava com ele ha dois anos: Hernando!

Agora não podia topar com o Hernando ou o Zecão pois era papo de horas sobre os lugares, equipamentos e tudo que envolve o universo das rochas. Foi com o Hernando que comprei minha primeira sapatilha e aguardei ansiosamente para escalar.

Novidade.

Como eu nunca havia escalado antes, o Zecão me disse para não sair comprando equipamento loucamente pois eu tinha que ir pra rocha primeiro. Todo o restante ele e o Hernando me emprestariam. Fui num domingo para a Pedra Roxa pois a via escolhida foi a Brito Audaz . A escalada em si foi muito boa apesar de não ter gravado muito bem o que o Zecão me passou. Era tanta informação ao mesmo tempo que ficava complicado assimilar tudo de uma vez. Foi um mix de emoção desde a proteção até o momento em que eu desfiz a segurança e comecei a escalada. Subi bem, sem muita dificuldade até chegar num ponto de parada onde eu olhei pra baixo e comecei a sentir de tudo.

Primeira escalada.
                        
O que era excitação, ânimo e coragem transformou-se em medo, pânico e desânimo. Pensei: ''O que eu estou fazendo aqui?'' Enquanto eu tentava lidar com o mix de minhas emoções, observava o Luizinho e o Zecão tranquilamente ancorados no grampo enquanto o Hernando guiava mais uma enfiada passando pelo Crux da via.
Hernando na via Brito Audaz.

  Mesmo desconfortável na primeira experiência com a escalada e a sapatilha apertando muito o pé, consegui fazer alguns registros do pessoal escalando. Não estava muito relaxado e sequer conseguia confiar em qualquer coisa. Olhava o grampo, a corda, o nó, o baudrier e etc... Só confiei na hora de fazer o rapel e gostei muito apesar de tudo. Animado e motivado, acompanhei eles numa via mais tranquila no Morro da Reunião chamada Pé nas Costas.Dessa vez eu já estava mais tranquilo e a via aparentava ser mais tranquila. Bom, no meu caso como iniciante não conseguiria saber o que era fácil ou difícil. Queria mesmo era ir, participar, começar a entender os procedimentos, para que serve cada equipamento, nó e todo o resto. Essa escalada foi tranquila e eu até curti ficar ancorado com a solteira na chapeleta observando os outros escalando.
Hernando no Morro da Reunião.
                                                                     
A segunda escalada foi muito boa e já me deixou mais a vontade. Pelo menos não estava com tanta paranóia e consegui ir bem. Depois dessa escalda continuei fazendo ás trilhas e aguardando a próxima oportunidade.

Surpresa inesperada.

Por conta de alguns compromissos eu não pude escalar e dar sequência ao que tinha começado. Escalar requer esforço e dedicação para ganhar experiência e nível e eu fazia o máximo possível para conciliar a caminhada e a escalada. A previsão do tempo também não colaborava para finalmente ir ao Dedo de Deus e então aguardamos com paciência.

Com a melhora do tempo, combinamos para o dia 11 de Julho. Fiquei bem empolgado e já fui assistindo alguns vídeos no Youtube pra entrar no clima.

Com tudo combinado e o horário de encontro já definido, arrumei a minha mochila e peguei minha carona na ponte de Corrêas por volta das 04h45. Momentos antes da ''branca de neve chegar'' um motociclista parou de repente e ofereceu uma carona até Itaipava. Fiquei sem entender e recusei. Assim que ele partiu, vi um capacete de escalada e imaginei que fosse mais um para participar da escalada.

Coloquei a minha mochila no porta-malas do Palio do Zecão junto com todas ás outras e entrei no carro. Cumprimentei todos no carro e seguimos pela madrugada. Na frente, no banco do carona ia o Hernando, e nos bancos traseiros eu, Luizinho e Marquinhos. Na direção o perigo: Zecão!

A viagem até Teresópolis foi muito divertida. Fizemos praticamente a festa de tanto rir das histórias que envolviam a bomba que acidentou meu pai e a Bike de chumbo do Cordeiro - pai do Luizinho. Durante o caminho citei o motociclista que me ofereceu a carona e me disseram que ele iria conosco. Era o Zé - que eu não conhecia.

Chegamos ao paraíso das plantas e estacionamos o carro. Pegamos as nossas mochilas na mala e tomamos o café que o Hernando levou na garrafa. Vimos um grupo descendo a estrada e deduzimos que iriam para o Escalavrado.

Tirei meu celular da mochila e tentei fazer uma foto da montanha. Nunca a vi por um ângulo tão impressionante quanto aquele com o Cabeça de Peixe lhe fazendo companhia.
Dedo de Deus e Cabeça de Peixe.
 Subidão.

Com o Zé integrado ao grupo iniciamos a caminhada descendo pelo acostamento até passar por um estacionamento onde há uma santinha. Entramos na trilha e logo surgiu a placa indicativa junto a cerca. A subida para a Toca da Cuíca se apresentava como um belo café da manhã: Íngreme e exigente. Depois de algumas paradas para dar um respirada logo chegamos a base dos cabos de aço e vimos uma mochila que foi deixada lá. Não éramos os únicos na montanha. Paramos ali para nos ajustar e respirar antes de tocar pra cima novamente. A visão para o Dedo de Deus desse ponto se revelava ainda mais impressionante e desafiadora.
Visão da Toca da Cuíca.
                                                                                                              
Após a rápida parada para descansar, subimos os primeiros lances de cabo de aço. Logo no primeiro cabo notei que havia ali uma corda deixada por quem começou a subida antes de nós. O motivo: O cabo rompeu na metade e a corda foi fixada para auxiliar na subida e ser resgatada na volta por quem colocou.Pegamos carona nessa corda e foi o Hernando quem subiu primeiro. Usamos apenas a solteira e o mosquetão pelos cabos de grampo em grampo. Zé ia a minha frente e eu em seguida, bem na cola. Como não estava de luva, senti o aço machucar um pouco a mão. Logo Zé e eu nos juntamos ao ''Limão''( Hernando) e o Marquinho chegou logo sem seguida. Luizinho e Zecão fecharam esse primeiro lance.
Luizinho e Zecão.
                                                                              
Enquanto eu esperava o Zecão e o Luizinho chegar até onde paramos, fiquei admirando a vista com muita empolgação. Tinha a minha direita uma visão maravilhosa do Escalavrado. Observava aquelas paredes e não conseguia imaginar a sensação de estar ali.
Escalavrado.
                                                                                           
Com todos reunidos, Hernando recolheu a corda e subimos a exigente trilha com muitos pontos íngremes e cabos de aço pra todo lado além de algumas cordas fixas. Logo chegamos a bifurcação á direita para pegar a Face Leste da montanha e a trilha que seguia subindo levava para a via Teixeira. Foram colocadas algumas proteções por conta da trilha escorregadia e potencialmente perigosa.

Logo chegamos num pequeno platô onde era possível ver a Verruga do Frade e a mata atlântica naquelas encostras rochosas com o imenso vale ao fundo com o polegar do lado oposto.
Verruga do Frade.
 
Pegamos a trilha estreita e íngreme passando por algumas pedras inclinadas e com a vegetação arbustiva até parar novamente.
Turma no descanso.
                                             
Luizinho.

 Hernando iniciou a subida com corda passando pelas pedras á esquerda e gritou avisando que era pra mandar alguém subir. Zé se ajustou e então seguiu na cordada até avisarem outra vez e assim por diante, um a um, chegar ao próximo ponto de parada. Zecão me mandou e lá fui eu, todo animado e com um sorriso que não conseguia tirar da cara. Com algumas dicas venci os lances iniciais ainda de bota e segui caminho acima. Lá encontrei os rapazes e procurei um canto pra sentar e curtir o momento. Quando todos chegaram lá, colocamos a sapatilha e aguardamos as instruções dos mais experientes. Apenas o Zecão e Luizinho conheciam a montanha. Para os demais, assim como eu, era a primeira vez e num dia lindo.
Hernando fazendo a segurança.
                                                                                    
                                  Face Leste do Dedo de Deus.

Com tudo pronto, foi o Marquinho que iniciou a subida com o ''Limão'' fazendo sua proteção. Peguei a câmera na mochila pra fazer algumas fotos e aproveitei para arrumar a bagunça que tinha dentro. Feito isso, comecei a registrar a atividade com uma garrafa de água do lado para hidratar. Zé estava praticamente deitado um pouco acima descansando tranquilamente e o Zecão fazia o ''Job'' dele antes de parar para descansar.
Zecão no ''Job''.
Zecão no descanso.

 Com o Marquinho lá em cima, Hernando iniciou a subida e acabou entrando no que parecia um sistema de calha á esquerda do caminho correto. Nem ele entendeu o que aconteceu e logo foi para á direita e chegou a parada. Zecão pediu para o Zé ir e então aguardei ansiosamente para chegar a minha vez. Assim que iniciei, vi que era um lance de ''ralação'' por lances facéis. Utilizei tudo o que tinha direito: Calha, fendas, agarras e por fim uma rampa de pedra que dá no acesso da Maria Cebola. Lá aguardamos os outros e aproveitamos para dar aquela relaxada. Olhei a curiosa árvore que saia das pedras e também o Polegar do Dedo de Deus. Os carros passavam na estrada, subindo e descendo e eram do tamanho da unha das nossas mãos. Uma vista realmente impressionante.
Parte do polegar e a estrada.
                                                                                                        
Zé e Marquinho.
                                                                                      
Nessa parte eu olhei os três grampos na pedra do lado esquerdo e aguardei os próximos comandos. Quase não registrei e guardei a câmera na mochila do Zé pois puxaríamos as mochilas pela corda. Todo mundo pronto novamente e lá fomos nós. Zecão pediu pro Hernando guiar a Maria Cebola. Com cuidado, ele subiu na árvore e costurou os três grampos até chegar na virada. Eu só escutei ele reagindo ao se deparar com o imenso abismo ao fazer a virada e senti a adrenalina subir de pouco a pouco e observava a corda se movimentar enquanto aguardava ele se ancorar para eu ir em seguida.
Hernando na entrada da Maria Cebola.
                                                                      
Assim que iniciei, fui cuidadosamente até o terceiro grampo, abaixei a cabeça, apoiei o pé e então fiz a virada. A minha mente automaticamente soltou um: CARALHO!!!

Antes de chegar nesse trecho eu pesquisei por vídeos só para ter uma noção. Mas estar ali fazendo pela primeira vez é marcante. Fui agarrando com a mão esquerda na pequena fissura da pedra enquanto apoiava com a outra até passar por um grampo. Nesse ponto lembro do Hernando falando comigo: '' Mateus, olha pra baixo, olha pra baixo''. Eu olhei um pouco e continuei a subir. Sentia as pernas tremendo mesmo estando com duas cordas na minha proteção. Cheguei até ele extasiado e me ancorei junto ao sistema de proteção que ele fez. Uma pena que minha câmera e o celular ficaram na mochila e eu não consegui registrar a turma subindo. Então sentei e conversei com o companheiro de escalda sobre o lance. Estava admirado com a passagem impressionante. Logo chegou o Zé, Luizinho, Marquinho e por último o Zecão.
Hernando e eu ancorados.
                                                                                    
Da Maria Cebola em diante quem assumiu a ponta da corda foi o Zecão e fui no seu encalço. Ele entrou embalado nas chaminés enquanto eu montava as zelhas e colocava as costuras na mochila. Segui no encalço dele mandando ás mochilas e depois subindo até onde ele estava. Daí ele avançava e fazíamos todo o procedimento. Levamos três mochilas e ás outras três vieram com quem vinha depois de nós. Gostei bastante dos lances das chaminés e achei que elas tinham acabado. Zecão disparou na frente e eu esperei no meio da chaminé onde havia uma pedra boa para ficar. Puxei ás mochilas que o Zé me passou e por fim avancei com o Zecão. O cume estava bem próximo e eu super animado. Quando passei num lance em artifical bem curto apenas para ter um apoio, fui instruído a aproveitar uma valeta e em seguida pegar uma curta chaminé com um grampo na altura do peito. Fiz um lance de domínio e então comecei outro processo de mandar as mochilas. Lembro de estar dando a proteção ao Zecão e dele soltar o grito: '' Vamos que eu já estou vendo a escada''. Meu coração nessa altura já estava a mil. Quando enviei a segunda mochila pela chaminé, dei a segurança pro Hernando chegar até onde eu estava. Mandei a última mochila e entrei no lance. Ao sair, vi dois grampos que serviam como parada dupla e avistei o Zecão perto da escada. Esse momento foi muito marcante . Fiquei admirado com a vista e aguardei até a proteção ser feita antes de subir.
Escada de acesso ao cume.
                                                                                      
Quando o Zecão montou toda a proteção, fiz a segurança do Hernando até ele chegar onde eu estava e então parti para a escada. A emoção aumentava na mesma proporção em que eu colocava um pé após o outro em cada degrau. Subi tranquilamente e me segurei ao máximo para não chorar. Significava mais do que tudo chegar neste momento pois desde que vi a montanha na primeira vez em que fui ao Açu, o desejo de ir lá só aumentava. Caminhei até a placa e dei um abraço na estrutura em que ela se encontrava, agradecendo pelo privilégio de estar ali.
Placa em homenagem aos conquistadores.
                                                             
Como fui o primeiro a chegar no cume, aproveitei para descansar, tomar o meu isotônico e finalizar o pão recheado que comprei. Me senti o homem mais feliz do mundo e naquele momento era infinito. Fechei os olhos e senti o vento soprar o meu rosto de forma suave. Recuperado, peguei o livro de cume e comecei a ler os relatos de outras pessoas que também estiveram ali.
Caixa do livro.
                                                                                       
Livro de cume.
                                                                                          
Passado algum tempo, quem chegou ao cume foi o Zé e me cumprimentou. Notei que ele também estava feliz da vida. Depois foi a vez do Hernando, Marquinho e por fim o Luizinho. Todos reunidos no Dedo de Deus, comemorando a escalada e o dia lindo que fez.

Aproveitei para fazer alguns registros do pessoal e também alguns vídeos pra levar de recordação.
Zecão observando a placa.
                                                                                                        
Enquanto fazia os registros, notei o Zecão parado em frente a pedra onde está a placa em homenagem aos conquistadores da montanha.
Marquinho futucando a mochila.
                                                                                         
Marquinho também mexia na mochila e aproveitei para fazer um registro.
Hernando.

Já o ''Limão'' mexia nos seus equipamentos e na corda fazendo alguns ajustes e o Zé levantava o livro de cume para uma foto.
Zé com o livro de cume.

 O único que não registrei em solitário no cume foi o Luizinho e não me lembro o motivo.
Quando eu cumprimentei a turma, percebi que só faltava o Zecão. Já fui com os olhos marejados e não segurei de vez a emoção e dei um baita abraço nele. Ele me botou uma pilha e a turma toda brincou. O clima era dos melhores.
Abraço de agradecimento no Zecão.
                                                                             
Enquanto o pessoal descansava e papeava, aproveitei para fazer alguns registros do visual e saboreava cada cantinho daquele cume mágico antes de fazer o rapel e descer a montanha.
Montanhas da Serra dos Órgãos e o inconfundível Garrafão.
                                                        
Montanhas da região dos Três Picos.
                                                                      
Escalavrado, Dedo de Nossa Senhora e Dedinhos.
                                                                     
Antes de partir, assinamos o livro de cume antes do Zecão e Hernando montar o rapel que faríamos para descer a montanha.
Assinando o livro.
                                                                                                              
Aguardando a vez.
                                                                                                                     
Zé assinando o livro.
                                                                                    
Antes de partir, fiz uma foto da turma reunida. Não participei pois não estava com o tripé e por conta da correria esqueci do timer. Mas valeu o registro da turma reunida.
Turma reunida antes de deixar o cume da montanha.
                               
Registro feito pelo Zé no cume.
               
                        Retorno.

Foi o Zecão quem abriu o rapel e desceu até a primeira parada. Em seguida ele me chamou e então comecei a me ajustar. Hernando me deu uma força pois a minha adrenalina estava tão alta que eu sentia o corpo tremer da cabeça aos pés. Já havia feito duas vezes. Mas nada comparado ao que estava por vir. Quando cheguei na beirada, vi aquele abismo enorme com ás árvores lá no fundo do vale. Coloquei minha solteira no grampo, verifiquei o ATC e então comecei a descer. O rapel era vertiginoso e eu ia com o máximo de tranquilidade possível. Num certo momento eu parei e olhei pra baixo. Pensei:'' Com certeza não tem chance...''
Continuei descer com a orientação de ir mais pra esquerda e cheguei na primeira parada dupla e em seguida fiz a minha ancoragem. Assim que eu cheguei, Zecão me disse pra nunca fazer o rapel sem ter alguém na ponta da corda. Logo chegou o Zé e depois o Luizinho. Nesta altura o Zecão já estava no chão fazendo a nossa segurança. Primeiro foi o Zé, Luizinho e novamente o Hernando me verificou e então fui para a parte negativa.
Parede negativa na segunda enfiada do rapel.
                                                                                           
Que sensação gostosa e medonha ao mesmo tempo. Numa parte da descida a rocha começou a me jogar para o abismo e eu fui voltando aos poucos até sair da parede e ir ''flutuando 'pela corda na direção deles e pensando:'' Que loucura!"
Agora só faltava o Marquinho e o Hernando pra completar a turma. Enquanto eles rapelavam, Luizinho, Zé e eu seguimos descendo e o Zecão ficou na ponta da corda pra fazer a segurança.
Trilha após o rapel.
                                                                                                          
Seguimos a trilha contornando a montanha com alguns lances de cabo de aço. Optamos pela corda pois era mais seguro. O visual era impressionante para os Dedinhos e o Escalavrado ali bem perto.

Descida por corda.

Zé foi na frente descendo pelos cabos de aço que em alguns pontos deixaram cordas fixas. Só de olhar percebi que aquilo não era nada confiável. Logo o Limão e o Marquinho já tinham resgatado a corda e seguimos descendo um pouco mais tranquilos durante a tarde. Montamos a segurança com ás cordas que levamos até ficar menos expostos. Já num platô espaçoso e convidativo para descanso vi o Zecão sentado, admirando ás montanhas da serra mais bela do mundo: Serra dos Órgãos!


Zecão no descanso.

Pegamos a descida da cuíca já pela noite. Marquinho e Hernando fizeram o sistema de segurança e então descemos um a um até todos chegarem com segurança. Com a corda resgatada, aproveitamos para comer as mariolas que o Zé tinha levado. Descemos a trilha com cuidado até a rua . Limão na frente e o Marquinho fechando o grupo. A descida foi bem relaxante dentro da bela mata com o céu estrelado. Dava pra ouvir bem o barulho dos carros passando na rodovia. Logo saímos da trilha e subimos pelo acostamento para seguir até o carro. Achei impressionante ver a silhueta do Dedo de Deus  com o céu recheado das estrelas e com os faróis dos veículos iluminando boa parte da mata nas encostas.

Tomamos água, respiramos, trocamos um papo e então nos despedimos do Zé que iria de moto. Os demais seguiriam com o Zecão no comando da ''Branca de Neve'' - a parte mais perigosa da aventura. Por ser num domingo já pela noite, não tinha movimento na rua. Enquanto a turma papeava e botava uma pilha uns nos outros, apreciava pela janela do carro os prédios e o movimento noturno da cidade de Teresópolis. Foi um momento marcante pois a minha ficha não tinha caído e começou a tocar uma música que ecoou na minha mente. Era da banda Plebe Rude. Á música :''Até Quando Esperar''. Zecão se empolgou e até simulou as paquetas. Descemos a BR - 495 até chegar em Itaipava e depois seguimos para o Pastel de Nogueira para tomar umas cervejas e obviamente, comer pastel. Ficamos na praça papeando por quase 30 minutos. Entramos no carro e fomos embora depois de um dia lindo na serra. E só de pensar que há 109 anos os estrangeiros diziam ser impossível subir e que se eles não foram, ninguém iria. Foi difícil até pra dormir nas duas noites seguintes. Fechava os olhos e os flashbacks vinham a todo vapor. O rapel e a Maria cebola foram os mais marcantes por conta da adrenalina que corre nas veias. Após o Dedo de Deus, o que vier é lucro. Agradeço a todos os companheiros que fizeram parte de um  dos dias mais emocionante que tive na vida.


Que Deus abençoe ás montanhas e aqueles que por elas se aventuram com o objetivo de superar os próprios limites.

terça-feira, 1 de junho de 2021

Jacó (Sentis) x Pilatos ( Quebra-Frascos)/Serra dos Órgãos

                                         


Pilatos e Jacó a partir do Mamute.

Fazendo parte da Serra dos Órgãos com os seus 1.969 m de altitude o Pilatos é a décima segunda na lista das mais altas montanhas da serra. Seu acesso é próximo ao KM 16 da BR- 495.  O antigo acesso passava por algumas casas e bastava ser educado, respeitoso e pedir autorização para realizar a caminhada. Por conta do mau comportamento de alguns todos os outros pagaram pois atualmente os moradores não permitem a passagem. O novo acesso se dá numa grande escadaria branca ao lado da estrada, antes do recuo onde é possível estacionar o carro.

                                                      A busca por novas perspectivas...

    Depois do sucesso nas investidas para chegar ao Mamute o grupo decidiu que a próxima trilha seria o Jáco. Na ocasião os participantes Anderson Medeiros, Thais Bula, Rafael, Ricardo, Nana e Fred foram no Pilatos e se interessaram pelo Jáco, o que é bem fácil de compreender. 

Com tudo definido, fechamos a trilha que marcamos para o dia 22/05, sábado. Ricardo não compareceu por conta dos compromissos que tinha. André havia confirmado e convidamos o Alexandre Milhorance para participar. Combinamos no Bob's de Itaipava ás 06h00. Enquanto esperávamos a outra parte do grupo vimos o Ricardo em frente a guarita do terminal de Itaipava. Anderson foi lá cumprimentar ele e bater papo. O pessoal chegou e seguimos pela estrada Itaipava-Teresópolis( BR-495). O amanhecer foi belo, especialmente em volta do Cantagalo. Fui escutando musica e deixei a conversa para o Alê, Fred e Anderson.

                                                Sequestro da mochila.

Toda vez que vou para a trilha sempre deixo mochila comigo e nesse dia algo de diferente aconteceu...Ela foi no porta-malas do carro do Celso e eu saí para cumprimentar a galera que já estava bem animada logo pela manhã. Vi o Thiago sentado tranquilamente no banco do motorista e fui conversar com ele a respeito de um ocorrido no trabalho. Esqueci até de dar bom dia para o pessoal e consequentemente a mochila. Celso desceu tão rápido que a minha reação foi só olhar e torcer para que alguém estivesse me pregando uma peça naquela hora da manhã. Me voltei para o Anderson e disse que minha mochila havia ficado no porta malas.

Fiquei boquiaberto ao perceber que esqueci a mochila no Uber e tentamos contatar o motorista rapidamente  mas sem êxito. Aguardarmos seu retorno ansiosos e ao perceber que ele estava enfurecido, com rubror em seu rosto e sangue nos olhos claramente possuído pelo ódio mortal... ouviu-se um silêncio ensurdecedor. Perguntávamos: "será que ficaremos a pé na volta''?

Mas antes do Alexandre conseguir falar com ele apesar das falhas em função do péssimo sinal do celular e por conta do stress no trabalho, acabei externando um pouco e fui mal criado com o Alê e o Andinho - coisa que me arrependi assim que esfriei a cabeça. Alexandre começou a me colocar uma pilha pra valer e do lado dele, ninguém menos que o André reforçando o quanto mais puto eu ficasse, pior seria. E ele estava certo, eu fui o motivo da  risada generalizada antes da trilha. Me esforçava ao máximo para não dar ideia pra eles, mas era quase impossível. Acabei focando no assunto com o Thiago e dando atenção a simpática cadela que estava próxima de nós.

                                                  Rumo a trilha

Quando todos estavam prontos decidimos que era hora de caminhar depois do atraso de aproximadamente 30 minutos aguardando a mochila. Fui por último com o fone de ouvido tentando relaxar ao máximo e evitando a pilha que foi o assunto principal. Subi por último após esperar os rapazes ajudarem ás meninas que tinham dificuldade para subir os degraus exigentes. Pegamos a valeta e fomos para á esquerda e entramos na trilhá a direita. Anderson estava no pique e assumiu a ponta seguido por Rafael, Thais e Alexandre. Fred, Ozaki e Nana estavam um pouco a minha frente. Guardei o fone de ouvido e fui por último. Não estava bem fisicamente e psicologicamente. Me sentia péssimo e com um pouco de impaciência.

Notei que a trilha era bem agradável para se andar e que a predominância de samambaias era imensa. Numa das paradas que fizemos fui oferecer doce de leite e quase acabei acertando um no rosto do Alê. Enquanto isso Thais procurava no meio da vegetação e conseguiu achar. Nana também pegou um e ficamos ali, sentados no meio da trilha papeando. O grupo novamente voltou a caminhar e eu fui por último rindo do Alexandre jogando uma maça bem grande fora pois estava murcha. 

Em determinado momento dei um pique e ultrapassei a Thais e Alexandre . Um pouco acima passei pela Nana com um bico maior do que os dos Tucanos que tanto gosto de observar. Ainda sentia um cansaço físico inexplicável. Enquanto descansava com o meu mau humor fui ultrapassado por todos que passei momentos antes. Tomei um pouco de PowerRade enquanto via o Anderson lá em cima só esperando a gente. Ele estava numa disposição de causar inveja - no bom sentido- em mim. Acabei batendo um papo produtivo com a Nana e que foi importante pra deixar o stress lá em baixo e curtir a trilha. Toque certo na hora certa. Respirei fundo e fui fechando o grupo, passando pela subida com alguns buracos e samambaias por todo lado até chegar a laje. Subimos com cuidado e ali paramos para papear e comer alguma coisa.

Registro do Fred na laje em que paramos pra descansar.

Ficamos nessa laje por aproximadamente vinte minutos curtindo pra valer. Eu não parava de olhar o Mamute e o Cone 3. Alexandre comentava que faria um dia quente e ''embaçado''. Novamente tocamos pra cima passando por outro trecho de subida em meio as samambaias e eventuais buracos que desviamos durante o trajeto. Quando chegamos num trecho pouco mais plano e com uma vista linda para o Jacó, reparei na crista que levava até a base da montanha. Tínhamos outro trajeto em mente que certamente era muito mais atrativo. Levei um imenso susto quando estava com o olho no visor da câmera fazendo alguns registros quando notei de repente o Fred saindo sorrateiramente dos arbustos. 

Foi descendo esse colo que ouvi o André falando sobre o botão do meu short - que desprendeu-se- durante uma rápida ida na cachoeira da macumba. Desconversei e continuamos até chegar numa laje de pedra com o capim- de-anta que é nativo das regiões de altitude. Á esquerda, subindo a calha bem visível um pinheiro solitário servia de referência.


Thais e Rafa na trilha do Pilatos onde há o solitário pinheiro.

Nesse trecho a caminhada é marcante porque após vencer a subida que alternava laje e capim-de anta chegamos mais perto do Jacó. Montanha majestosa e imponente que impressiona com seu formato inigualável.  Dava pra ver até a Verruga do Frade, o que chamou bastante a atenção e isso sem mencionar o Pipoca, Mamute, Castelitos e outras montanhas impressionantes na linha dos 2.000m de altitude. 

Lugar impressionante.


Ficamos ali por um tempo admirando e fazendo fotos. Meu humor já estava melhor e então eu comecei a esperar por oportunidades de fazer piada e usar do meu leve sarcasmo para descontrair. E as minhas vítimas favoritas eram: Alexandre, Nana e Thais. Mais uma vez voltamos a andar e pegamos a trilha no capim-de-anta mais para á direita das lajes. Na direção oposta fica o caminho do Pilatos, montanha que pretendíamos passar na volta para ver o sol se pôr. Alexandre foi a frente com o André, Rafael e Anderson na cola. Thais ia na frente do Fred com a Nana e eu em seguida. Por ser a mais baixinha do grupo, Thais sofria com o capim-de-anta e divertia o grupo. O momento mais engraçado nesse trecho foi quando o Fred resolveu dar um baita susto nela. Aproveitando-se de uma rápida distração e da altura da vegetação, ele se abaixou com maestria enquanto ela falava comigo e com a Nana. Assim que ela voltou a andar o Fred pegou o tornozelo dela e eu podia jurar que ela ia morrer. Soltou outro berro, idêntico ao da trilha do Mamute. Caímos na gargalhada enquanto ela se apoiava num pedaço de tronco que eu nem reparei onde  havia conseguido. Continuamos a descida por lajes num trecho demasiado escorregadio até parar um pouco e fazer algumas fotos.

                        

Jacó, Verruga do Frade á esquerda e Papudo á direita.

Enquanto os outros se divertiam e faziam bastantes registros eu aproveitei para descansar no lajão de pedra. Rafael e Alexandre já haviam atravessado para a outra laje e exploravam todos os cantos. Aproveitando o ar puro e refrescante da mata, aguardei pacientemente com a câmera em mãos na expectativa de fazer foto do pessoal que descia a laje de encontro aos rapazes da dianteira.

André Ozaki na laje.

Thais e Nana.

Fred e Anderson

Quando todos estavam na laje do outro lado coloquei a câmera no case e me juntei a eles. Passamos por mais um trecho de laje que apresentava uma vegetação bem fofa e traiçoeira pois estava molhada. Decidimos fazer mais uma pausa ali. Era uma sensação muito gostosa estar reunido com tanta gente boa, alegre e de energia positiva.  Sentamos na laje espaçosa e começamos a lanchar e bater muito papo. 

Hidratados e com calorias entrando em nossos corpos, rumamos para o vale entre a parede do Pilatos e a base do Jacó.

Povo totalmente descontraído e relaxado nas lajes.

Partimos para a descida pelas lajes em direção a bela mata que víamos de cima por um trecho escorregadio e íngreme até pegar a calha bem visível indo em direção a encosta da montanha. A turma seguia andando num ritmo muito bom e papeava bastante. Logo chegamos no trecho em que teríamos que usar uma corda para conseguir acessar a trilha. Para a nossa surpresa não tinha corda lá e por precaução André levou uma corda de aproximadamente 30 metros. Enquanto nós descansamos na base, Ozaki vencia o trecho mais exposto do dia com muito cuidado para não se acidentar ou até mesmo cair em cima da gente. Ao chegar na parte de cima ele dividiu a corda e fez a segurança pro restante. Subimos um por vez e eu fui o penúltimo. Achei a subida tranquila com o apoio que a corda dava e notei o que parecia um banco natural para descansar.

Subida por cordas na trilha do Jacó

Com a turma toda recuperada seguimos pela bela trilha. Notei que era uma subida relativamente leve e com uma bela mata. Vi muitas orquídeas e bromélias pelo caminho. Chegamos num lajão de pedra onde mais uma vez paramos para papear e descansar. Anderson tirava algumas fotos e Thaís também aproveitou o embalo. O resto de nós conversava e apreciava parte da cidade de Teresópolis e  ás montanhas da região dos Três Picos. Novamente voltamos a caminhar até ladear um trecho rochoso com a trilha bem precária. O trecho a seguir em direção ao cume se estreitava até sair numa laje com um visual avassalador da Serra dos Órgãos. Dei uma boa olhada no Papudo, Pipoca, Contra-Forte do Pipoca, Pedra do Sino, Rabo da Jaguatirica e Mamute. Rumei novamente seguindo os sons emitidos pelo Rafa e Ozaki alternando trecho de vegetação arbustiva e algumas rochas até ver os rapazes naquele imenso lajão com o totem próximo a eles. Senti aquela sensação gostosa de realização e corri literalmente pro abraço cumprimentando os dois que já comemoravam lá. Aos poucos a turma toda chegou e parabenizamos uns aos outros com muita empolgação.

Totem de cume no Jacó

Num dia de céu limpo e com uma visão encantadora, nos reunimos no lajão e começamos a pegar nossos lanches, celulares, câmeras e tudo o que pretendíamos utilizar. Ao abrir o recipiente que guarda o livro de cume nos deparamos com uma folha solta e vimos a assinatura de alguns membros do CEP e do amigo e Thiago Haussig. Anderson levou um livro para colocarmos lá  e então assinamos. O papo no cume. Foi muito bom e ficamos por quase 2h aproximadamente relaxando e curtindo. No entanto sabíamos que a nossa trilha não acabava ali e o próximo objetivo era ir ao Pilatos também. Avistamos algumas pessoas no Papudo e na Pedra do Sino antes de fazer alguns registros do grupo e partir.

Lajão do Jacó onde fica o livro de cume.

Grupo registrado pelo Anderson.

Grupo registrado pelo Alexandre.

                                                              Rumo ao Pilatos

A volta foi bem tranquila apesar de termos nos deparado com um exército de formigas logo após sair do cume. Eu estava por último pois algum de nós empacava a trilha logo a frente e o que restava era se mexer para evitar a picada dolorosa. No trecho mais critico da trilha André colocou a corda para facilitar a descida. Thais teve um pouco de dificuldade mas foi aconselhada pelo grupo e o Rafael deu uma força. André e eu fomos os últimos. Papeamos e demos boas risadas até que o caminho estivesse livre. Nana também teve algumas dificuldades e Alexandre deu a ela uma ''forcinha'' pra facilitar a descida.

Trecho da corda

Depois da Nana eu desci e o André recolheu a corda. Chegamos a laje que paramos mais cedo e descansamos antes de prosseguir até a parte do capim-de-anta. Alexandre e eu fomos a frente na subida com o grupo no encalço. No capim-de-anta era bem complicado de se manter na trilha ''certa'' pois de tempos em tempos eu tinha que voltar e achar o caminho. Numa dessas acabei dentro de um buraco e o que vi foi a cara de riso do Fred por conta da situação. Rafa e Thais foram mais para o lado esquerdo enquanto o Alexandre procurava uma trilha mais lógica para sairmos dali. Foi então que minha paciência começou a esgotar e vi um rastro discreto á esquerda. Disparei sem aviso prévio para sair o mais rápido dali e chegar no topo do morrinho. Ao chegar, peguei água na mochila enquanto esperava os outros. Asim que chegaram ficamos um pouco e então partimos. O caminho agora seguia bem suave por uma vegetação rasteira que ia em direção ao morrote que antecede o cume do Pilatos. Ao tomar distância decidi pegar a câmera e fazer algumas fotos.

Mar de montanhas em Petrópolis a partir da trilha do Pilatos

O visual que se descortinava do ponto em que eu estava era absolutamente fantástico, daqueles de tirar o fôlego de qualquer um.

A subida final foi por trilha bem marcada com a predominância do capim-de-anta. Novamente estávamos em outro belíssimo cume com vista incrível para a cidade de Petrópolis, região da Serra dos Órgãos, Taquaril, Cantagalo e claro, Três Picos. 

Região dos Três Picos

Outra rodada de comemoração pelo êxito e mochilas espalhadas por todos os cantos. Aproveitamos para curtir o belo visual. Uns exploraram o cume e outros aproveitavam o lanche. Eu aproveitava tudo o que me ofereciam, estava com muita fome e não ousava recusar nada. A ideia era assistir o pôr do sol e fazer fotos mas acabou não acontecendo. Assinamos o livro de cume e  com o vento forte e frio começamos o caminho de volta para a estrada.

A volta foi bem tranquila e pegamos parte do caminho pela noite como ás lanternas em mãos e cabeças. Esperamos pouco tempo para o resgate chegar. O que fizemos foi bater papo para descontrair. Logo o Celso chegou para a nossa surpresa e alívio. Não seria necessário descer a serra a pé por conta de um leve vacilo. Nos despedimos e pegamos o caminho de volta para casa. A trilha foi um sucesso, com muita diversão e companheirismo num dia belo na serra mais linda do mundo: Serra dos Órgãos!