terça-feira, 18 de agosto de 2020

Joãozinho/ Serra das Araras

                                                 Serra das Araras outra vez

Depois de duas semanas sem fazer trilha por conta dos compromissos, estava na hora de caminhar. Tinha em mente voltar a trilha da Serra Negra, montanha que pertence ao conjunto do Retiro. A intenção era ir até o cume menor, seguindo a longa crista a norte. Acabei recebendo um convite da Thais Bula, que conheci quando fizemos  a trilha do Alcobaça no ano de 2018, em dezembro. Combinamos os horários e os pontos de encontro para o sábado, 15 de agosto de 2020. O destino da vez era o Joãozinho, montanha vizinha do João Grande.

Joãozinho

 O Joãozinho é uma montanha pouco frequentada da Serra das Araras e tem 1.463 m de altitude. A previsão para o dia da trilha era favorável. Acordei bem cedo no sábado, arrumei a mochila e segui para o ponto de ônibus. Mandei uma mensagem para a Thais avisando que o ônibus estava a caminho. Embarquei por volta das 06h20 da manhã e ás 06h30 encontrei Thais. Conversamos um pouco sobre as trilhas e sobre o que nos esperava. Estivemos no Morro da Covanca  exatamente duas semanas antes.

Morro da Covanca.

 Na ocasião, Thais estava acompanhada do Anderson Medeiros, André Ozaki e Rafael Martins, seu namorado. Eu estava na companhia de Alexandre Milhorance, Philipe Almeida e Wendel Menezes. Foi um dia bem bacana. Rimos muito durante a trilha e no cume batemos muito papo enquanto aguardávamos o tempo melhorar para apreciar a Maria Comprida que estava encoberta pelas nuvens. 

                                                      Espera.

Saltamos no Montreal, atravessamos a rua e fomos para o ponto que tem do outro lado da rua enquanto o Anderson não chegava. Thais me informou que ele passaria ali por volta das 06h50. Não demorou e o Anderson chegou. Entramos no carro nos cumprimentamos. Fui no banco de trás e Thais no banco do carona. Seguimos para pegar o Rafael em Araras. Com todos presentes, paramos no centrinho de Araras para comprar alguma coisa. Comprei uma caixa de bis e um biscoito recheado de morango. Acabei levando um isotônico também.
Voltamos para o carro e seguimos para o acesso da trilha. Só faltou o André nessa. Ele foi para a Maria Comprida levar outro grupo de caminhantes.

                                        Hora de andar.

Saltamos do carro no acesso da trilha. A trilha para o Joãozinho é a mesma da Travessia Araras-Secretário. Esse caminho também dá acesso ao Morro da Mensagem. O ponto onde as trilhas são iniciadas é conhecida como ''Colo das Torres'' antes de descer o vale em direção a Secretário. Ao estacionar o carro bem em frente a trilha, Anderson teve que retornar pois não deu para deixar o carro na lateral da rua de acesso. Ele colocou o carro em um canto um pouco antes enquanto Thais, Rafael e eu ficamos de papo. Ajustei o facão na cintura e quando Anderson chegou começamos a trilha. Fui andando tranquilamente na frente e estranhei um pouco. Estive naquele caminho duas vezes apenas e isso em 2017 quando fui ao Morro da Mensagem. A trilha estava bem marcada e logo em seu início surge uma casa do lado direito. A trilha passa por alguns trechos de laje de pedra e  por um curto trecho numa espécie de túnel feito por bambus. Conforme avançamos na trilha, começamos a passar ao lado das torres e apreciar a vista bonita do lugar. Dava para ver inúmeras montanhas da Serra dos Órgãos incluindo a pontinha do Garrafão. Chegamos ao colo das torres e então vi a trilha do Morro da Mensagem á direita um pouco a frente. A trilha que seguia descendo reto em direção ao vale levava para Secretário. E ali mesmo do lado esquerdo passando por baixo da torre estava a trilha do Joãozinho. Esse local é o colo das Torres. 


                                  Início da trilha do Joãozinho.

Entramos na trilha subindo o morrinho. A calha da trilha estava bem visível e era bem estreita no início. Anderson e eu fomos na frente com Rafael e Thais na cola. Subimos até sair numa laje de pedra com a trilha a frente.
Anderson e Rafael apreciando o visual.

 Paramos aí para olhar o visual.

Morro da Mensagem.

 Foi nesse momento que olhei a minha bota lotada de carrapatos. Eram tantos que chegou a dar nervoso. Batemos as botas, as roupas e continuamos trilha acima. A partir deste ponto surgem muitas bifurcações que dão no mesmo lugar. Seguimos para a esquerda até um certo ponto e depois para a direita. Foi neste trecho que vi a Maria Comprida pela primeira vez no dia. Caminhava tranquilamente conversando com o Anderson quando me deparei com o lindo visual. Cheguei a tropeçar por não prestar atenção. Anderson também adorou a visão que tinha dali. Rafael e Thais juntaram-se a nós e fizemos uns bons registros no local.
Trecho antes da crista com visão para Maria Comprida, João Grande e Monte de Milho.

 Nesse momento as coceiras terríveis começavam em todos os lugares do corpo. 

Serra da Araras.

Já satisfeitos, continuamos em direção a crista para a esquerda passando por muitas trilhas que se interligavam. Achei aquilo bem confuso. Certamente caminho aberto por cavalos para pastar. Apesar do céu azul, não fazia muito calor pela manhã e a caminhada continuava agradável mesmo com os carrapatos circulando em nossos corpos. Alcançamos a crista que tinha a trilha bem definida e sem muitas bifurcações. O visual era bem legal. Não poderia falar o mesmo de alguns espinhos que ficam no chão e batiam na canela as vezes. Fui de short e acabei pagando o pato. Mas estava mais confortável assim.

Serra do Taquaril, Serra do Cantagalo e Três Picos ao fundo.

                                Da crista para a parte final até o cume.

O caminho na crista foi a parte da trilha que era a melhor para caminhar. Iniciamos a subida em direção ao cume e paramos numa lajinha de pedra. Ao sentar para descansar e esperar pela Thais e Rafael que vinham logo atrás, comentei com o Anderson que a região dos Três Picos aparecia no horizonte. Papeamos ali e eu aproveitei para retirar a bota e as meias. Tinha carrapato até no dedão do pé. Com todo mundo recuperado depois da curta pausa, subimos por um trecho escorregadio e começamos a seguir a trilha para a direita, contornando para seguir até o cume.  Anderson esperou um pouco até que Thais e Rafael chegassem no trecho para fazer um registro deles e subimos para o trecho final. A vista ali era muito bonita com o João Grande e a Maria Comprida bem próximos e imponentes. Aproveitando o belo dia e o visual impressionante, Anderson tirou uma foto minha com meu celular ali e o resultado foi ótimo.

Lindo trecho na trilha do Joãozinho.

Thais e Rafael chegaram em seguida e Anderson fez fotos dela. Rafael subiu para uma pedra um pouco acima e eu o segui. Lá achamos o livro de cume deixado pelo CEP.
Livro de cume do Joãozinho.

O livro estava dentro de uma ''marmitinha'' retangular envolvido em alguns plásticos. No entanto, não tinha caneta ou lápis. Rafael e eu ficamos na pedra e resolvi fazer um vídeo daquele ponto. O vento estava surreal e assim que acabei de registrar, me sentei perto de onde estava o livro e Rafael fez o mesmo. Anderson e Thais chegaram e explicamos a situação. Porém, Anderson tinha caneta e assinou o livro. Rafael partiu para uma área logo a frente. Thais não perdeu tempo e foi se juntar a ele. Depois fomos até eles e ficamos surpreendidos com a visão bem legal do lugar. Lanchamos, papeamos e fizemos alguns registros do lugar. Eu me deliciei com o empadão e os sanduíches feitos pela Thais. Tomei isotônico e água para hidratar. Só depois assinei o livro de cume. Rafael foi dar umas exploradas assim como o Anderson. Numa dessas exploradas para observar o lugar, fiz uma foto do Anderson.

Visual do cume do Joãozinho. Anderson de camisa preta á esquerda.

Depois de algum tempo juntos no cume da montanha conversando bastante, decidi ficar um pouco a sós comigo mesmo. Aproveitei a pouca bateria que me restava para fazer os últimos registros e escutar música. Depois de um tempo eles voltaram e fizeram alguns registros seus aproveitando o belo dia e o visual que tínhamos dali. 

Rafael admirando a paisagem.

Anderson no cume do Joãozinho.

Thais no cume do Joãozinho.

Anderson também fez uma foto nossa no cume.

Rafael, eu e Thais no cume do Joãozinho.

Acabei entrando na brincadeira e pedi um registro meu naquele lugar para levar de recordação. Pedi a Thais e o resultado ficou como eu esperava. Apesar de estragar um pouco a paisagem com a minha presença, deu para destacar a Maria Comprida e o João Grande.
Linda visão do cume e ótimas pedras para descansar.

Com o passar do dia, notei uma ligeira nebulosidade engolindo as montanhas da Serra da Estrela, principalmente na região da travessia Cobiçado x Ventania e avançava para a cidade, em todas as direções. Acabei fazendo algumas fotos durante essa mudança de tempo repentina.
Cidade de Petrópolis.



Tempo mudando radicalmente.

Após um tempo sozinho, vi Anderson chegando com novas companhias e fiquei surpreso. Um homem e duas mulheres vieram com ele e nos cumprimentaram. Batemos papo e eles foram embora. Fizemos o mesmo pouco depois. Na volta, Anderson e eu revezamos a haste abandonada que ficava no cume. A volta foi tranquila e batemos muito papo. Pegamos mais alguns carrapatos, fizemos alguns outros registros e descemos da trilha até chegar ao carro passando por algumas pessoas. No caminho de volta paramos no centrinho de Araras e depois tomamos um açaí delicioso. Logo a mudança climática atingiu a região de Araras com vento forte e frio. Optamos por colocar os casacos. Voltamos a estrada e Anderson deixou Thais e Rafael na porta de casa e em seguida me deixou em frente ao Terminal de Corrêas. Agradeci e fui esperar o ônibus para ir embora. No grupo agradeci a todos pelo convite e pela companhia. Foi ótimo trilhar com vocês outra vez. Só faltou mesmo o André e seu senso de humor para dar mais brilho ao dia.

domingo, 16 de agosto de 2020

Cone 1/Serra dos Órgãos

                                              Sexta-Feira

Ainda em êxtase com a minha ida até o cume da Maria Comprida fiquei revendo as fotos e os vídeos da caminhada realizada na semana anterior.  Não conseguia acreditar que tinha ido naquela montanha tão encantadora e significante para os amantes da natureza.

Durante a manhã eu fiquei relendo alguns relatos com a intenção de achar algumas falhas e erros que poderia corrigir. Fiquei pensando no blog que iria montar e aproveitei para dar uma olhada em alguns equipamentos. Já pela tarde fui para o meu tradicional banquinho de madeira que fica na varanda onde observo a paisagem a espera do sol se pôr e tocar ás montanhas com a luz de ouro do entardecer.

Já na parte da noite fui conversar com o Alexandre para definir qual seria a trilha do final de semana. A conversa estava muito agradável e ficamos horas e horas relembrando das caminhadas que fizemos juntos. Encerramos o papo tarde da noite e definimos qual seria o destino da vez. Combinamos de fazer a trilha do Cone 1, uma montanha pouco visada e conhecida da cidade. Marcamos o horário e então fui dormir. Despertei bem cedo e ainda me sobrou tempo para escutar música e apreciar a transição da noite para o dia. Esse é um dos momentos que mais aprecio. Fiz um café delicioso, coloquei a mochila nas costas, o chapéu na cabeça e um sorriso no canto da boca. Estava pronto para mais uma trilha e a animação era total.

Cone 1 no centro da imagem.

Pé no asfalto...

Fui para o ponto de ônibus enquanto curtia meu som no fone de ouvido. Quando cheguei na rua após subir a escada, notei que o tempo estava estranho. A previsão marcava tempo ensolarado mas o céu estava nublado. Não demorou e ouvi o som familiar do motor do ônibus quebrando o silêncio da manhã. Cheguei ao Terminal e fui até o Alexandre .

Reencontro.

Reconheci o Alexandre de longe e então fui caminhando tranquilamente em sua direção. Notei que ele estava acompanhado. No meio do caminho o motorista do ônibus buzinou para chamar minha atenção ao mesmo tempo em que o cobrador acenava freneticamente com as mãos ao ar. Voltei para verificar o que estava acontecendo e não deixei de rir ao saber que eu estava indo embora sem o troco da passagem. Novamente fui ao encontro dos rapazes que já estavam me esperando. Cumprimentei o Alexandre e conheci seu amigo Thiago Andriolo que era apenas amigo virtual até então. Me sentei ao lado deles e começamos a conversar até o próximo ônibus chegar. O papo era sobre montanhas e equipamento, pra variar. O ônibus chegou e então embarcamos no 603 - Águas Lindas.

Hora de andar.

Saltamos no ponto final do Águas Lindas e reparei em duas ruas que havia ali. Uma era asfaltada  e seguia para o lado direito enquanto a outra era uma estradinha de terra e seguia para o lado esquerdo. Passamos ao lado de um bar e seguimos em direção a estradinha de terra até ver algumas casas pelo caminho. Comentamos entre nós se seria ou não necessário pedir permissão para passar por ali. Era bem cedo e não tinha sinal de qualquer pessoa. Andamos até chegar num portão, seguindo pelo lado esquerdo. Logo nesse trecho inicial vimos cenas lamentáveis de cara. Muito lixo jogado ao lado da estradinha e em grande proporção. Para retirar todo aquele lixo seria preciso bastante sacola plástica e luvas. Dei uma observada no lugar e pensei que ali talvez fosse o local onde os moradores deixavam o lixo para a coleta seletiva. Prosseguimos até avistar um homem no canto da rua. Quando nos aproximamos ele no cumprimentou e retribuímos de forma educada enquanto ele fumava o seu cigarro suspeito. Logo a frente surgiu um banco de madeira bem convidativo para uma parada. Thiago nos disse que passaria o dia todo ali sentado, apenas observando a vista que era encantadora. Tive que concordar com ele. Não seria nada mal parar ali para tomar um café da manhã admirando as montanhas da Serra do Taquaril em destaque. Voltei a notar ás nuvens espalhadas pelo céu da região e torcia para o tempo melhorar.
Andamos mais um bocado e fomos surpreendidos com um trecho muito agradável. A estradinha  de terra seguia fazendo uma curva com a vegetação dividindo a faixa e com uma bela árvore. Contra o céu surgiu o contorno dos paredões das montanhas da Serra do Cantagalo em toda a sua glória. Deixei Thiago e Alexandre tomarem certa distância para fazer um registro no celular. Quando me dei conta, estava correndo para alcançar eles e continuar andando.
Estradinha de terra.

Um lindo pasto.

Continuando pela estradinha enquanto Alexandre se orientava na navegação. Passamos por algumas entradas indefinidas no canto até pegar uma que subia até um morrinho. Chegamos neste primeiro morro que era bem bonito e agradável. Tiramos um tempo pra descansar com o capim barba-de-bode por todo lado junto a graminha rasteira. Voltamos a andar e subimos até o ponto mais alto que os nossos olhos podiam alcançar e o trecho era tão bonito quanto o anterior. Conseguimos avistar um belo Ipê amarelo.

Ipê-amarelo no pasto.
Continuamos pela trilha até chegar a cumeeira e ladear uma cerca de arames. Voltamos a descansar neste ponto. Durante o curta parada para avaliar a orientação, fiquei admirando aquele pasto com o Ipê e só conseguia imaginar uma garrafa de café e um bom livro para ficar ali encostado por horas apreciando o lugar.

Rumo ao Morro do Águas Lindas.

Com todos prontos e dispostos novamente, começamos a seguir uma calha bem visível e um tanto traiçoeira também. Além de algumas bifurcações e buracos grande pelas laterais. Certamente aqueles buracos não poderiam nos engolir mas certamente machucar no caso de vacilarmos. Usamos o bom senso e seguimos a calha descendo para subir mais a frente. Com muito esforço e sem parar chegamos no alto deste morrinho que era bem arbustivo e não servia de local para uma parada.

Trecho confuso!

Não demos 20 passos e topamos com inúmeras bifurcações. Parecia até uma avenida cheia de entradas em todas as direções. Só faltavam os carros, as motos e os pedestres...
Redobramos a atenção evitando perder tempo no caso de pegar uma trilha na direção errada. Alexandre verificou seu GPS e voltamos a andar. Após andar um pouquinho vimos a Pedra do Cone e o Cone 1. Ficamos bem animados. Tinha muito chão pela frente ainda. Passamos por várias bifurcações até começar a descer e não demorou até o Alexandre nos falar que saímos da trilha. Retornamos e pegamos a trilha correta que continuava a descer o morro passando por trechos de vegetação com capim-navalha  e alguns espinhos no caminho ''fofo'' criado pela matéria orgânica em decomposição naquele lugar. Começamos a sentir um odor forte e horrível na metade da descida. Havia alguma coisa em decomposição pela região e parecia ser bem recente. Não vimos nada e seguimos nosso caminho. Chegamos no fim da descida com alguns arranhões e perfurações de espinhos. Nos hidratamos e fizemos um lanche antes de pegar a linha da trilha subindo do outro lado da mata perto das árvores. Subimos a trilha apertada e irregular para o Morro do Calembe. Caminho íngreme e curto com seu trecho inicial bem interessante. Caminhada na mata e livre da exposição total dos raios UV. Eu revezava com o Alexandre e cada um ia na frente um pouco. Saímos da mata e pegamos alguns trechos de laje de pedra e vi o morro que descemos ao olhar pra trás.

Trecho de mata com o Morro do Águas Lindas ao fundo.

 Nos deparamos com um totem e seguimos de totem em totem, lajes de pedra e vegetação rasteira. O trecho oferecia um bom lugar para descansar e apreciar a vista. Peguei meus pães com patê que fiz em casa. Thiago estava subindo a laje onde estávamos. 
Thiago Andriolo na subida da laje do Morro do Calembe.

Ofereci pão com patê e eles recusaram. Não perdi tempo e comecei a lanchar enquanto descansava e admirava a vista. Sentados na laje conversamos sobre a trilha até o momento. Aproveitei para repetir a refeição. Estava com uma fome tremenda. As nuvens aos poucos sumiam no céu azul daquela manhã e o calor começava a chegar com força. Thiago me ofereceu um pedaço de rapadura e eu fiquei meio confuso pois não conseguia lembrar se eu gostava ou não de rapadura ou rabanada. Nem lembrava da diferença de tanto tempo que não comia. Ao comer a rapadura, já busquei a minha garrafa de água para poder engolir. Era extremamente doce e deu muita sede. Voltamos para a trilha alternando trecho de vegetação rasteira e algumas lajes de pedra. Uns 15 minutos depois chegamos ao Morro do Calembe.

Uma rua no alto do morro.

Ao chegar no Morro do Calembe a primeira coisa que notamos foi uma larga rua com as marcas de pneu de trator bem marcadas na terra. Fomos em direção ao Cone 1 até trocar este largo trecho aberto e pegar uma trilha na crista logo a frente.
Cone 1, Pedra do Cone e Conjunto do Alcobaça.

A visão a partir deste ponto apresentava-se bem majestosa com ás montanhas do conjunto do Alcobaça dando show. Vimos o Mãe D'Água, Pico do Alcobaça ,Morro do Teto e Cabeça de Cachorro. O cume cônico do Alcobaça aparecia parcialmente por conta das nuvens. Mais próximo de nós a Pedra do Cone e o Cone 1, nosso destino. Foi aliviante sair da crista e do forte calor que fazia. Entramos na mata repleta de capim por todo lado. A trilha seguia descendo na sombra da mata até aparecer uma bifurcação á esquerda.  Subimos pela trilha bem acidentada e apertada em meio a vegetação ainda repleta de capim, pequenas árvores e arbustos. Paramos para tomar água e descansar na sombra pois o calor só aumentava tornando tudo mais cansativo. Os espinhos perfurantes e os cortes do capim começavam agora a se misturar com o suor e o calor. Alexandre e Thiago estavam com a mesma cara de surrados que eu também estava. No entanto, apesar de tudo, seguimos com o sorriso no rosto. 

O destino.

Retornamos para a trilha depois de um curto papo e uns bons goles de água. Estava bem abafado e parecia que quanto mais pausas fazíamos, pior ficava. Avançamos com cautela evitando eventuais buracos e espinhos que surgiam pelo caminho.  Passamos por algumas árvores caídas e trechos de bambus entrelaçados no caminho obrigando todos nós a passar por baixo, engatinhando praticamente. Alexandre e Thiago foram primeiro. Fui em seguida um pouco apreensivo e atento. A folhagem seca no solo escondia o rastro da trilha e poderia esconder algum animal peçonhento também.  Não seria nada legal levar uma picada de cobra, aranha ou escorpião ali. Rapidamente a mata começou a diminuir e vimos um trecho com pedras e bromélias. Comentei com meus amigos que o cume estava próximo.
Bromélia.

Continuamos a subir sempre atentos e admirando a paisagem. Sentei na pedra e fiz um registro dos rapazes que vinham logo atrás.
Alexandre e Thiago na subida da laje no Cone 1.

Logo que subiram as lajes, prosseguimos e vimos o cume bem a frente. Comemoramos a chegada com apertos de mãos e sorriso no rosto. Apesar do calor, o visual estava muito bonito. O cume não era muito amplo mas dava para ficar confortável. Sentamos um ao lado do outro e apreciamos a visão incrível da Pedra do Cone tão perto de nós.

Thiago e Alexandre no cume do Cone 1.

Outra montanha que chamava bastante atenção era o Cone 2. Alexandre estava na pilha de ir lá. Thiago e eu gostamos da ideia mas decidimos não ir por conta do horário e também do calor. 

Cone 2 e Mamute a partir do Cone 1.

Um pouco mais distante dali, nas Serras do Cantagalo e Taquaril ás montanhas também chamavam a atenção. Fiz alguns registros antes de lanchar outra vez para recompor ás forças.
Apesar da beleza do Cone 2, também avistamos os paredões do Mamute, montanha da faixa dos 2.000 m de altitude. Ela se destacava facilmente pra nós. 
Serra do Cantagalo.

Consegui colocar o Santann'a, Boa Vista, Cantagalo, Triunfo e Carneiro no registro.
Ao fundo, a esquerda também aparecia o Taquaril. Resolvi fazer um registro para pegar ás montanhas da região do Brejal.
Serra do Taquaril.

Consegui pegar a Serra do Taquaril e suas montanhas depois de achar um ângulo favorável.
Apesar das Serra do Cantagalo e do Taquaril chamarem bastante atenção, também vimos parte das montanhas da Serra das Araras.
Serra das Araras, Conjunto do Retiro e Morro do Pavão.

Apesar de ter a intenção de registar somente algumas montanhas da Serra das Araras, acabei capturando a Pedra de Nogueira(Morro do Pavão),  o Conjunto do Retiro e uma pequena parte da Serra do Couto. 

Após registrar voltei para papear no cume com o Alexandre e Thiago. Eles comentavam sobre uns ''causos engraçados'' da região que moram. Eu ria bastante. Ficamos no cume por quase 2h antes de partir. Thiago achou até um protetor solar que mais tarde soube pertencer ao Adriano Fiorini- Montanhista do CEP-Centro Excursionista Petropolitano. Alexandre ficou perambulando pelo cume procurando por ângulos diferentes e uma luz melhor para fazer suas fotos. Eu tirei uma soneca na sombra dos arbustos. Thiago fez o mesmo.
Serra dos Órgãos.

Antes de guardar a câmera Alexandre conseguiu um belo registro. Arrumamos nossas mochilas para iniciar o caminho de volta. Ainda deu tempo para um registro com todos juntos.


Registro de cume.

Hora de voltar.

Muito satisfeitos e renovados por conta da trilha e do visual interessante que vimos, caminhamos tranquilamente descendo a montanha. Passamos pelas pedra com bromélias até chegar no trecho dos bambus. Foi um pouco depois deste trecho que Thiago me perguntou onde estava a minha boina. Coloquei as mãos na cabeça e vi que não era brincadeira, eu a perdi em algum momento e nem me dei conta. Avisei a eles que ia voltar e não perdi tempo. Eles concordaram e ficaram me esperando. Voltei com os olhos bem atentos para achar meu chapéu. Cheguei até as pedras que antecedem o cume e voltei perto da área dos bambus. Novamente voltei pois lembrei que esqueci de olhar o cume. Era a minha última esperança. Voltei praticamente correndo e lá estava ela, encostada nos arbustos onde eu estava. Voltei todo feliz e guardei ela na mochila até sair daquele trecho. Me reuni com os rapazes e seguimos para o Morro do Calembe. Chegamos bem rápido até lá. Fizemos algumas paradas por conta do calorão e o Alexandre aproveitava para fazer suas fotos como sempre.

Thiago e eu no Morro do Calembe.

Rapidamente achamos o rastro e descemos do Morro do Calembe passando pelas lajes e totens até entrar na mata. Logo chegamos ao pequeno vale entre os Morros do Calembe e Águas lindas. Todo mundo achou um lugar para descansar a sombra. O calor era de matar definitivamente. Novamente hidratados voltamos a encarar a subida e logo sentimos o cheiro podre inundar o nariz. E desta vez vimos o que estava apodrecendo ali. Era uma vaca de grande porte em meio a vegetação. Seguimos para o morro vegetativo do Águas Lindas e alcançamos o pasto em seguida.

Pasto.

Novamente colocamos os pés na estradinha de terra e seguimos para o ponto final. Compramos uma Coca-Cola bem gelada para refrescar um pouco. Enquanto o ônibus não chegava, batemos papo com alguns moradores e por acaso encontramos o dono da vaca morta. Ele nos disse que uma cobra Jararacuçu-dourado picou o animal. Nos disse ainda que a vaca estava há um dia de completar duas semanas lá em cima. O simpático senhor papeou conosco por aproximadamente 30 minutos. Contou muitas histórias sobre aquela região e chegou a mencionar aparição de onças-pardas na região. O transporte chegou e ele despediu-se. Voltamos papeando no ônibus até nos despedirmos no terminal. Não deixei de notar alguns olhares curiosos para nós ali na plataforma. Tinha barro na calça, arranhões pelo corpo, sangue na calça e facões na mochila. Mas apesar de tudo isso, todos felizes e com aquele sorriso no rosto depois de um dia muito bom pelas montanhas.